sexta-feira, outubro 30, 2009

Não sou uma gaja

No seguimento deste post, venho a descobrir o que eu já sabia há um tempo, não sou uma gaja, pelo menos não como algumas (devo ser uma gaja com i, uma gaija portanto). Seja.
Gosto de coisas bonitas, de saber que existem, de as ver e quando posso de as ter. Se conseguisse descobrir onde se arranjam sementes de árvores das patacas teria mais mas não me sinto infeliz por isso. E isto vale para livros e revistas, peças de arte, cadeiras e candeeiros (sim...mas nunca comprei), trapos e afins. Tudo o que seja bonito, original, criativo, sabendo que bonito é imensamente subjectivo e que original pode ser estranho.
Bem, até aqui nada de novo, gaja que é gaja gosta de coisas bonitas, certo? Se calhar, não sei. Há gajos que também gostam, que sabem apreciar coisas de valor e não estou a falar (apenas) de valor monetário mas de estética, de beleza, de interesse. Gaja que não é gaja gosta disto tudo e ainda de mais alguma coisa mas não precisa de o gritar aos quatro ventos para se valorizar; gosta e pronto, aprecia quando tem acesso, tem se pode, usa se lhe apetecer e ninguém precisa de o saber. Gaja que não é gaja não se sente melhor por, nem precisa de transportar kilos de padrões característicos da marca A ou B, ou de arrastar logotipos maiores que as próprias peças que usa; à gaja que não é gaja acho que lhe chega sentir-se bem com o que sabe que tem e que é. Depois isso nota-se.
Ser Maria-vai-com-as-outras é moda hoje em dia, bajular quem se acha que é alguém e se acha o máximo também, gostar de isto ou aquilo porque apareceu ali ou foi publicitado além então nem se fala. Ser-se individual e coerente consigo mesmo é que é difícil, ter gostos próprios (bons se possível) é que é difícil. Há vida para além da Victoria's Secrets, da Cosmo e do Sexo e a Cidade, é só abrir os olhos e o espírito.
Não sou ninguém para estar a dizer isto mas é o que eu acho.

Tudo porque se falou disto:
A mala Paul&Joe Sister
A agenda Taschen (isto é um pecado não conhecer...).


I.

Dúvida existencial

Rio-me que nem uma perdida a ver a série "The Big-Bang Theory". Isso faz de mim o quê? Nerd, Geek, ambos (já agora qual é a diferença)?

I.

Os sonhos

Esta noite em vez de dormir fui ao cinema ver um filme de terror e non-sense, que grande novidade na minha vida, há quase dois anos que ando a dormir mal como tudo e de ter os sonhos mais esquisitos à face da terra. Já o disse, o Freud e eu seríamos grandes amigos.
Desta vez a vítima foi a minha prima, aquela que vai casar no sábado. Dávamos-nos bem em crianças, não percebo como é que chegámos a este estado. Se fosse só comigo acho que começava a ter complexos mas também é assim com o resto da cambada de primos que somos, 10 no total, já ninguém aguenta aquele blablabla nem aquela atitude de pseudo-tia.
Assim resumindo, tivemos um acidente de comboio ali em Santos e não sei como a miúda foi parar ao meio da linha, tenho a sensação que nos dirigíamos lá acima a casa, na linha de Cascais dificilmente nos safávamos para lá chegar mas adiante. Bem, chega INEM e família, começa a chover e a rapariga estendida na linha. Declaram o óbito e levam-na num trenó pelos ares, tipo Pai Natal. E acordei.
Para quem já sonhou que ia com um colega de trabalho num teleférico ao longo dos Arcos do Jardim em Coimbra, que o tipo caiu da cabine abaixo e morreu, que caí em cima dele sem me poder mexer mas consciente e acordei aos gritos quando no sonho uma pessoa se aproximou para ajudar, isto não é nada. Dessa vez não voltei a dormir mas esta noite fechei os olhos e acordei com o despertador, uma vitória ou a loucura total, não sei.

I.

quinta-feira, outubro 29, 2009

As fotografias

Gosto de re-fazer as coisas (vou pôr os hífens porque me apetece). Re-ler livros e revistas, re-visitar lugares e sobretudo re-ver fotografias.
Não percebo nada de como tirar uma boa fotografia, gostava de saber mas não me mói a cabeça, se as tiro são para mim, para me lembrar do que fiz, onde estive, com quem (às vezes) e para poder lá voltar quando me apetecer, não para ser a próxima Leibovitz deste mundo, então agora é que não quero mesmo.
Para nos calar, a mim e ao meu irmão, a minha mãe costumava dar-nos umas bolsas cheias de fotografias nossas que víamos e re-víamos (lá está...) à exaustão. Estão gastíssimas mas ainda existem e já me dei ao trabalho de as digitalizar para não se perderem. Também andam por lá fotografias da juventude dos meus pais, dos tempos da tropa no Ultramar, da vida do meu padrinho em África, quando ele caçava chitas e crocodilos, ninguém é perfeito mas tirando isto ele era quase. Têm formatos fora do comum para os dias de hoje, não são aquelas típicas 10x15, algumas são quadradas pequenas, polaróides quadradas, polaróides rectangulares, há um pouco de tudo mas todas têm em comum terem os cantos dobrados e as cores já desmaiadas, nada que o bendito photoshop ou coisa que o valha e muita paciência não resolvam (um dia, ou não...). A propósito, lembro-me de uma valente palmada que levei do meu pai porque gastei, com a ajuda preciosa do meu irmão (a pedra constante no meu sapato), toda a carga de papel da máquina Polaroid com fotos das paredes e das janelas; essa máquina ainda existe mas não sei se funciona, está lá perdida no sótão, há muito tempo que não a vejo nem faço ideia onde é que hoje em dia se pode comprar papel para aquilo, era miúda para procurar um dia. Há uns anos descobri as Lomo, há várias e acho-as o cúmulo da criatividade, mas nunca comprei nenhuma, não sei porquê. Uma amiga minha tem uma e aquilo dá fotos extremamente originais. Eu só tenho uma maquineta comum, digital como toda a gente deve ter por aí, nem muito boa nem muito má, serve para o que quero, vai no bolso, na carteira, na mochila até já a meti num tupperware para não apanhar banhos.
Isto do digital foi uma revolução, permite milhentas coisas mas deitou por terra muita da piada que eu achava à fotografia. Já não se espera pela revelação e até se apagam as que ficam tremidas quando toda a gente sabe que os erros é que são bonitos... Cada vez menos passo os momentos que guardo para o papel, fica tudo no raio do computador, aquela coisa física de agarrar nas fotos está-se a perder e é uma pena. De qualquer maneira só as velhas é que têm piada e estas só o vão ser daqui a muitos anos.

I.

quarta-feira, outubro 28, 2009

En vrac, porque tem que sair cá pra fora

Chefinho, se soubesses o quão produtiva tenho sido, despedias-me. Mas não, acabas de me dizer que ficas contente de ver que continuo entusiasmada com tudo aquilo em que me meto, sou muito boa a fingir eu, isso ou andas completamente a leste. Então sacas o coelho de sempre da cartola ou atiras com a lebre mecânica para a frente, como queiras, assim para ver se eu corro como aqueles cães escanzelados, e perguntas-me qual a minha disponibilidade para voltar a ir para fora. Já estou um bocado farta desta conversa, já só me soa a cenoura atada a um fio e eu não sou nenhum cavalo, ou burro. Ando cansada de correr, se calhar é porque estou a perder o gosto, mais um, perdem-se uns, ganham-se outros, a vida é assim, que chavão mais foleiro (quem é que ainda diz foleiro hoje em dia). A culpa é tua também, porque é que não pões as cartas todas na mesa e me perguntas se quero ou não jogar com as tuas regras? Só assim sei com o que conto. é que parece que não mas tenho vida e até nem é muito má, vá, podia ser pior mesmo se há dias em que acho que é uma grande trampa.
Nunca pensei que fosse ser isto que sou, profissionalmente digo, sempre achei que ia fazer outra coisa qualquer, as possibilidades eram (são?) tantas afinal mas parece que bem razão tinham os que me perguntavam para que é que isto dava. Não tinham nada razão, não me posso queixar que isto até dá para muita coisa, eu é que me acomodei a este sítio e a esta área de que não gosto assim tanto e chego agora à conclusão que não vale a pena fazer uma coisa de que só se gosta mais ou menos. No início gostava mais, pelo meio tenho vindo a gostar menos por isso acho que agora só gosto mais ou menos e isso, claramente, já não chega ou então sou eu que sou uma eterna insatisfeita com o que tenho e com o que faço e tenho mas é que relativizar as coisas e ser mais indulgente em relação a mim própria. Quando acho que não estou a ser produtiva se calhar sou tão produtiva quanto os outros, eu é que tenho a mania de dar 430%, sem falsas modéstias, tanto que até chego a sonhar com a treta do trabalho e a resolver alguns problemas durante a noite, por acaso gostava de saber o que o Freud pensa sobre isto, pena não termos sido contemporâneos. Tenho que me deixar disso, aliás tenho-me vindo a deixar disso e por isso acho que não ando a fazer nenhum quando se calhar faço o normal. Faz-me lembrar a M. que passa(va) a vida a dizer que é uma fraude, que não sabe nada, quando hoje está prestes a ir para um centro privilegiado de investigação que não vou dizer qual é mas que é um grande círculo que atravessa a França e a Suíça. Sim, sei que me lês ó miúda, e és tão fraude quanto eu, ou seja, não és nada. É que os verdadeiros medíocres nunca se acham maus.

I.

Galinha de capoeira

8 da manhã, chego ao sítio onde trabalho e o chefe já cá está. Hoje caíu da cama... Vá, estou a ser mázinha, ele chega sempre cedo, vai deixar a filha ao colégio todos os dias. E até é das pessoas que eu classifico como "1", impecável. Adiante...
Mal me sento, chama-me. Que quer trocar umas palavrinhas comigo acerca da luta unilateral de capoeira que uma certa pessoa iniciou "comigo" aqui dentro. Esta história vem de há uns meses atrás quando uma certa galinhola mudou radicalmente de comportamento comigo porque, um belo dia, acordou com os pés de fora. É uma pessoa extremamente profissional que consegue separar muito bem a dor de cotovelo que sente (ainda não entendi de quê) e o trabalho. Mas adiante...
Diz-me então o chefe que tem vindo a perceber os motivos desta triste história e que são os mesmos que movem mulheres desde o início dos tempos: ciumeiras. Mas ciumeira de quê? Eu faço-lhe sombra por acaso? Ela não tem vida para ter que vir meter-se na minha? Agora que estou a levantar a cabeça de novo sou um problema para ela. Bem, adiante...
Que ela não está a passar uma fase fácil e que é melhor ignorar. Acho imensa piada a isto, a sério que acho. A fulana sente-se picada com alguma coisa, faz tudo para me fazer a vida negra e agora que a menina tem um problema qualquer ainda sou eu que tenho que pôr água na fervura. Estou destinada ao papel de conciliadora, qualquer dia subo aos altares.
Apetece-me dizer uma grande asneira. Haja paciência...

I.

terça-feira, outubro 27, 2009

Obrigadinha

Sinto-me obrigada a agradecer ao Sr. Silva, o nosso estimado PR, por ter vindo a público esclarecer a plebe que vai fazer a obrigação dele. Sim, que o que mais faltava a este país era que o Presidente se juntasse às birras da tristeza da oposição.
Não estou a defender o Sócrates, estou só a dizer que já chega de guerrinhas da treta entre os que, supostamente, mandam e desmandam. Quando a oposição fizer um trabalho digno de se chamar Oposição, podem cair em cima do governo à vontade e criticar o que bem entenderem. Agora estar do contra só porque não querem brincar com o outro bando é que já enjoa. E uma coisa que penso que não precisamos mesmo é que o PR se junte à festa. Mas ele é muito correcto e veio descansar-nos...

I.

segunda-feira, outubro 26, 2009

Queres a boa ou a má primeiro?

A boa notícia é que o pai da noiva saíu dos CI. Logo, a má notícia é que sempre vamos ter casamento no sábado, ou melhor, sempre vou ter que ir ao casamento no sábado, é diferente. Outra questão é como é que ele a vai levar ao altar.
Casar no dia das bruxas não é para toda a gente... Vai ser uma dupla comemoração.

I.

domingo, outubro 25, 2009

E ontem foi assim

Foi um dia esplêndido, correu lindamente, recomendo vivamente o passeio! Há sítios em Portugal onde a água tem a mesma cor que nas Caraíbas, uma beleza! O mar é tão transparente que se vê o fundo, peixes, até uma medusazita passou por nós. Dormi que nem um bébé na praia ao som da rebentação, à sombra da falésia, enquanto o bando se deliciava com o mar e com um jogo de bola.
Antes de irmos para casa ainda fomos ver o pôr do sol ao Cabo Espichel e acabámos a noite a empurrar o carro do R. nas Amoreiras porque se lhe acabou a gasolina...
Não podia ter sido melhor... Quer dizer, poder, podia...

I.
Isto não é Sesimbra, são as Caraíbas...




Moi, lá ao fundo de preto :)

O sol já posto no cabo Espichel

sexta-feira, outubro 23, 2009

Alguém quer vir?

Amanhã vou para a Arrábida. Fazer aquilo ali em baixo, outra vez, mas desta vez no mar. Parece que lhe tomei o gosto...
Se alguém quiser vir, apite.

Neura

Estou com uma neura descomunal e não sei porquê. Das duas uma, ou fico em casa o fim de semana todo ou só lá passo o mínimo indispensável, tipo o tempo de dormir.
Fazem falta a treta (para não dizer outra coisa) dos dedos a enrolar o cabelo. Aliás quem as vai pagar às tantas é o cabelo.
Apetecia-me escrever outras coisas, estou no blog errado.

quinta-feira, outubro 22, 2009

"Conhecer implica normalmente uma desilusão."

Desta Grande Entrevista ficou-me esta frase. Também tenho esta ideia mas gostava muito que fosse diferente tanto no que diz respeito aos outros como a mim.
Como é que eu não consigo ler os livros deste homem se estou a adorar ouvi-lo falar? A componente humana que a Judite de Sousa fez sobresair agradou-me e muito. Aprendeu com a guerra, com a doença, diz que é senhor dos seus humores, que só se dá com quem quer, que hoje diz facilmente às pessoas que gosta delas mas também que não gosta; a experiência é mesmo mestra...

Ando a ecrever demais.

I.

Keep calm and carry on

É uns a falar em viagens e fazer-me pensar, é ter uma viagem aí à porta, é eu a pensar seriamente comprar uma casa (enforcar-me portanto), é às vezes achar que afinal é melhor ir embora outra vez, já não sei... Juntar a isto andar a dormir pouco e sonhos malucos, a família em rebuliço por causa de um casamento quando o pai da noiva está nos CI, mexer bem e temos uma cabeça em água.

Vou dar uma volta à FNAC...

I.

Todos os nomes...

Não sou grande fã do meu nome mas tenho que o aguentar, acho que se mudasse não seria para melhor. Sempre deu aso a que se inventassem muitos diminutivos, depois cada um usa o seu, era a minha avó, é o meu pai, alguns amigos e eu que me entenda. Depois rima com coisas estranhas, o que eu sofri quando era garota...
Segundo sei houve discussão aquando da escolha. A alternativa também começava por I mas, pelo menos, sempre era mais difícil de deturpar. Ainda tentaram juntar os dois mas aquilo soava mal e como só me queriam dar um nome lá tiveram que desenpatar. Ganhou a minha mãe, que se o próximo fosse menina que então seria I. E o meu pai foi na conversa. Já ouvi esta história quinhentas vezes... Para o mal dos pecados do meu pai, o "próximo" foi menino e lá lhe arranjaram um nome que rima com o meu, não sei se fizeram de propósito, mas coitados de nós que passámos a ter que ouvir que era tão giro os nossos nomes rimarem.
Tem origem grega mas deriva do Hebraico אֱלִישֶׁבַע, língua em que significa "a casta", não comento... A Porto Editora diz que tanto é um adjectivo, um substantivo masculino ou feminino. Que significa respectivamente "de cor amarelo-esbranquiçada", "cavalo com pêlo desta cor" ou "variedade de videira americana cultivada em Portugal". Andei quase 30 anos enganada. Sempre me venderam que tinha nome de rainha... Que desilusão.

I.

quarta-feira, outubro 21, 2009

Como mudei de ideias em 5s

Não me apetece nada ir àquele casamento mas agora até faço o pino 10 vezes se a (besta quadrada da) minha prima sempre se casar e eu fôr.
Pelas simples razão que haver casamento naquele dia quer dizer que não houve funeral entretanto... Faço figas, ponho velas, tudo o que fôr preciso.
I.

terça-feira, outubro 20, 2009

Lá estás tu…

Neste país (eu vivo neste, quero lá saber dos outros), quer-se-me parecer que uma grande parte da população é daltónica. E analfabeta funcional. Ah, e também profundamente umbiguista (passa a existir esta palavra).
Este daltonismo é especial de corrida, não é aquele que geneticamente só se manifesta nos homens. Este ataca homens e mulheres. As crianças normalmente não nascem assim mas à medida que crescem também são afectadas porque se sobrepõe aos ensinamentos de que são alvo nas escolas. É uma doença muito triste… Parece que só incapacita as pessoas de distinguir o verde e o vermelho o que é um problema na sociedade de hoje em dia. Tudo o que implica o uso destas duas cores fica seriamente comprometido, por exemplo os semáforos, alguns sinais de trânsito, as bandeiras da praia, por aí fora… Uma coisa engraçada é que os pobres coitados que têm o azar de discernir estas cores é que são vistos como totós pelos outros. Senão vejamos o que é que uma pessoa pensa quando vê que um tipo não atravessa a passadeira e que não vem lá carro nenhum? É um palerma. Sou uma pessoa cheia de pressa, eu. Tenho lá que estar a olhar para cores; se fôr atropelado por um carro ou uma bicicleta (como eu...) a culpa não é minha!
Em relação ao analfabetismo funcional não estou a falar de nada de novo. A maior parte é e está tudo dito. Torna, entre outros, as pessoas incapazes de entender o significado de expressões básicas. “Fila única”, “Espere pela sua vez”, “Silêncio”, “Não fumadores”, “Passeio pedonal”, podia estar aqui eternamente. “Fila única” e “Silêncio” então deviam ser considerados case study. É que nem com bonecos a coisa vai lá… É só pensar nas salas de espera transformadas em feiras da ladra. Para quem está (mesmo) doente é do melhor.
O umbiguismo creio que já é mais um produto de (falta de) educação ou da tendência que temos para a imitação de tudo o que não deve ser imitado, não sei. Eu primeiro, em segundo Eu, depois Eu e a seguir logo se vê. Facilitar a vida a alguém? Para quê se eu estou bem? Desvio-me dezenas de vezes por dia do passeio para a estrada porque há chicos-espertos que se esquecem que aquilo é para os peões. O metro é dos melhores sítios para observar este fenómeno. Hora de ponta: tudo para as escadas rolantes. Fico na direita se quero ir na sorna e uso a esquerda se quero ir a andar, lógico para toda a gente? Ainda não… Nunca, mas nunca, peçam licença para passar, é altamente ofensivo para o idiota que está a bloquear o caminho. Eu desculpo se fôr um(a) velhinho(a) de bengala mas já estive em países em que nem esses escapam à convenção. Outro: mal a carruagem pára, as pessoas que querem entrar atropelam os que querem sair. Primeiro eu, primeiro eu, que isto vai embora sem mim! Mais: chega-se a uma estação movimentada, tudo se dirige para as escadas para sair. E os que querem descer para apanhar o transporte? Ou saltam por cima tipo concerto de banda rock ou esperam pelo próximo porque uma corridinha é completamente impossível devido à manada de mamutes que vem a subir. Ou se sobe ou se desce, dois sentidos é gestão a mais para esta gente. Desde que eu saia, os outros que esperem!

Pois, tem que começar por algum lado, que tal por nós próprios? Certas coisas aprendi às minhas custas (nem vou dizer como…).

domingo, outubro 18, 2009

O encanto deste sítio

Conheço esta cara há 10 anos, mais coisa menos coisa. Ele já viu milhares de caras parecidas com a minha e no entanto lembra-se. Quando lhe pedi um café disse-me: Ó menina, por aqui?! É verdade, hoje calhou... E é assim, estou aqui sentada a tomar um café, como antes. Não, melhor que antes. Mais logo, vamos todos jantar, como antes.
Fui até ao pé das Monumentais, só mesmo para ver se as bolas do D. Dinis ainda estão lá no cimo. Confere. Também só vim ao Cartola para ver se cá encontrava o mesmo empregado. Confere.

Isto tem tanto encanto na despedida como quando se cá volta...

Esplanada do Cartola...

Escadas Monumentais

Parque Verde do Mondego
I.

sexta-feira, outubro 16, 2009

As viagens

As viagens já não me fazem nada. São só tempo para pensar, dormir, olhar e ouvir. Tempo em que não falo, em que (já) não choro, em que não leio, em que não posso mesmo fazer mais nada a não ser estar aqui sentada comigo. Tempo que me separa de duas casas, a minha e a minha. Espaço que separa o mar e a serra e que me diz muito pouco mas que tenho que percorrer de vez em quando.
Aprendi que tanto o espaço como o tempo são relativos, que a mesma viagem demora anos ou minutos dependendo do observador. Se fizer um esforço consigo-me lembrar da expressão matemática mas agora não preciso de números nem de letras para perceber o que ele queria dizer. Já sei. Já o senti na pele.
Não é preciso ser-se génio para perceber a relatividade, o autor tinha razão.
I.

Solidão

Cortaram a energia e a água mas a renda era paga.
Ninguém achou estranho o correio a amontoar-se na caixa.
Ninguém fez caso do cheiro que vinha do apartamento há tanto tempo.
"Aqui é cada um por si..."
Solidão é estar sentado no cadeirão da sala, morto, durante dois anos e ninguém dar pela nossa falta. É ter filhos indignados com os vizinhos porque não deram conta de nada quando eles próprios não quiseram saber.

Isto não é ser-se gente, é ser-se bicho, sem desrespeito pelos animais claro.

quinta-feira, outubro 15, 2009

Não percebo I

Lembro-me quando aqui há um ano me diziam "Mas tens um emprego bom, gostas do que fazes" e eu respondia "Quero lá saber do emprego!". Estava louca. Na pior fase da lobotomia a que me sujeitei em tempos... Pois agora até quero saber. Sim, tenho um emprego; sim, até gosto do que faço; sim, até sou mais ou menos reconhecida; sim, isto afinal até é importante.
É importante mas quão importante? O meu emprego não é a minha vida, pelo menos, gosto de pensar que não é, ou melhor, não quero que seja. Dependo dele até certo ponto mas se estiver a infernizar a minha existência quanto é que ele vale?
É assustador o que se passou na France Telecom. A-ssus-ta-dor. Perto de 25 trabalhadores suicidaram-se nos últimos tempos por causa da pressão a que se sentiam sujeitos devido a mudanças na empresa. Desconheço a razão homem/mulher mas nestas coisas diz-se que as mulheres tentam e os homens concretizam... Alguns fizeram-no em frente a colegas, em reuniões, nos gabinetes e deixaram cartas onde ligavam o acto ao ambiente no trabalho. Acredito que estas pessoas tivessem obrigações a cumprir, famílias a cargo (que ficaram melhor agora concerteza), eu sei lá. Mas matarem-se? E tantos? Parece quase contagioso. Parecem guiados pelo flautista de Hamelin em direcção ao precipício... As telecomunicações estão pela hora da morte (acreditem, eu sei), a concorrência no ramo é um monstro, diminuir o OPEX (do qual pelos vistos os colaboradores também já fazem parte) anda na boca de todas as empresas mas alto lá.
E se isto acontecesse cá, na homóloga PT por exemplo? Isto foi em França e fez o barulho que fez através da Europa, imagino o alarido se esta bela história estivesse a acontecer em Portugal... Chegaríamos também aos 25 suicídios até que os manda-chuva da empresa fossem chamados a dar explicações e a reconhecer que se passa alguma coisa? Se calhar sim. E parece que já estou a ouvir as exclamações... Opressores! Onde está o respeito pelos trabalhadores? São uns vendidos às leis do mercado!

Não percebo... Infelizmente, digo isto imensas vezes. Quer dizer, sou capaz de perceber o sentimento de desespero mas não a motivação. Não percebo mas sei uma coisa: morrer por isto não vale a pena, pode ser simples mas não resolve nada. Aliás, poucas coisas haverá pelas quais valha a pena dar a vida.
Já estou a ouvir... "Ahhh, se fosse contigo..."

I.

Estou de maré...

Tenho que ir ao médico ver se estou com problemas de audição. É que parece não passar uma semana que não vá parar ao chão pelo menos duas vezes, cá para mim tenho o equilíbrio afectado e como, como toda a gente sabe, o equilíbrio está directamente ligado à audição, só pode ser este o problema.
Não tendo pressa nenhuma de ir para casa, decidi ir de novo a pé do Campo Pequeno à Baixa. Ao passar pelo Saldanha ajudei uma senhora que se tinha estatelado no passeio, fiquei profundamente feliz comigo própria e lá vim andando. Ali pelos lados de Picoas, depois de atravessar uma passadeira, dei por mim a tropeçar não sei onde, a bater com o joelho e a mão no chão e a apreciar a cena em câmara lenta a ver se ficava por ali. O conteúdo da carteira decidiu espalhar-se só para chatear mais um bocadinho. Pois alguém me veio ajudar? Não. Uma tipa de 20 e tal anos do alto das suas andas, com o joelho rasgado e a palma da mão magoada lá precisa de ajuda para se levantar? Ainda se fosse uma velhinha de 80...
Não soltei um piu, apanhei a tralha, levantei-me, sacudi o vestido e continuei como se nada fosse. Ainda pensei meter-me no metro mas, como as probabilidades de isto voltar a acontecer no mesmo dia já se tinham reduzido significativamente, continuei a pé a pensar no que tinha acontecido.
Quando cheguei ao Marquês achei que andava a tentar demasiado a minha (pouca) sorte e fui mesmo de metro...

Nunca mais ajudo ninguém a levantar-se do chão. (Ajudo, ajudo...)

I.

Pano para mangas...

Reais todas somos, o ideal varia e geralmente é utópico. Os padrões podem mudar ao longo dos tempos mas a imagem de corpo saudável parece-me unânime e não é concerteza um monte de ossos salientes com pele em cima. Que ninguém se iluda... A indústria da moda vai ter que dar o braçinho um dia destes, uma mulher (atenção: mulher, não criança de 15 anos) que veste o 32 é... nem sei...
Mais uma vez, quem sou eu para falar...

Balzaquianas ou magricelas?

I.

quarta-feira, outubro 14, 2009

São eles e os mentirosos em geral.

Lembro-me muito bem da morte deste senhor. Era miúda mas lembro-me do capacete dele na estrada, prova que as crianças assimilam o que vêem na televisão. Na altura não percebia 99% das piadas dele e achava-lhe graça na mesma. Talvez porque a imagem que guardo dele é a de um palhaço de nariz avermelhado...
Difícil ser levado a sério com uma postura como a dele. Ou não...


"Le plus dur pour les hommes politiques, c'est d'avoir la mémoire qu'il faut pour se souvenir de ce qu'il ne faut pas dire."

Coluche

Na fila

Ponho-me na fila para comprar uma salada de fruta com gelatina e iogurte, tenho duas raparigas à minha frente. Só as vejo de costas e um pouco de lado, falam entre si e trauteiam ópera, sim, ópera... Uma delas tem cabelo comprido, encaracolado, veste umas calças de ganga que lhe assentam na perfeição, bota de salto, camisa justa. Tudo no sítio, tudo normal. À frente delas há quem deite olhares, tudo normal.
Elas escolhem, chegam-se para o lado, é a minha vez. Peço e enquanto a senhora me diz quanto é olho para o lado e fico parada. Nem ouvi o que a senhora me disse. A rapariga é gira e agora percebo porque estavam a olhar.
Tem barba.
Não é buço. Nem meia dúzia de pêlos esquecidos no queixo. É a verdadeira barba de 10 dias por todo o lado. A empregada é uma Senhora, não a vi pestanejar nem uma vez.

I.

terça-feira, outubro 13, 2009

Noite branca

O despertador não tocou e no entanto acabo de abrir os olhos. Procuro o telemóvel entre as almofadas, por favor, que sejam pelo menos 4 horas... Quase 4 e meia, menos mal.
Ouço um barulho, parece uma bola de ping-pong metálica a cair, salta 3 vezes, deve ser uma janela mal fechada, está uma ventania linda. Foi isto que me acordou. O barulho repete-se e começa-me a ficar na cabeça, já está, vou-me fixar nisto e já não durmo.
Bom, já que estou acordada... Visitinha à casa de banho, saltinho à janela da cozinha. Olha, o vizinho do prédio da frente está a comer um iogurte. Às 4 e meia da madrugada... Há com cada um.
(Olha, aquela fulana do prédio da frente está a apanhar com vento na cara. Às 4 e meia da madrugada... Há com cada uma.)
Volto para a cama, parece o ninho do cão, 4 almofadas ao calhas, edredon arrancado. A bola de ping-pong continua a cair de vez em quando, não tarda estou a começar às voltas.
Tenho fome. Só me faltava mais esta; não tenho nada fome, tenho é sono! Tenho frio; não, espera, estou a transpirar, tenho calor. A almofada está mas é muito baixa, tenho a cabeça toda afundada, detesto almofadas de penas... Por alma de quem é que comprei uma almofada de penas? Ah, já sei...
Bom, talvez de barriga para baixo, meia de lado. Com a mão debaixo da almofada e a perna esquerda dobrada.

segunda-feira, outubro 12, 2009

E se...

... de repente ficasse desempregada?
Às vezes dá-me para pensar nestas coisas mas confesso que desta vez tive uma ajuda de um programa de televisão. Bem, se isso me acontecer, não fico na mão, tenho o meu fundo de emergência. Os meus pais ensinaram-me umas coisitas e pelos vistos não estavam enganados.
Dizia a financial adviser (financial, não fashion) que, em média, passam 6 a 8 meses até que se volte a encontrar emprego (tanto? bolas…) e que, portanto, deveríamos ser capazes de nos sustentar durante essa temporada. Sustentar não quer dizer viver como até aí mas conseguir aguentar com as despesas fixas e as necessidades básicas. Dizia a senhora que, nesses tempos de vacas magras, o mínimo seria podermos contar com metade do ordenado habitual. As caras dos espectadores eram de morrer…a rir. Foi como se lhes tivessem dito que iam ter que cortar um braço. O conselho era então que se experimentasse viver durante 6 meses com apenas metade dos rendimentos habituais. Fiz umas contas de cabeça, assim por alto, e até é possível mas é impensável sair da linha. Não dá quase nem para um passo em falso, imprevistos então é melhor não… E aguentar 6 meses nisto? O “problema”, dizia ela, é que a maior parte das pessoas vive em função daquilo que ganha. Se são 1000 gastam-se 1000 (ou mais) mas se forem 5000, os 5000 (ou mais) vão à vida. É o terrível hábito chapa-ganha-chapa-gasta de que os meus queridos pais tanto falavam e falam. É verdade que as pessoas têm tendência a ajustar o seu nível de vida aos seus rendimentos actuais, eu também já o fiz (já não dou contas aos meus pais…); o problema é que muito boa gente parece pensar que, ao longo da vida, estes têm sempre tendência a subir. É um must ter uma “vida”, como muitos lhe chamam, o que não falta por aí são (falsos) burgueses a bambolear-se de Q7s e Cayennes (por pagar) para cima e para baixo e que fazem férias (por pagar) nas Maldivas, filhos em colégios xpto com 37 actividades extra-curriculares por semana et j’en passe. E se acontece alguma coisa?! Ah, logo se vê…
Quer-se-me parecer que ainda há dias ouvi vários gestores de escolas privadas a queixarem-se que o número de alunos tem vindo a decrescer (até 30% a menos), que isto assim não pode ser, que são empresas com trabalhadores que poderão ir para o desemprego, que urge criar o “cheque educação” (tipo cheque-dentista…) para que os pais possam manter os seus filhos nestas instituições. Não, não sonhei, ouvi mesmo isto no telejornal. Atenção que não tenho absolutamente nada contra ter um Q7, um Bentley, um condomínio na Quinta Blablabla, não tenho nada contra escolas privadas, viagens, até acho muito bem (a sério). Sei muito bem que, a menos que me saia o Euromilhões ou que viva até aos 113 anos a pão e água debaixo da ponte, muito dificilmente conseguirei pagar uma casa ou coisa que o valha a pronto, viva o crédito para todos! Estou claramente a exagerar com estes exemplos, o problema situar-se-á mais pela classe média que já ninguém sabe qual é.
Cada um vive como quer mas o reverso é que cada um é também responsável pelos seus actos e se irá deitar na cama que fizer. Juro, esta do cheque-educação (mas só para estabelecimentos privados!) foi muito, mas muito, boa. A quem tem vergonha de pedir ajuda (alimentar e outra) é agora garantido anonimato. Estamos falidos, mas se ninguém souber é menos mal. Tenham dó... É isso e comerciantes, ou afins, que ficam sem nada devido a uma catástrofe, não têm seguro e vêm exigir ajuda do estado. Muito bom, vamos todos fazer o mesmo!
Enfim, isto tudo para dizer que para o mês que vem vou experimentar o conceito live on half , vou-me divertir.

I.

domingo, outubro 11, 2009

Esta tarde II

Devia ter ficado a passar a ferro...
O CCB e eu temos uma longa história de tombos, para variar a tradição repetiu-se. Esta mania de revestirem os passeios com calçada já me valeu uma ida ao hospital, hoje felizmente não foi preciso. Quem as pagou, porque há sempre alguém que sofre, foi a sandália que também já foi gentilmente chamada de grilheta, posso-lhe dizer adeus...
De resto tomei o meu remédio contra a dor de cabeça, li um bom bocado, queimei o braço ao sol (e desta vez pûs protector!) e espreitei a exposição da Amália. A minha opinião é que só a parte lá do fundo vale a pena... Pode-se passar a parte inicial a correr que não se perde nada. E tenho que dar o braço a torçer, a Joana Vasconcelos é mesmo qualquer coisa. Pode ter o ego tão grande como ela e não ser a humildade em pessoa mas percebe-se perfeitamente porquê.




I.

Esta tarde

Tenho ali um monte de roupa para passar a ferro a olhar para mim. Vou ignorá-lo... Vou enfiar umas sandálias, um saiote e vou até ao fim da linha despedir-me do mar por este ano. Eu nem sou amante de praia mas este calor não deve durar muito mais.
Qualquer coisa, sabem onde encontrar-me.
I.
Correcção: estou com preguiça, afinal vou só ali ao sítio do costume... Sabem onde encontrar-me na mesma...

sábado, outubro 10, 2009

As pessoas

Os animais deram-me a volta à medida que cresci, conseguiram que mudasse de atitude perante eles, mas raras são as pessoas que o conseguem.
Diz-se que são apenas precisos alguns segundos para causar uma impressão em outra pessoa. Eu vejo isso a acontecer comigo, quem não me cativa à primeira muito dificilmente o conseguirá mais tarde. É como se tivesse uns carimbos internos: vale a pena/não vale, gosto/não gosto; homem, mulher, criança, passa tudo pelo mesmo crivo. A questão não é se a pessoa é linda, bonitinha, feia, inteligente, burra que nem um cepo, simpática; é a marca que o conjunto todo deixa em mim. Sou básica, o código binário chega-me perfeitamente, 0 ou 1, sim ou sopas. Os erros de avaliação são geralmente por excesso, não me lembro de alguma vez ter passado de 0 para 1...
Durante muito tempo pensei que não tinha jeitinho nem paciência nenhuma para as pessoas e que por isso seleccionava de forma tão radical. Era tão transparente na maneira como fazia as coisas que fui muitas vezes repreendida e recriminada por estar a ser gratuitamente desagradável... É que quando gosto nota-se e quando não gosto também se percebe. Hoje reconheço que esta última parte é particularmente má e muito escusada da minha parte, o que ainda não descobri é como hei-de ser diferente sem sentir que estou a ser hipócrita. Falta-me algum tacto.
Por vezes, pergunto-me se sou só eu. E os outros, como são, como fazem? Não se fartam de "levar" com pessoas insuportáveis, que não interessam, que não têm nada a ver com elas só porque não conseguem assumir que é uma perda de tempo estar ali a fazer sala e a exibir um sorriso amarelo? A vida não é demasiado curta para estarmos a perder tempo com pessoas que não interessam quando temos o poder de escolher? Odeio, mas odeio mesmo, fazer fretes.
E será que por vezes também estou do outro lado da barricada, ou seja, que alguém me dá um zero por não me achar digna de interesse? Claro que sim. Isso incomoda-me? Antes sim, agora é capaz de me roubar 5 minutos de sossego... Não é o que eu faço afinal? Como é que se diz? Quem não gosta come menos ou não come? Não se pode agradar a Gregos e a Troianos. É isso...

É mais ou menos tipo isto:



I

sexta-feira, outubro 09, 2009

As rodas

Faz confusão a muita gente que eu não tenha carro. Mais ainda, que não tenha carro porque não quero. A família já se habituou, já pouco falam nisso. Os amigos de há muito tempo também já não se indignam mas se, por acaso, isto chega aos ouvidos de pessoas que me conhecem mal... ai... sou tratada com um ET.
- Mas porquê? Não tens carta? Como é que fazes? E como é que sabes o que apanhar e onde? E se te apetece ir a algum lado?
- Porque não preciso! Tenho, desde os 18. Ando de transportes públicos... Informo-me, ora! Vou, de uma maneira ou de outra, qual é o problema?
Um carro é outra independência, pois é, mas eu não preciso de um. Desde que saio de casa até que chego ao trabalho demoro, no máximo, 30 minutos. Dou a volta a Lisboa e arredores sem problemas de maior, a pé, de autocarro, metro, comboio. Se saio à noite e se fôr preciso há uma coisa chamada táxi. Quando vou de fim de semana há o expresso. São muitos anos, já faz parte...
É claro que não sou tolinha ao ponto de dizer que adoro andar de transportes públicos mas, para já, são-me suficientes. Gosto muito de andar a pé e se pudesse andava de bicicleta mas para o meu percurso é impraticável.
Para mim, um carro é um comodismo como outro qualquer. Sendo comodismo é perfeitamente dispensável, indispensáveis são as necessidades. Lá cederei a outros caprichos em troca...
I.

Nobel II

Perdi o episódio da História no qual o prémio Nobel da paz se transformou num prémio de incentivo...
Parece-me que o homem ainda está a tentar fazer alguma coisa, estão a distingui-lo porquê? Não haja dúvida que acabaram de aumentar a cota do senhor, é certamente mais interessante assassinar o presidente dos EUA agora que vai receber um prémio Nobel da paz. Qualquer dia destrona o Rabin.
Se eu já estava desiludida com o da Física, este acabou comigo. Estou parva.

Justificação (?) do comité aqui.

I.

quinta-feira, outubro 08, 2009

"É a última vez que falo acerca disto."

Precisei de 427 dias para dizer isto convictamente e sei que é para cumprir. Foram horas gastas a tentar perceber, milhentos porquês, rios de lágrimas sentidas, dezenas de noites acordada a pensar mas cheguei lá.
Ontem arrumei finalmente a minha bengala. Não digo para sempre mas, pelo menos, para já.

I.

Morreu



"A good photograph is one that communicate a fact, touches the heart, leaves the viewer a changed person for having seen it. It is, in a word, effective."

Irving Penn

quarta-feira, outubro 07, 2009

Os bichos

Em pequena, tinha um medo terrível de animais. Ficava paralisada quando via um cão de trela a menos de 1km. Mariquinhas pé de salsa ao máximo, mesmo o género de menina que sempre viveu na cidade cujo único animal de estimação imaginável era o peixinho de aquário e por acaso era mesmo. A mortandade por entre os peixes era bastante elevada lá em casa na altura... A maior parte morria de barriga (muito) cheia enquanto outros acabavam, com alguma sorte, felizes e contentes na rede de esgotos da cidade. É incrível, por muito que se dê de comer a um peixe ele nunca está satisfeito! Só pára quando fica a boiar... Mesmo assim são bastante resistentes; lembro-me de um que fez uma viagem connosco de cerca de 1300 km dentro de um frasco enorme. Chegou vivo ao destino mas já não fez a viagem de volta. De resto, a sempiterna vizinha do lado tinha uma yorkshire terrier chamada Zouzou, sempre de laçinho na cabeça, com quem convivíamos de vez em quando. Enfim, o meu universo animal resumia-se basicamente a isto.
A minha mãe tinha pena de nós, de mim e do meu irmão entenda-se. Duas crianças que cresciam sem contacto com a bicharada era uma coisa que lhe custava a aceitar e portanto, de vez em quando, vínhamos do mercado com um saquinho transparente e um peixinho, vermelho, que peixes pretos nunca tive. Já agora, se eles são cor de laranja porque é que se diz peixe vermelho? Ah, tínhamos tudo quanto era livro sobre animais e íamos a tudo quanto era jardim zoológico nas redondezas. Era giro.
Passados uns anos mudámos-nos e passámos praticamente a ter um zoo privado para grande alegria do meu irmão (e para minha também confesso, mas não foi logo)... De repente, do peixinho de aquário fomos subindo de nível para o cão, o gato, a galinha, o coelho, o ganso, o pato, etc, etc, etc. De cavalo para burro? Não. Da cidade para o campo, só. Para mim, foi difícil e ao mesmo tempo foi bom mas isso só percebi bastante tempo depois...
Aprendi às minhas custas que os gansos mordem e que são bichos muito inteligentes e fiéis. Que as galinhas são um bocadinho burras e que os burros não o são nada. Que afinal os patos é que são porquinhos e que as vacas têm mais medo de nós do que nós delas mas como elas são maiores não parece. Os borregos são animais amorosos que tomam por mãe deles qualquer um que lhes dê leite... são fáceis de contentar. Os grilos lá do sítio tinham uma predilecção pelo meu quarto, não sei porquê iam todos morrer à minha mesa de cabeceira ou à minha almofada (o meu irmão era mesmo parvo...). Mais uma coisa, os bichinhos de brasinha no cú só duram uma noite, como toda a gente sabe (menos eu)! O que eu andava a perder... E não estou a ser irónica.
Agora tenho a Lobita, a Chaneca e o Pantera. Em boa verdade, o Pantera é do meu irmão e tem esse nome por causa do Eusébio. Até tem uma coleira vermelha o pobre do bicho... A Chaneca é mãe dele, é a minha gata, e a Lobita, Bibi para os amigos, é a cadela da casa. A Bibi e a Chaneca têm mais de 10 anos (e 10 anos pareço eu ter a escrever assim), qualquer dia vão embora e tenho a certeza que vou chorar mais por elas do que por algumas pessoas. O Pantera é o benjamim da manada, se não se aventurar muito perto da estrada e do carro do meu pai está para durar. Percebem tudo, são melhores do que muitas pessoas, um lugar comum mas é verdade. A gata já esteve dias prostrada à porta do meu quarto... A cadela então, quase fala. O gato é macho e portanto ainda tem tempo para amadurecer, é um puto.
São lindos mas como diz a minha mãe "Pois são, são lindos! Mas EU é que lhes dou de comer!".


I.

PS: Não tenho fotos da Bibi, todos os cães a quem tirei fotos morreram. Tenho um gato preto, longe de mim ser supersticiosa...

terça-feira, outubro 06, 2009

Nobel

Todos os caminhos vão dar à fibra... Fui espreitar na esperança que tivesse ido de novo para a minha querida Espectroscopia mas não.
Desiludida, muito desiludida. Que falta de imaginação estes Suecos.

5 de Outubro

Continua a ser difícil ficar sozinha em casa ao fim de semana. Continua aquela sensação de "o que é que eu estou aqui a fazer?" Por muito que me faça de superior, que me ria de mim, que faça por não pensar, é um sentimento que de vez em quando volta em força.
Depois de passar praticamente o sábado e o domingo todo em casa ontem precisava mesmo de pôr o nariz na rua. Quando a inspiração não é muita vou ao sítio do costume, tomar um café, espreitar as exposições e a papelaria... Nem a ameaça de chuva me fez pensar, fui e fui mesmo. O cheiro a tinta naquele museu era de tombar... Lá andei devagarinho nos corredores, havia miúdos pequenos deitados no chão agarrados a folhas de papel e lápis de cor. Muito caladinhos, de barriga para baixo, olhavam para os cartazes expostos, para as folhas dos miúdos do lado e lá iam riscando. Pais a fotografá-los, eu a olhar. Demorei-me na loja a ler/ver os livros do Sempé que nunca deixam de me fascinar. Os desenhos são tão simples que até parecem ter sido fáceis e o humor dele é qualquer coisa... "És uma garota" diria a minha mãe. Pois sou e a cupla é tua...
À saída ocorreu-me que só sozinha podia ter feito um programa daqueles. Pelo menos sem estar constantemente a pensar que estou a fazer perder tempo a alguém. Não tem necessariamente que ser assim mas era sempre assim que me sentia "antes". "És contraditória rapariga". Pois sou e a culpa é minha...
Por fim, como era o dia que era e como não quero morrer estúpida decidi dar um salto ao palácio de Belém. Foi mais o tempo que demorei a entrar e passar a segurança do que o que passei lá dentro. Demasiadas pessoas e chuva iminente...
Resumindo, não foi mau de todo...




I.

segunda-feira, outubro 05, 2009

Mentirosa

Não resisto... Ainda está a dar neste preciso momento na MCM... Adorei, pronto.

Carmen Maria Vega:

http://www.youtube.com/watch?v=Py-1DGP7oX8&feature=player_embedded

domingo, outubro 04, 2009

Outsider

"A menina não é de cá, pois não?"
Depois de meses a entrar na mesma pastelaria no mesmo dia da semana para comprar sempre a mesma coisa, o senhor lá me perguntou isto. Sorrio, digo que não e pergunto porquê.
Quando me perguntam isto fico sempre a pensar o que é que me denuncia, se é que há alguma coisa para denunciar. Não tenho sotaque, de onde venho não há sotaque... Penso que tenho boa dicção e falo a língua oficial do país. Tenho uma aparência local, se bem que este ano já me perguntaram se era Italiana por 3 vezes...
"Sabe menina, por cá, isto não se chama "lanche", chama-se merenda." Se tivesse dito cruzeta, sertã ou tivesse usado o "vós" em vez do "vocês" então como seria...
Nunca fui mesmo, mesmo de lado nenhum agora que penso, pelo menos não naquele sentido em que as pessoas geralmente pensam. Nasci num país que sentia como meu mas ao qual não pertencia verdadeiramente e quando vim para Portugal o meu sotaque (aí sim, tinha) de certo modo fez-me sentir que não era de cá. Esta é a terceira cidade portuguesa onde vivo, a quinta no total... Sempre que mudo perguntam-me a mesma coisa, já só me faz sorrir e suspirar por dentro.
Se tiver que dizer de onde sou, digo que sou do sítio onde sempre fui passar férias, onde assentei arrais com os meus pais, onde voltava aos fins de semana enquanto estudava e onde ainda hoje vou procurar a minha "casa". Não pode ser o tempo que vivemos num sítio que nos faz ser de lá ou eu não seria de lado nenhum! Tem que ser o que nos liga ao lugar e é nesse sentido que dou a resposta que dou porque é o único onde tenho alguma coisa. Para já...
I.

A pé

Acabaram-se as caminhadas ao fim da tarde no parque do costume; anoitece muito cedo e não sou assim tão destemida que me vá para lá bambolear tranquilamente à noite de phones nos ouvidos. Fica para os fins de semana que por cá passar. Vai-me fazer falta mas paciência, agora só lá para depois do Natal quando os dias já tiverem bico de pardal.
Alternativas? Não há muitas... Para já, o ginásio continua fora de questão portanto restam-me os passos que vou dando no decorrer do dia. Vou tentar eliminar mais uma viagem de autocarro diária e prescindir do metro quando der. Ontem por exemplo: Campo Pequeno-Marquês-Baixa a pé (não foi de bailarinas) fez-se muito bem e fez-me muito bem. Não se pode é dizer isto muito alto, parece que é pecado não andar de carro...

I.

sábado, outubro 03, 2009

A noite dos despassarados

Ontem fui jantar com a M., o H. e uns amigos deles. Vieram dar uma volta a Lisboa e aproveitámos para matar saudades. Pessoal muito dado e descontraído, um bebé lindo de 4 meses que pôs o 560 de pernas para o ar e comida que me surpreendeu, se bem que o serviço é lento... muito lento... Já cá fora, numa rua bastante movimentada, juntou-se outro bando ao grupo e a conversa continuou com um copo na mão.
Como aqueles dois estavam cansados e eu não ia ficar no blablabla com um grupo de pessoas que tinha acabado de "conhecer", por volta da uma rumámos os três ao táxi. A caminho, a M. vira-se para mim:
- "Imaginavas o fulano-de-tal tão baixinho?"
- "Quem?!"
- "O fulano-de-tal!"
- "Mas quem é esse?!"
- "Aquele rapazito com quem estivemos a falar, o fulano-de-tal! Tu sabes..."
- "Mas como é que eu sei se foi a primeira vez que o vi na vida??! Quem é afinal?"
E foi então que ela me explicou quem era e ainda se riu na minha cara por eu não o ter reconhecido. Como se eu não tivesse mais nada que fazer que ver programas parvos na televisão... Pelos vistos ando a leste mas, sinceramente, não me importo nada. E pelos vistos não sou a única! O H. veio em minha "defesa" dizendo que ele próprio pensava que o fulano-de-tal era "sabes, aquele das novelas". Mas ele tem desculpa; passa 99% do ano fora do país...
Para coroar a noite temos o taxista que, depois de eu ter dito que queria ir para tal-sítio, se vira para mim e me pergunta: "E isso fica onde?!"
I.

sexta-feira, outubro 02, 2009

Socorro, II


Não, não é sarampo, varicela nem rubéola...

I.

Socorro...

Passei a tarde toda a coçar o pescoço e o peito como se nada fosse e só agora me ocorreu que podia não ser normal...
Fui ao espelho e estou cheia de alergia! Só pode ser de uma coisa... da &%$#"/ da t-shirt que comprei ontem e que vesti sem ter lavado por fui obrigada a isso. Hoje de manhã tinha umas manchas e não liguei nenhuma, agora estou um Cristo...
Acabou o verão e com ele as queimaduras mas a minha pele é tão, mas tão, boa que não me ia deixar na mão... Está assim parecido com a queimadura do V mas aos pontinhos e às manchas, isto só pode ser praga que me rogaram...

I.

As minhas preces serão ouvidas?

Depois de muito tempo a apregoar, um dia destes decide-se se vou voltar aqui:

Vou em trabalho, para variar, mas não importa porque de poucos sítios tenho saudades como da Baviera... E esta viagem que calha na mesma altura que o casamento a que não quero ir? Bolas, que pena!
Até dou por mim a pensar se o Oktoberfest já terá acabado... Aquilo é o paraíso, não pelas litradas de Weiss ou Helles prontas a sair (não gosto de cerveja...) mas pelas espetadas de morangos cobertas de chocolate de leite... Só por isso.
Há alguns senãos:
- Vou ter que comer muita sopa para estar à altura daquilo que vou lá fazer. Tenho medo de me espetar...
- A vontade de ir está a ser enssombrada pelo medo de lá estar. Isto é, eu adoro estar lá, gosto de tudo mas pesa sobre mim saber o que fizeste no verão passado (por acaso já foi há dois), que é como quem diz, ter a noção que o afundanço começou quando lá estive. Mas agora é diferente, não é? Nem as circunstâncias são as mesmas nem eu penso da mesma maneira. Anyway, os meus "guardiões" já estão avisados quanto à possível viagem e já me encheram de recomendações e de "vai ver que vai ser óptimo! Traga-nos uma recordação..."
- O recomeço da guerra unilateral está iminente! Aqueles duas galinholas que tanto gostam de me fazer a vida negra devem estar neste momento a bater com a cabeça na parede... Tanto tentam manipular que tudo se vira ao contrário, ironias do destino.

I.

PS: Se quiserem T-shirts/cachecóis do Bayern ou do TSV 1860 (bem mais giras...), canecas da Hofbräuhaus, sei lá; digam. Alemãs e Alemães é que não posso trazer. Ah e comida também não, é que para a entregar pelo correio pelos vistos é proibido e em mãos é chato, posso-vos pegar alguma coisa, a gripe por exemplo...

quinta-feira, outubro 01, 2009

As escutas

Foram detectadas actividades suspeitas nas minhas contas de e-mail pessoal, ou seja, estou a ser escutada. Vê Sr. Silva, não é só em Belém que isto acontece...
Por acaso já andava desconfiada. Havia mails lidos antes que eu os tivesse aberto, por vezes as contas apareciam logged-off sem que eu o tivesse feito, enfim, ser espião não é para quem quer é para quem sabe. Não me chamo I. se não sei quem é o artista, até punha a minha mão numa chapa em brasa se me enganasse.
Casa "roubada", trancas à porta que é como quem diz, passwords mudadas em todo o lado. Vá, agora tenta lá...

I.

PS: Não tem nada a ver mas estou fula... Não é que espetei o fio na sopa ao almoço e me sujei toda? T-shirt, calças, tudo! Duas soluções, ou vou a casa ou ao shopping... Desastrada de uma figa.

Dilema

Tenho que me decidir e depressa. O "quê" já está, Desenho de figura humana, falta o "onde"? Sítio do costume ou mudar de ares e de métodos, ou seja:

http://www.arco.pt/site/ ou http://www.next-art.net/

Este ano, a R. e eu temos interesses diferentes, ela quer aprofundar o óleo e eu quero "regressar" ao desenho portanto não vamos ficar na mesma turma... Gosto da Ar.Co, dos métodos, dos professores mas falaram-me bem da segunda opção.
Difícil, muito difícil...

I.

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