quarta-feira, setembro 30, 2009

Andar de eléctrico a estas horas dá nestas coisas. Vinha a pensar que o nevoeiro na cidade à noite até tem a sua beleza... Em pouquíssimo tempo a cidade encheu-se de fumo e certos sítios estão como que fantasmagóricos, deve ser das luzes.

As cores

Gosto de pintura e gosto de desenhar mas tenho um grande problema: a cor. Não sou eu que o digo mas quem, supostamente, percebe do assunto. Reconheço que é verdade e sinto-o como uma (pequena) limitação porque apesar de saber apreciá-la não sei trabalhar com ela.
A preto e branco, tudo bem. Com um tom e seus dégradés, tudo bem. Mais do que uma cor e é o nó total. É um suplício pô-las lado a lado, decidir onde uma acaba e começa a outra, quais juntar, a minha mão pára completamente e começo a bufar. Na aulas, no ano passado, era assim e isso divertia imenso o professor, a mim é que não... É claro que isto acontece com mais visibilidade no papel e na tela mas na vida de todos os dias esse travão invisível também existe.
Tenho dificuldade em usar certas cores. Dizer "certas" é mesmo menorizar o que de facto acontece pois a maior parte daquilo a que se chama cor está riscado do meu mapa. Vermelho, amarelo, verde, violeta, laranja, não sei o que isso é. Preto, branco, azul (não é cor...), tons poudrés e cinzentos coloridos, é este o meu mundo e gosto do resultado. Enfadonho? Sem imaginação? Acho que não. Confortável. Básico. Seguro. Clássico (?). Pois, é isso, sou limitada...
Não as usar não quer dizer que não as reconheça, distinga e catalogue. Isso sei fazer e bem, digo eu. É a tal capacidade que as mulheres têm de diferenciar e caracterizar dois tons próximos numa paleta e que tanta confusão faz à maior parte dos homens.
Esta conversa porquê afinal? Porque passei ontem mais de uma hora com um livro que haveria de fazer as delícias de muito menino. Descrevia tudo quanto era cor e nuance, e atribuía-lhe um nome como-deve-ser tipo vermelho coquelicot em vez lhe chamar muito simplesmente e secamente "encarnado-extremamente-brilhante-sarapintado-de-laranja".
Lindo.

I.

terça-feira, setembro 29, 2009

Os cheiros

Ontem à noite, se tivesse os olhos fechados à saída do autocarro, podia jurar que estava de volta à cidade que foi minha durante cinco anos. Na Rua Tenente Valadim a chegar à Praça na esquina de quem desce para a Sá da Bandeira. O cheiro é igual, amarelo, enjoativo mas nunca o tinha sentido ali. Pelos vistos, há, à minha porta, um arbusto de flores irmão do que estava atrás daquele muro e nunca tinha reparado. Caso para perguntar onde tenho andado com o nariz...
Setembro e Outubro sempre foram os meus meses preferidos por serem os do regresso às aulas. Estarmos agora a meio destes dois e o cheiro de ontem fizeram-me lembrar que há 10 anos atrás começava o primeiro dia da minha última etapa como estudante. Já há 10 anos... Lembro-me como se fosse hoje, o que fiz, onde fui, quem conheci, onde almoçei, até o que levava vestido. A vontade de estar ali era tanta que até doía e apesar do que tive que ouvir por ter escolhido o que escolhi não mudaria nada. Como tudo, isso acabou e hoje estou aqui a fazer pela vida...
Os cheiros são assim, levam-me de volta a sítios. Aquelas flores levam-me até Coimbra tal como o cheiro da terra vermelha molhada me transporta ao parque infantil onde costumava brincar com o meu irmão.

I.

O início

Começa este onde o outro acabou. O que farei com este blog? Ora bem, com o velho nada, fica no passado que é onde merece estar. Em vez disso começo um novo.
Quando este tiver um fim volto a fazer a mesma pergunta que Camões fez acerca da sua obra-prima e que o Saramago retomou séculos depois: o que farei com isto? Na altura se verá... Não que isto seja uma obra, quanto mais uma prima ou uma obra-prima. É o que me apetece. É o que me faz falta. É pessoal.
I.

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