segunda-feira, novembro 30, 2009

Bode expiatório?

Tenho um fascínio e um interesse estranho por um período da História: a 2ª guerra mundial. Livros, documentários, filmes, tudo o que vem à rede é peixe em relação a esta matéria, acho que isto começou na escola há muitos anos atrás por causa de um livro de leitura obrigatória na 4ª classe, "Um saco de berlindes" do Joseph Joffo. Isso e por ouvir muitas histórias sobre o Holocausto da boca dos membros de uma família judia amigos dos meus pais, muito provavelmente não tenho uma visão muito parcial da coisa. Extremamente cultos, e simpáticos gostava imenso deles e fiquei para morrer quando há 2 anos parti a caneca que a M. me deu, tinha Shalom escrito em azul, tinha-ma trazido de Israel tinha eu 10 anos, por aí. Tinha um medo terrível das guerras quando era mais nova, tinha aquela ideia que as guerras eram periódicas porque havia a 1ª, a 2ª, a 3ª seria para quando? Era a do Irão/Iraque, depois foi a do Golfo, lembro-me muito bem de pensar que qualquer dia seria a nossa vez.
Semanas antes de me vir embora da Alemanha lá tive coragem para ir visitar um antigo campo de concentração, fui a Dachau por ser o que ficava mais perto. Era Outono avançado, a caminhar com força para o Inverno, estava um frio daqueles que corta mas sol ou seja um óptimo dia para passear. Supostamente, Dachau foi um campo dito 'soft' mas aquele ambiente é pesado, pesadíssimo. A maior parte dos edifícios foi arrasado, só sobram as linhas dos alicerces no chão a marcar os sítios, há árvores bastante altas a marcar uma avenida; anda-se, anda-se, anda-se e anda-se até se chegar ao fundo onde está o edifício/camarata que se pode visitar. Mais adiante os fornos crematórios, as so-called salas de desinfecção, tudo pegado mas é mera coincidência dizem as placas. As linhas de comboio que chegam até lá também são coincidência, dizem as placas. Ali morreu muito pouca gente, dizem as placas. Ver tudo, e ler tudo, com olhos de ler demora bastante, foi uma tarde inteira ali passada. Mete uma certa impressão. E ali nas redondezas o assunto é completamente tabu.
Mete mesmo impressão saber que estas coisas aconteceram, porque aconteceram, mas notícias como esta deixam-me dividida. Bode expiatório, agora?

A nacionalidade do elogio

O cabeleireiro (este não conta, foi pago): "Ficou fantástica!"

Uma amiga, no sábado à noite (ler com sotaque inglês): "Uau, essa cor fica-te bem!"

Um amigo gay (ler com sotaque italiano): "Bem normalmente estás gira, com essa cor ficaste super-gira..."

Um amigo que eu acho interessante, no sábado à noite (português da silva): "Estás diferente... É o cabelo, não é? Porque é que pintaste dessa cor??"

Um colega esta manhã (ler com sotaque brasileiro): "Há qualquer coisa diferente em você... É o cabelo! Lhe fica muito bem mesmo."


Porque é que pintaste dessa cor... lindo... mais valia ter ficado calado.


domingo, novembro 29, 2009

Ontem

Doem-me os pés como tudo e as despedidas nunca mais acabam. É sempre assim, passamos a noite na palhaçada e na hora de ir embora, tudo muito bem bebido, é que se lembram de ter conversas profundas; o porquê de ter calçado aqueles sapatos ou de ter pintado o cabelo tão escuro; vá-se lá perceber estes amigos psicólogos. Bastou sentar-me para que me viessem fazer companhia, lá tive que me levantar ou nunca mais ia para casa.
K., é agora ou nunca, vamos?
Vamos. Beijos pra todos...

É sempre a descer em direcção ao táxi mas ainda tenho que levantar dinheiro. E está a começar a pingar, é melhor despacharmos-nos.
Já chove miudinho; que sina a minha. Um monte de pessoal abrigado a tapar a ATM; peço licença, responde-me um coro de Sim's e um Não em desafio. Faço o olhar mais ameaçador que tenho e chego-me à frente.

Vou ver o teu código!
Força, até o marco devagarinho.
Por acaso estou mais interessado no nome e número de telefone.
(olha-me este caramelo...) Ai é?
É.

Agora já não é chuva, é o dilúvio total a abater-se sobre nós. O dinheiro está quase a sair e a K. já mandou parar os táxis.

Então vá que só digo uma vez: 9xxx0x0xx, I.
Hey! Não tive tempo de apontar...

sexta-feira, novembro 27, 2009

Eu

Eu já ...

Eu nunca ...

Eu sei ...

Eu quero ...

Eu sonho ...

Estou praqui a pensar nesta treta ao mesmo tempo que tento acabar a mer*a da apresentação que devia ter entregue ontem e que ouço Katie Melua em loop desde esta manhã. Resultado não faço nem uma nem outra.
Mas já sei as letras quase todas de cor e salteado.

I.

Ontem.

Dois jantares para festejar qualquer coisa, mas só posso ir a um. Ao que perguntou primeiro... Óbvio. Encontramo-nos todos depois, ok? Ok. Saio do Príncipe maldisposta de tanto rir; esta malta nunca mais se decide a começar a andar. Vamos pra onde mesmo? Ninguém sabe, é prá frente, logo se vê, também é já ali...

Depois.
É a minha sina: ir pró bairro e chover, bolas...
Estou maldisposta, não devia beber nada. Acho que foi o leite creme, que nem devia ter comido, que me caíu mal, não sei quem disse que estava demasiado doce, mas há sempre lugar pra um mojito porque a conversa está tão animada que não saímos daqui tão cedo, não.
E não...

Já é tarde, amanhã trabalha-se, a deixa perfeita para começar a dispersar, pois então. Uns pra cima, outros pra baixo; onde é que tens o carro?
Ah, ali na descida, pára tudo para a despedida (caramba nem parece que nos vamos ver daqui a umas horas). Ainda se discute o fascínio de todos pela X. e o encantamento de todas pelo Y, é que ninguém percebe mas que é um facto, lá isso é.

Ainda depois.
Então mas onde é que tens o carro ou ficamos aqui ainda mais uma hora?! Ali, e tu?
!&%#$!!, afinal vamos todos pró mesmo lado...

quinta-feira, novembro 26, 2009

Se calhar complicamos e é só isto.


L'amour ne vaudra jamais mieux que le court temps que l'on passera à le faire.

Tenho fé

... que a selecção de 190 músicas de salsa, merengue e mambo que estou a ouvir me vão ajudar a concentrar-me na treta da apresentação que tenho que ter pronta hoje.
Se ao meio-dia não tiver mais de metade dos slides prontos viro-me pró tango, 3 cd's dos Gotan Project de enfiada, e se no fim do dia a coisa estiver mesmo preta largo isto e vou mas é dançar.

I.

quarta-feira, novembro 25, 2009

As sensações

A redescoberta de sensações é uma coisa fantástica, quem um dia deixou de as reconhecer de certeza que assina por baixo.
Até as perder nunca lhes tinha dado grande importância, lá está, há coisas que só passamos a valorizar quando já não as temos. A fome, o sono, o frio, o respirar fundo, o cansaço, a dor ou a ausência dela; são básicos da vida de todos os dias aos quais respondemos como que automaticamente, sabemos quando os sentimos e reagimos ou, por uma razão qualquer, perdemos essa capacidade e a nossa existência passa a ser um pequeno caos. A decadência total.

Não se tem fome porque se confunde com náusea. Náusea essa causada pela fome, mas quem nunca teve fome não sabe o que é. Então passa fome. Sem saber. Começar a comer é uma violência, uma obrigação danada. E eis que um dia em que já é quase uma da tarde, não se olha para as horas, e sentimos-nos esquisitas. Mas o que é isto? É o corpo a pedir comida, está-se a habituar.

Passam-se tantas noites em branco que deixa de se reconhecer aquele momento em que os olhos se querem fechar. O desespero é tanto que quem manda no acto de dormir não é o sono mas um comprimido que desliga o interruptor bruscamente, sem darmos conta de como isso foi acontecer e que só sabemos que aconteceu de facto porque acordámos de manhã. Já há muito tempo, isto. Ontem à noite apercebi-me que estava naquele limbo entre os meus estados acordada e adormecida, naturalmente. Sentia o peso do edredon de inverno que finalmente fui buscar em cima de mim, sentia que a televisão fazia barulho e que havia luz a mais, se estivesse a ler era neste momento que o livro me caía em cima da cara, por isso nunca vou aderir aos kindle e companhia, deve magoar. Estava simplesmente cheia de sono. Aleluia.

Quando já tudo dói há tanto tempo deixa de se dar importância e passa a ser essa a norma. Continuamos a caminhar, a viver e até a rir, nem que seja de favor. Nem as queimaduras doem assim tanto, nem os cortes acidentais, nem os tombos, nem as estaladas, nem a água fria a cair há 20 minutos nas costas dói. E depois, passam-se semanas ou mesmo meses sem que vá ao chão, sem que me puxem o tapete, sem que me corte no papel, sem que precise de refrescar as ideias no duche ou dando um murro na parede e vou com a mão à placa. Se fosse de indução nem a sentia, mas não é, e queima. E dói.

E no dia em que, distraidamente, no elevador, respiramos tão fundo e sentimos que é a primeira vez? Se calhar em anos?
É um belo dia. Digo eu.

I.

Eu devo ir, nem que seja para ver.

Adoro a "minha" escola. Despretensiosa, activa, implicada.

Organizado em parceria com o Ar.Co, irá decorrer no próximo Sábado, às 17h, no Chiado Plaza, o leilão "Simbiontes" que visa angariar fundos para a investigação em cancro em Portugal.
Serão leiloadas 13 telas e 27 ilustrações realizadas por crianças no Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa no âmbito de oficinas de arte e ciência organizadas pela Associação Viver a Ciência (VAC) em parceria com o Ar.Co.
Estas oficinas são fruto do projecto Simbiontes que visa a criação de materiais originais para angariação de fundos para investigação cientifica portuguesa.

Informações:
Data: Sábado, 28 de Novembro de 2009, às 17h
Chiado Plaza: Rua Garret/Travessa do Carmo, Chiado, Loja 1
A apresentação do leilão estará a cargo de Paula Lobo Antunes

Confirmação de presença até 26 de Novembro:
217937134
info@viveraciencia.org
Para mais informações:
www.viveraciencia.org

terça-feira, novembro 24, 2009

Ontem

Está rodeado de livros por todo o lado, o escaparate mais próximo dá-lhe pela cabeça. Não está minimamente interessado no que há à volta dele. Já repetiu a mesma pergunta uma boa dezena de vezes e obtém sempre a mesma resposta: nenhuma. Está a testá-los, só pode, é o que os miúdos mais gostam de fazer. Até eu já tenho vontade de lhe responder só para que se cale e me deixe escolher um livro em paz, isso ou abanar os pais com força para que acordem e lhe dêm 2 segundos de atenção.

Mana... quando saírmos daqui vamos comprar comida? Manaaa... quando saírmos daqui vamos comprar comida?
Silêncio.
Paaaai, quando saírmos daqui vamos comprar comida? Ó pai, quando saírmos daqui vamos comprar comida?
Vira-se para a mãe.
Mãe, quando saírmos daqui vamos comprar comida? Vamos? Mãe, quando saírmos daqui vamos comprar comida? Ó mãeeee, porque é que não vamos embora daqui comprar comida?

Deve ter quê, 5 anos? Bolas, deve ser duro ter-se 5 anos e sentirmo-nos ignorados se até eu com a idade que tenho não gosto disso.
Acabo por ir olhar para outras prateleiras porque esta música já se está a tornar repetitiva. Não melhora muito. Quando são crianças a fazer estas figuras acabamos sempre por compreender, quando vem dos adultos já custa mais.
Assim estava a Fnac do Colombo ontem à noite.
Uma feira.
Da ladra.
Literalmente.

Saí de lá de mãos vazias.

I.

segunda-feira, novembro 23, 2009

Os bichos III

Já temos nova inquilina, a Lira.
Foi adoptada, tem um ano mais coisa menos coisa e, para já, é muito desconfiada. Branca de pontas castanhas, tem foçinho comprido e orelhas de abano, é engraçada. Diz que é cadelinha perita em caça ao javali, está com pouca sorte a rapariga, ali pelos meus lados porquinhos com presas há poucos mas o meu irmão aproveitou logo a coisa para lhe dar um cognome, a facochera...
A antecessora foi educada desde bebé, esta vai ter que ser cativada, tipo raposa ou rosa. Não quer sair da casota quando nos vê cá fora e fica a fazer barulho a ver se ameaça alguém, em vão minha querida que somos gente de paciência. Sentei-me um bom bocado cá fora a olhar pra ela, passado um bocado lá parou de ranger e deitou-se a olhar para mim também mas sair cá para fora nem pensar. Já cede a um bom bocado de queijo, logo rachará completamente, é só uma questão de tempo.

I.

domingo, novembro 22, 2009

Estava aqui a pensar

que as caixas de comentários de certos blogs me entertem melhor que a televisão.
Estou a aproveitar as 4 horinhas de viagem, vá agora já só faltam 3.5, para pôr as leituras da net em dia que durante a semana só espreito meia dúzia dos muitos "sítios" que gosto de acompanhar.
Grandes tertúlias que se faziam se o pessoal que escreve e participa como comentador em certos e determinados blogues se juntasse de vez em quando. Seria tão mais saudável do que estarmos todos feitos tolinhos a carregar em teclas dispostas quase ao acaso e a abanarmos as cabeças em frente a um monitor em jeito de desaprovação ou de concordância. Ele é a gripe, as vacinas, o Sócrates, os cogumelos, tudo serve e sinceramente tenho lido coisas dignas de um prós e contras. A Fátima Campos Ferreira ia gostar de vos ter lá.
I.

sexta-feira, novembro 20, 2009

Tão perto e tão longe, vai ser sempre assim

Perto, por mais longe que estejas...
Sei que te tenho sempre aqui ao pé ou mesmo ao alcance do telefone, do computador ou até do avião.
Adoro-te, a sério.
És cru, sempre tu mesmo, dono de um sentido de humor que sempre me agradou, inteligente, racional, simples, frontal, são, tudo o que eu gosto e valorizo, não há publicidade enganosa a teu respeito, está tudo à vista. Se chamo sei que só não vens se não puderes, contas com o mesmo do meu lado, sei que sabes, não há desculpas ou fretes. Se preciso de um abanão, sei que mo darás, como já tantas vezes deste; eu só te sei dizer o que penso, áspera como tu dizes, ácida, já não me ofendem esses adjectivos, sei que para ti é uma qualidade.
Conheces-me. Dizes em jeito de explicação com ela é assim... ou isso para ela quer dizer isto... quando ninguém percebe o que estou a tentar demonstrar e que é tão óbvio para ti e para quem me sabe de cor. Os meus sinais já os conheces, quando já não aguento mais, quando não gosto de uma pessoa, quando estou cansada, quando estou triste até dizer chega e a fazer de conta que não, sei lá... A ti já não te leio tão facilmente, não deixas, nem queres que se veja mas eu tento porque é a única maneira de saber como estás. De mim sabes as coisas porque tas conto, de ti sei as coisas porque as adivinho, as subentendo, é difícil mas tu és assim já sei.
Engraçado como até agora nunca estivemos afastados muito tempo; a vida, ou tu, fizeram questão de nos juntar nas mudanças que sofremos. Estiveste sempre por perto, acredita que foste a minha âncora este ano que passou, puxaste-me à superfície muitas vezes e ajudaste-me a boiar até que conseguisse fazê-lo sozinha.
És o meu melhor amigo, sem cobranças.
Adoro-te, a sério.

I.

Há semanas desgraçadas

Se agora desse largas à mulher do norte que sou, acho que desatava às asneiradas ao olhar para o que foi esta semana, o problema é que já estou no trabalho e não dá grande jeito.
Fui protagonista de uma peça de teatro que não sei se hei-de classificar como drama ou comédia, pelo menos tragédia não chegou a ser o que só por si já é óptimo. Quando isto acontecer outra vez agradecia ao fulano que se esconde atrás das cortinas que bata as pancadinhas da praxe, assim só para eu ficar avisada que vem aí uma semana divertida, que se ele as bateu esta semana não ouvi nada, tem que ser mais forte está bem? E ainda dizem que tenho ouvido de tísica...
Por exemplo ontem.
Tive que assistir a um bisturi a avançar directo a mim, para me cortar a frio, sem anestesia, numa zona assim para o delicado; tudo isto dirigido por um médico, bastante jeitoso por sinal, que me dizia que a única coisa capaz de evitar isto é uma boa esfoliação. Como se eu não soubesse... Mas giro foi quando ele começou a enfiar um fio preto fininho numa agulha estranha e me disse que com dois pontos aquilo ficava resolvido. A última vez que me lembro de me coserem foi há muitos, mas muitos, anos atrás. No queixo, 5 pontos, porque a chica esperta desmaiou no cimento depois de fazer, à vontade, 20 pinos e aranhas para trás e para a frente seguidas, já nem me lembro se era médica ou enfermeira mas lembro-me perfeitamente de ela exclamar que estava difícil de coser porque não havia pele para agarrar...
Tive também que me conter quando a ATM onde fui toda contente levantar dinheiro engoliu o meu cartão multibanco. Por motivos de segurança disse ela. Segurança de quem, minha amiga, só se fôr a tua! E mais logo, vou pagar 2 kilos de maçãs, 4 iogurtes e uma caixa de pastilhas com o cartão de crédito, é? É, que é para aprenderes a ver quando é que os cartões caducam.
E hoje?
Hoje é dia de viagem portanto há que ter a tralha toda à porta de manhã para ser só sair. 7:30. Portátil, check; carteira, check; tarte de maçã, check; chaves, check; sapatos nos pés, check; cabeça em cima do pescoço, check; está tudo, vamos embora.
Fechar a porta, elevador, padaria, paragem do autocarro. Na fila para entrar, breve revisão mental dos 'checks', acho que me falta qualquer coisa... Portátil, check; carteira, check; tarte de maçã, check; chaves, check; sapatos, check; cabeça, check; mochila, ..., mochila, ..., mochila, ... A mochila ficou em casa. Vá lá, dei conta antes de chegar ao trabalho, já não é mau.
E o resto dos dias?
Isso fica entre mim e os rascunhos do blog...

I.

quinta-feira, novembro 19, 2009

As maçãs

Acabei de enfiar isto no forno...

I.

quarta-feira, novembro 18, 2009

As viagens

Esta última viagem foi das melhores que já fiz. A mais descontraída, sem pressões, bem disposta, calma, nem parecia que não estava em casa, aliás passei o tempo todo a dizer isso, Nem parece que não estou no meu país... Não fomos com a ideia de ver tudo em tempo record nem tão pouco de ver tudo, fomos pelo prazer de passear, de conhecer a cidade a pé sem sermos muito turistas, de apreciar uns dias diferentes do habitual e isso tudo foi conseguido. Éramos 4, conhecemo-nos relativamente há pouco tempo, meio ano se tanto, mas encaixámo-nos tão bem umas com as outras que ninguém diria, tanto que ficámos com vontade de repetir e parece-me que vai ser para breve.
Sempre disse, ou pensei, que haveria países onde muito dificilmente iria mas parece-me que essa espécie de preconceito estúpido vai ficar para trás como tantos outros ficaram este ano. Moçambique e Índia estão no horizonte dos próximos 2 anos, mínimo 3 semanas para um banho completo; entretanto penso que me vou dedicar a conhecer Itália em pequenas escapadelas como fiz desta última vez, calmamente. Não se pode pensar muito ou nunca se faz nada do que queremos, ou perco tempo a remoer ou o aproveito para fazer qualquer coisa, prefiro esta segunda hipótese.


Onde está o Wally?

I.

segunda-feira, novembro 16, 2009

"Pára de ensaiar a vida!"

Este foi um dos melhores conselhos que já me deram, sirvam-se se quiserem. Na verdade foi mais "Porra pá! Pára de ensaiar a vida!" mas vai dar ao mesmo. A autora diz que se lhes estão a acabar as frases giras mas eu sei que não...
Quantas e quantas pessoas não tentam antecipar tudo o que lhes pode acontecer se fizerem isto ou aquilo? Perdem horas de vida a pensar no que as coisas podem ser em vez de aproveitar esse tempo para agir; eu sei, eu sei que tenho essa mania, a do "E se..." E também a de ter o discurso todo pensado de cada vez que peço um conselho porque, na verdade, não quero um conselho, quero que me confirmem o filme que já montei.

I.

sábado, novembro 14, 2009

Porta 19, Piso 0, Sector 17, Fila E, Lugar 20

A esta hora é aqui que eu estou (se um fulano qualquer não se sentou já no meu lugar), no estádio da Luz, por vontade própria, quem diria.
A última vez que fui "à bola" já foi há tanto tempo... Quase de certeza no estádio do Dragão, ou foi no Cidade de Coimbra? Já não sei, num ou noutro, por arrasto isso sei, eu que até gostava de futebol apanhei-lhe uma raiva que só agora está a passar.
Pena não ter cachecol...

I.

sexta-feira, novembro 13, 2009

As lembranças

Quando ontem à tardinha pelo relógio, mas já à noite pelo céu, vi as mantas enroladas no carrinho à porta do Kaffehaus tive um flashback, só me apeteceu pegar numa e sentar-me a uma das mesas que agora há cá fora. Ainda falei nisso mas recebi de volta um está frio, não? Não, mas vamos lá para dentro então, saíu-me da boca, não faz mal, gosto deste sítio de qualquer maneira; das janelonas que deixam entrar a rua pela sala dentro, dos móveis pequenos e baixos, dos candeeiros descidos e da meia-luz que deles sai. Ali murmura-se, é engraçado.
Pedimos chá, de menta para as duas, não é de saquinho, é mesmo com folhas de hortelã a boiar na água, e ali ficámos um pouco a pôr a conversa em dia. A R. foi uma das boas surpresas deste ano que passou, muito miúda por fora mas graúda q.b. por dentro, desmontou a ideia que eu tinha da geração anterior à minha; isto este ano foi só desmontar ideias pré-concebidas, tem dado uma trabalheira desgraçada...
Quando fomos embora fiquei a pensar nas mantas que punha nas pernas, nos chás que bebia e nos strudels que comia há tempos atrás, um frio de rachar e eu sentada na rua, com luvas, cachecol, casaco apertado e por vezes gorro. O nariz frio, quase húmido, mas fumo a sair da boca que fervia por causa da bebida quente. Às vezes sozinha, outras acompanhada, o frio não me assustava minimamente, aliás ainda hoje não me assusta já a chuva sim.
Aquele tempo foi um misto de coisas muito más e muito boas, tenho tido tendência para apenas me lembrar das boas o que é óptimo, diria mesmo que é bom sinal.

I.

Digo eu

O pior sentimento que nos pode afligir causado por terceiros: a rejeição.
O pior sentimento que nos pode afligir causado por nós próprios: a culpa.
O pior sentimento que nos pode afligir, ponto: a solidão.

I.

quinta-feira, novembro 12, 2009

Os bichos II

Aquela coisinha castanha chegou a minha casa ainda bebé-cadela. Foi baptizada de Lobita after her mother que foi assim chamada ela própria por se parecer com um lobo, sempre tive medo dela, da mãe, nunca me chegava muito perto do pátio onde ela estava presa e evitava passar ali a todo o custo. Era tentador porque havia um atalho lá perto que ia dar a minha casa, pensava sempre duas vezes antes de ir por lá e se a ouvia ladrar pensava cem vezes em vez de duas. Não sei se ainda é viva, a mãe, espero que não que diz que sobreviver a um filho é horrível; vou poucas vezes para aqueles lados ultimamente, acho até que o carreiro já nem existe, não teria motivos para lá passar.
Tal como os nossos filhos, não que eu os tenha, são sempre os mais bonitos e mais inteligentes, a Lobita não sendo propriamente bonita era muitíssimo inteligente, lá isso era, e quando se é inteligente para quê ser bonito? No mundo dos cães ainda é assim, os homens têm muito que aprender com eles. A felicidade dela era andar à solta e ouvir o motor do tractor a trabalhar porque depressa aprendeu que isso queria dizer passeio. Mal ouvia aquele barulho abanava tanto a cauda que em vez de abanar só a cauda abanava a metade traseira toda do corpo, ladrava esganiçada a pedir que a soltassem para que pudesse ocupar o lugar dela, toda orgulhosa, na caixa traseira. Não saía dali nem que lhe dessem um perú recheado, deixava-se levar no tractor, sentada o melhor que podia a olhar para nós que ficávamos em casa como que a despedir-se, Vêem? Eu vou e vós ficais!
Outro dos prazeres da vida dela eram os coelhos. Não comê-los, quer dizer não sei talvez também fosse, mas olhar para eles como que hipnotizada, seguí-los com o olhar e se por acaso algum se aproximava do alcance dela, pôr-lhes a pata de cima, deitar-se e abraçá-los; só isso. Enquanto olhava para eles não adiantava de nada chamá-la, dizer-lhe que a soltávamos ou pôr-lhe o tal perú recheado à frente, a única coisa que mexia eram as orelhas quando ouvia o nome dela, de resto os olhos continuavam postos nos coelhos e o corpo em posição hirta e firme. Que fascinação aquela, nunca percebi. Também tinha os seus ódios de estimação, duas pessoas lá da terra. Não sei como é que ela os cheirava de tão longe mas ficava com o pêlo todo no ar e ladrava que nem uma louca quando eles vinham pelo caminha acima. Nem precisávamos de os ver para saber que eram eles.
Mal chegava a casa de fim de semana, pousava a mala ou a mochila na rua, à porta de casa, e ia cumprimentar a cadela e os gatos. Quando me via fazia aquela coisa de abanar a metade traseira do corpo e armava o salto para quando eu já estivesse suficientemente perto dela, acabava sempre por me sujar toda com as patas da frente no meu peito e por me lambuzar a cara com a língua, que nojo, por vezes soltava-a e ela agradecia-me voltando a saltar-me para cima. A minha mãe não gostava mas já estava e o que interessava é que cada vez que a soltava ela gostava um bocadinho mais de mim. O meu irmão fazia o mesmo, claro.
Também me zangava com ela, sobretudo quando lhe dava para ladrar de noite e me acordava às tantas da manhã. Eu, farta de a ouvir, saía de casa e ia ter uma conversinha com ela, como se ela me entendesse, que não eram horas de estar a ladrar assim, Vê lá se queres que te feche na garagem!, e por vezes fechava mesmo depois de me ter levantado 2 ou 3 vezes. Enfim, coisas de garota.
Agora acabou.

Grande testamento por causa de um animal, mas não era um animal qualquer, era o meu e este ao menos nunca me desiludiu. Os animais, como as pessoas, não se substituem mas, ao contrário de certas pessoas, acho que vale a pena continuar a investir neles e dar a outro, e a nós mesmos, a oportunidade de termos uma história como eu tive com a Bibi e como muitas outras pessoas têm com os seus animais. É o que posso fazer para expiar algum do mal que se lhes faz por aí, como o Nietzsche que se abraçou ao cavalo que morria pedindo-lhe desculpa. Com a diferença que eu não estou a ficar louca.

I.

quarta-feira, novembro 11, 2009

Os beijos

Tirado do meu filme preferido (Cinema Paradiso), já o vi de certeza mais de uma centena de vezes... Esta cena, mesmo no fim, é de ir às lágrimas, arrepia.

I.

Início das festividades

O Natal por aqui, que é como quem diz pelo sítio onde trabalho, vai começar ao mesmo tempo que nas lojas, ou seja, já agora. E também vamos seguir a bela tradição dos saldos ou reduções, ou lá o que é, logo a seguir ao Ano Novo!
Cânticos (dá para imaginar de quê) já se fazem ouvir, luzinhas e postais (de despedimento) ainda não vi, ninguém sabe se e que prenda vai receber mas anda tudo muito feliz.

Isto vai fazer manchetes, digo-vos eu.

I.

terça-feira, novembro 10, 2009

Estou tão triste

A minha Bibi morreu.
É estúpido mas não consigo parar de chorar, aqui mesmo em frente ao PC.

I.

segunda-feira, novembro 09, 2009

E foi assim...

Só choveu no último dia, e os aviões portaram-se bem na ida e na volta. É uma cidade linda, pitoresca, onde me senti muito bem.
Já tinha tirado a ideia do passeio de gôndola da cabeça mas conseguimos um preço mais que razoável comparado com os 70 ou 80€ por pessoa que por lá vimos, e digo já que vale a pena, foram 25€ muito bem empregues. Pessoas simpáticas e Italianos charmosos, língua cantada, ambiente calmo, em suma: adorei.

Basílica de S. Marcos



Vista da Praça de S. Marcos


Ponte dos Suspiros invadida pela publicidade...



Passeio de Gôndola...

(péssima) vista de noite

I.

sexta-feira, novembro 06, 2009

Os canais e as gôndolas

As viagens que melhor correm são aquelas em que embarco sem pensar muito. Quando há uns tempos me desafiaram para ir a Veneza, disse que sim em 5 minutos e a esta hora (se o avião não caíu) já lá estou, eu e mais duas miúdas para um fim de semana prolongado de boa disposição e passeio. Ir de mini-férias e levantar-me às 5:30 da manhã é que realmente...
Escolher Novembro para ir a um sítio destes é desafiar o S. Pedro no território dele mas pode ser que ele se compadeça de nós. Pelo sim pelo não levamos galochas.
No domingo à noite estou de volta (se o avião não cair) para no dia seguinte voltar ao marasmo do dia a dia...

I.

quinta-feira, novembro 05, 2009

As diferenças

Coisa estranha, pensava eu, umas com a cabeça toda tapada enquanto outras andam com o rabo praticamente à mostra. É isto a liberdade, a tolerância.
Brancos, amarelos manteiga, vermelhos, castanhos, pretos, sempre os vi em todo o lado. É isto a pluralidade. Não penso que têm a pele suja porque não é da mesma cor que a minha, só a inocência de uma criança que vê uma pessoa diferente pela primeira vez justifica tal ideia. Aliás esta ideia saíu mesmo da boca de uma criança...
Na rua havia chadores com fartura, burkas nunca vi, turbantes, crucifixos discretos algures de certeza, ligas de espinhos à volta das coxas debaixo da saia ou das calças improvável mas talvez, nada disto devia incomodar ninguém (será que não?) e está muito bem.
Na escola fiava mais fino. Nada. Nem lenço na cabeça, nem cruz ao pescoço (será?) ou na parede, nem Quipás (talvez no bolso), nem Menorás e também está muito bem. A escola é laica e é assim que deve ser, acho que sim. Daí o espanto do meu irmão no primeiro dia de aulas cá: "Mãe, mãe! Porque é que há um crucifixo por cima do quadro na escola? Ando numa escola de freiras?!"
No entanto, havia ementa sem carne de porco para quem não podia comer. É isto o respeito (será?). Pronto, não havia tapetes virados para Meca. Isso seria o cúmulo (ou não?).
Muitas vezes dá-se um dedo e as pessoas querem o braço todo. Muitos problemas começam assim. Não são os acolhidos que se adaptam; do ponto de vista deles são os acolhedores que se devem transformar à sua medida. Mas isso não é ser acolhido nem lutar por manter a individualidade, é querer fazer nosso o que é dos outros. É deturpar o conceito todo, é não respeitar, é não tolerar, é querer impôr, é tudo ao contrário do que devia ser. Cá também temos alguns assim. Infelizmente.

I.


quarta-feira, novembro 04, 2009

Decisão

Pronto, está decidido, estou com a neura logo vou cortar o cabelo. Direcção Armazéns do Chiado.

I.

Constatação

Há pessoas que não sabem falar ao telefone sem gritar.

E que ainda por cima parecem ruminantes a comer.


Só me apetece bater-lhes.

I.

E se... II

... um dia destes todas as lojas, comércios, shoppings e afins passassem a estar fechados ao domingo, já nem digo ao sábado à tarde?
... as lojas fechassem diariamente às 18h?

Deu-me para pensar como seria a (minha) vida em Lisboa se isto passasse a ser assim uma vez que esta foi uma realidade em que já vivi durante uns tempos. Foi aí que senti que estava completamente agarrada, tipo drogada, à vida de consumo ou de tentação de consumo. Acho que a grande maioria das pessoas está. Voltei a pensar nisto porquê? Confesso que foi depois de uma entrevista que vi anteontem e que não era bem acerca disto, salvo erro era com a Márcia Rodrigues.
Será que aí Monsanto, Belém, o Jamor, o Parque das Nações, os parques dos arredores, as praias, os passeios marítimos, os museus, sei lá, chegavam para todos? Seriam sequer estes os novos locais escolhidos pelas pessoas? Ou seriam mais as PS, as Wii e outras que tais a confortar-nos?
Primeiro, duvido seriamente que uma proposta destas surja por cá uma vez que ainda há relativamente pouco tempo se fez o oposto, a adesão seria quase nula, o benefício seria visto como inexistente, os protestos seriam generalizados e o pobre desgraçado a propôr uma coisa destas seria crucificado de cabeça para baixo. Posso-me enganar, não sei.
Segundo, imagino o pânico semeado por aí. Neste país, e noutros eventualmente mas esses não interessam, onde ficar em casa uma tarde a fazer qualquer coisa, seja ele ler, gatafunhar, bater um bolo, crepes, um jogo ou simplesmente nada é sinónimo de castigo; onde grande parte das pessoas arranja "boas" desculpas para não andar ao ar livre, ora está muito calor, ora muito frio, ou é muito cedo, ou já está de noite, as crianças constipam-se e sujam-se, bla, bla, bla. Estou a exagerar obviamente, tenho visto por aí óptimos exemplos de pessoas que recusam enfiar-se em centros comerciais sistematicamente e que procuram alternativas, porque as há e algumas de graça imagine-se.

Andamos com os olhos tão tapadinhos por vezes...

I.

terça-feira, novembro 03, 2009

Hiper realistas

Eu sei que o realismo e o hiper-realismo estão fora de moda mas continuo a achar impressionante. Modas fora nove, é bonito.

Jogo triplo

Há pessoas que fazem parte do meu dia a dia, pessoas que supostamente me conhecem bem mas não fazem a mínima ideia daquilo que é a minha vida em certas alturas.
Há outras que nunca vi, com quem apenas conversei por palavras escritas ou que vejo esporadicamente mas que sabem aquilo que os outros não sabem.
Depois há uma que não me é nada mas que sabe tudo; a minha bengala como gosto de lhe chamar. Foi ela que me ajudou a pôr-me de pé.
Achava que já podia pô-la de parte mas ainda não, pelo menos não totalmente... Ontem dei-me conta da falta que me fez. Há coisas que não desaparecem nem deixam de acontecer só porque queremos muito que não aconteçam. Quando acontecem temos, pelo menos eu tenho, que ter alguém que nos reorganize a cabeça; até podemos ser nós próprios mas se não conseguirmos sozinhos é bom termos alguém capaz disso.
Fraca? Só mesmo para mim mesma. Não por muito mais tempo.

I.

segunda-feira, novembro 02, 2009

Os bonecos

A banda desenhada é daquelas coisas que eu acho que parece para crianças mas que afinal é para adultos. Melhor dizendo, acho que serve aos dois mundos, é é sem dúvida entendida de maneira diferente; com 10 anos lia literalmente mas com quase 30 leio nas entrelinhas, agora vejo-as e fazem-me abanar a cabeça muitas vezes.
Herdei uma colecção de BD já em estado avançado em miúda e desde aí o bichinho ficou. Não evoluiu muito em termos de estilo porque o que vai aparecendo não me convence por aí além, é tudo muito dark para o meu gosto, é como se tivesse ficado presa ao passado, um género infantil onde alguns animais falam e pensam, onde crianças têm super-poderes, onde génios renascem caricaturizados, onde os adultos fazem os seus papelinhos tolos (curioso, muitos serem jornalistas ou as histórias se passarem em redacções). Tenho muitos álbuns nas línguas originais (viva os Belgas!), alguns traduzidos em português, compro-os cá, mando vir de fora, outros são-me oferecidos por quem sabe desta minha queda (isto não se pode dizer a toda a gente, leva-se logo com um carimbo em cima). Pego neles sempre que me apetece rir ou chorar a rir porque sei que funciona lindamente. Já foram lidos e re-lidos dezenas de vezes (isto é mesmo uma mania...), não sei dizer de quais gosto mais mas se tivesse que eleger um e só um seria o Gaston. A personificação da preguiça e da procrastinação (gosto tanto desta palavra...). A próxima aquisição é o álbum dos 50 anos do Astérix, tinha que ser, hoje vou ver se já chegou em língua original e aproveito para o ler in loco.
Se algum dia passarem por uma FNAC e virem uma tontinha sentada no chão a ler BD, a rir-se sozinha ou a abanar a cabeça é provável que seja eu...

I.

E foi assim...

Apesar de tudo o que refilei foi lindo, não deixou de ser seca mas foi lindo. A noiva, o noivo, o dia, o lugar. A noiva esteve 90% do tempo com os olhos cheios de água e tenho que confessar que durante certos momentos eu também.
Afinal somos primas, ela fez parte da minha vida muitos anos, fizemos muita asneira juntas e no fim é isso que importa porque é disso que me quero lembrar. Ficam para trás os tempos em que tomávamos banho na água gelada do tanque do pomar e em que pedinchávamos para ficarmos a dormir em casa umas das outras, em que eu a desencaminhava para lavar ou cortar o cabelo das bonecas que nunca saíam das caixas e para fazer o pino no terraço. Temos as duas cicatrizes desse tempo, eu no queixo ela na testa, levámos os pontos sentadas uma ao lado da outra no hospital, sem anestesia, à homem; levámos a respectiva desanda sentadas uma ao lado da outra em casa dos meus tios.
Ela mudou muito, de certeza que eu também, mas passou o dia a rir e eu espero que dure, espero mesmo.



I.

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