quarta-feira, março 31, 2010

E eu só vi um apanhado disto esta manhã...

Andam os fulanos das Producções Fictícias a matar a cabeça a arranjar deixas cómicas quando podemos ter o Pinto da Costa em conversa com a Judite de Sousa num canal e o Miguel Sousa Tavares no bla bla bla com o Luís Filipe Vieira noutro. Qual Gato Fedorento, qual 5 para a meia-noite, qual Liga dos Últimos... Para quem quer rir toca a seguir a actualidade da bola, il n'y a que l'embarras du choix...

terça-feira, março 30, 2010

CERN recria hoje o Big Bang

Hoje imagino o Dr. C. a reunir jovens caloiros para irem assistir ao que se passa em Genebra no gabinete dele tal como no meu primeiro ano nos reuniu para assistir ao anúncio do prémio Nobel. Acho que o senhor já se reformou, já era velho quando eu entrei, imagine-se agora. Este meu antigo professor era um personagem, como quase todos os que apanhei naquele departamento aliás... Nas aulas dele ninguém tinha muita vontade de ficar nas primeiras filas, havia elevada probabilidade de chover por lá; falava de modo muito particular (um colega meu é que o imita muito bem...) que dava vontade de rir a uma pedra, à primeira vista (e não só) era o típico cientista aluado mais aluado não há. A vida dele era aquele departamento, não era casado nem tinha filhos, parece-me que quem lhe tirasse o gabinete lhe tirava tudo. E conhecia-nos a todos. Ou pelo menos aos que iam às aulas. Ok, se calhar só aos que tinham positiva. Pronto... às meninas todas também...
Tenho uma história muito caricata com este homem, garanto que nunca mais me vou esquecer dele por causa disto e tenho a certeza que é muito devido a este episódio que ele sabe quem eu sou. Tu, menina Palito Cabeludo, que de vez em quando me lês e que hoje estás lá no tal túnel a brincar ao Big Bang, deves-te lembrar bem disto...
Foi meu professor no segundo semestre, de uma cadeira engraçada até. À saída da primeira frequência pergunta-me "Então, menina I. como lhe correu, como lhe correu?" "Mais ou menos professor". Mas "mais ou menos é o quê?", pergunta ele. "Pois, não me correu assim muito bem..." Que logo se via então e lá fui à minha vida.
Dia de cortejo e o senhor vê-nos na rua Larga, dirige-se a mim "Ó menina I. não lhe correu muito bem a frequência pois não?" Mau, queres ver que chumbei? Correu-me mal mas nem tanto. E o raio da pauta que nunca mais era afixada. Até que um dia saíram as notas, todos falavam disso mas curiosamente ninguém sabia a minha... Mau, aqui há gato. Subo as escadas, vou até à porta, olho para o papel e procuro o meu nome.
Menina I.: 3 Só pensei para mim: $#"/!&%$!!!!
Que vergonha... Era por isto que ele me estava sempre a perguntar a mesma coisa então. Decidi que não tinha cara para voltar a pôr os pés naquelas aulas, que só iria a exame final e que não me queria cruzar com o senhor mais vez nenhuma nos corredores, chorei e tudo, como era possível? Os colegas diziam-me para ir ver o teste, o que tinha corrido mal; NUNCA, JAMAIS! Até que a uns dias da 2ª frequência a M. me leva ao gabinete e vais ver a prova e vais mesmo.
Entramos: Vem ver a prova menina I? Não lhe correu muito bem pois não? Foi o que bastou para soltar a Maria Madalena que há em mim... O homem ficou tão atrapalhado que só conseguia dizer "Mas, mas, mas, mas, o que se passa??" Enquanto eu continuava a chorar, a M. lá explicou que eu tinha um 3 na pauta.
"Tlês?! Teve tlês!? Olhe que não..." (Remexe no monte e saca do papel) "Teve tleize, bem me disse que não tinha corrido bem..."
13??! Escusado será dizer que voltei a pensar para mim: $#"/!&%$!!!!
Pediu-me mil desculpas pelo engano, deu-me dois beijinhos (blheuc), ofereceu-me um poster com uns decaimentos de não sei quê (que ainda tenho) e mandou-me para casa estudar para a 2ª frequência (o acaso quis que também tivesse tido 13 nesta).
Há coisas que só a mim. A diferença que um 1 faz...

E lembrei-me desta história por causa disto: CERN recria hoje o Big Bang

segunda-feira, março 29, 2010

Ontem

Como é que era o título daquele filme; Melhor é impossível?, então foi mais ou menos como este domingo. Há palavras que não gosto muito de empregar: nunca, sempre, impossível, perfeito mas relativizando devidamente a coisa ainda são as que melhor se adequam a certas situações. Portanto, à sua maneira, este domingo foi isso, perfeito.
Almoço muito leve, entre o sol e a sombra, numa esplanada de que gosto muito e com uma das melhores vistas sobre o rio. De uma colina a outra e de miradouro em miradouro a tarde foi-se passando devagarinho como se quer. "Gostei" particularmente de constatar que se continua a cobrar uma taxa moderadora à entrada do castelo, não sei se acho bem ou mal mas acho um pouco ridículo. Enfim, esses 5€ talvez sejam o preço a pagar para perceber o significado do verbo pavonear. Vi-o em todo o seu esplendor, eu e os muitos turistas que se babavam em frente ao dito pássaro que afinal só devia querer impressionar as quatro meninas que andavam em volta dele, sim, que eu não acredito que ele estivesse ali todo inchado só para a fotografia (mas que parecia, parecia). Levei o livro mas só li duas ou três páginas, levei o lápis e o bloco mas nem os tirei da mala, levei a máquina mas não tirei foto de jeito, na verdade nada disto interessa muito porque o dia foi óptimo por si só e não só...




Não resisto a mostrar esta. Humor português no seu melhor (perto do castelo de S. Jorge):

sexta-feira, março 26, 2010

O meu lábio

Tenho uma coisa no lábio, mais propriamente no inferior e essa coisa já vive comigo há bastante tempo, praí 10 anos e estou a avaliar por baixo. Não me engano muito se disser que isto passa despercebido à maior parte das pessoas, não me incomoda por aí além e nunca me deu problemas, não é grave, não é prejudicial, não é incapacitante, a única chatice é que esta coisa está cá. Escusado será dizer que a senhora minha mãe, que continua a achar que eu tenho 5 anos e vou viver debaixo da saia dela até morrer, me tem andado a chatear este tempo todo para ir tirar esta coisa. Após anos deste martírio, fui falar (pela 3ª vez) com um cirurgião para ver o que há a fazer.

Disse-me o médico que a "boa" notícia é que estas coisas têm elevada probabilidade de recidiva, gosto tanto de ironias, ou seja que se tirarmos ninguém garante que não volta. Ora muito obrigada, fico muito contente... Pergunto eu se há realmente benifício em submeter-me ao bisturi do senhor, ao que ele me responde que é melhor (o que ele quer, sei eu). Olha se um cirurgião ia dizer que não a uma oportunidade de praticar os seus dotes de talhante, como é que eu adivinhei que ele ia dizer que era melhor...

Aqui há uns anos aprendi a sacar tudo o que eu quero saber dos médicos, pode ser moroso mas é muito fácil, é só abrir a boca e fazer as perguntas que queremos ver respondidas as vezes que forem precisas até eles nos esclarecerem. É mais ou menos como na escola, tiram-se as dúvidas todas, mesmo as mais estúpidas. Eu tenho que perceber o que me vão fazer, afinal o lábio é meu e por acaso até gosto dele, já agora gostava que continuasse perfeitinho. Debitei então todo o tipo de perguntas: que procedimento é que vai seguir, se é complicado ou não, se é ambulatório, se vou ficar com alguma cicatriz visível (ou seja se vou ficar com o lábio horroroso) se a recuperação é demorada, acho que não deixei nada por perguntar. E o que é que aquela criatura me diz? Responde-me a tudo e acrescenta que não faça dramas... E o que é que eu lhe respondo? Que o lábio é meu!

O homem não sabia que eu já tinha consultado outros médicos e que estava a par de algumas técnicas usadas para tirar estas coisas, criocirurgia, electro-qualquer-coisa e sei lá que mais, em que se tenta ao máximo privilegiar a estética que, convenhamos, num sítio como o lábio é importante. Digo eu... E vem-me esta alma dizer que não me garante que não fique com uma cicatriz para o lado de fora? Estive para lhe perguntar se era mesmo cirurgião e ainda por cima plástico e reconstructivo (nunca na minha vida pensei recorrer a um senhor deste...) mas achei melhor calar-me. Enfim, resumindo e concluindo: sou adepta da máxima "cada macaco no seu galho" que eu de medicina não percebo nada mas não estou nada confiante. Já tenho a cirurgia marcada mas acho que vou ter que pedir uma "enésima" opinião.

quarta-feira, março 24, 2010

C'est en haut que ça se passe

Ontem passaram o dia a olhar-me para as calças. Pensavam que com um título destes eu ia referir uma parte situada no tronco, mais precisamente no busto mas não, foi mesmo para as calças.
Ponto número um: eu trazia mesmo calças vestidas. Ponto(s) número dois: não estavam rotas, destroyed (se bem que gosto destas), manchadas, sujas, não eram bege fluorescente, transparentes ou indecentemente justas. Era simplesmente um sarouel... Até parece que é alguma novidade, até parece que não se usou já o ano passado, até parece que não posso vestir o que me apetece (abençoada ausência de dress-code).
Logo de manhã, um colega não conseguia olhar-me de frente enquanto falava, estava com dificuldade em disfarçar o movimento dos olhos e a cara de espanto. Eu ria-me por dentro a imaginar o que ele poderia estar a pensar: "$%$##"!! O que é aquilo? Calças de pijama? Naaaaa, ela não bate bem da cabeça mas nem tanto..." Depois, há aqueles que não têm papas na língua e que dizem directamente: "Ó I., mas que raio?!?!?! Não havia necessidade de roubares as calças ao Aladino..." Há ainda os olhares das meninas, os mais críticos de todos, mas paciência.
Enquanto olhar não implicar mais nada, está tudo bem. Não costumo ser muito forward em termos de indumentária mas até gosto das calças e não há-de ser a última vez que as trago para o trabalho... Habituem-se.

segunda-feira, março 22, 2010

Haja paciência

Juro que há dias em que pareço sofrer de síndrome de Asperger. Se aparecesse assim em frente da minha terapeuta acho que a enganava bem... Ou não.
Acordei muda e continuo calada, apática, levo tudo à letra, os outros incomodam-me.

PS (18:35): E toma lá que me esqueci que tinha consulta. E logo quando passei a tarde toda a desejar que fosse hoje. Agora só quarta...

Apetecia-me dizer isto

Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
(ler como grito).

quinta-feira, março 18, 2010

It made my day

Há lá coisa melhor que acabar um dia de trabalho daqueles que não se quer voltar a ter em quinhentos anos e ainda ir caminhar nem que sejam 15 minutos sem grande destino, só para desanuviar?
Não, não há.
Quando me disseram que esta cidade tinha de se estranhar primeiro para se entranhar depois, não quis acreditar. Até pensei que quem me dizia isto não estava nada bem. Quatro anos depois começo a achar que Lisboa até tem o seu encanto, era isto que tinha na cabeça ontem enquanto ia do Rato ao miradouro de S. Pedro a mirar, passo o pleonasmo, as vitrines das galerias e a espreitar para dentro das janelas das casas do outro lado da rua. Quando era miúda passava imenso tempo à janela a espreitar os prédios da frente, sempre à noite, quando as casas estavam iluminadas e se conseguia ver a silueta de quem lá vivia. Era coisa de garota, pensar quem eram aquelas pessoas, o que estavam a fazer, o que conversavam, como era a casa por dentro. Depois desse exercício extenuante, andava invariavelmente à bulha como o meu irmão para ver quem é que, naquela noite, tinha o privilégio de fechar as portadas. A minha mãe geralmente desempatava a luta e, ou a minha memória é altamente selectiva, ou era sempre a favor do menino, coitadinho, deixa-o lá ser ele, é mais pequenino. Engraçado... Nunca fui a mais pequenina ou a mais nova.
Andava-se tão bem ontem, já de noite, sem frio em Março, é isto que eu gosto aqui. O passeio não foi longo mas valeu tanto a pena, pelo passeio em si, pela vista, pelas luzes, pelas montras, pelos jelly beans gigantes que não devia ter comido, pelo caminho de volta.
Há dias em que é tão fácil ver o que há de bom no que antes desprezávamos com todas as nossas forças. No meu caso, esta cidade.
A maior parte das vezes é mesmo simples ganhar o dia...

terça-feira, março 16, 2010

É tudo uma questão de nome

Até o próximo DSM, o V, já vai ser mais politicamente correcto. Acabaram-se os dementes, agora serão pessoas severa/ligeiramente perturbadas neurocognitivas. Atrasados mentais também já não há, quando aquilo fôr aprovado serão oficialmente deficientes mentais.
Como se ser psiquiatra e psicólogo não fosse já suficientemente difícil...

Os colegas servem para isto

Ontem, cometeram o erro de me deixar uma caixa de coisas boas em casa. Chocolate Nuts Assortment da Jubileu (o que é nacional é bom).
É muito grave e perigoso eu ter isto em casa. Não é que seja alérgica ao chocolate ou às amêndoas mas o melhor mesmo é ver-me livre disto o mais rapidamente possível e, para isso, nada melhor que trazer a coisa para o trabalho e enviar um mail para uma lista seleccionada com um pedido urgente: Preciso da vossa ajuda para despachar uma caixa de doces.

Há bocado, a minha mesa parecia o santuário de Fátima a 13 de Maio...

segunda-feira, março 15, 2010

Ontem

Se fui para a praia este fim de semana.
Não, porquê?
Que estás toda queimada na face...

Quando passei pelo espelho hoje de manhã nem reparei nisso, foi de certeza do sol que apanhei durante o almoço de ontem. Virei a parte esquerda da cara àquele quentinho agradável enquanto debicava gressini e conversava, a minha pele é que decidiu que não estava com vontade de colaborar com o bom tempo. A minha pele é assim, acho que não gosta particularmente de mim ou então eu é que ainda não sei tratar dela, mesmo após estes anos todos. Em boa verdade, eu já lhe conheço as manhas mas de vez em quando descuido-me e ela vinga-se. Desta vez foi na cara e no peito que amanheceu cheio de pontinhos vermelhos, parece sarampo mas não é.
Enfim, logo passa.
Tal como logo passa esta constipação absurda que me tapa o nariz e não me ajuda nada nesta tarefa essencial que é respirar. Os vapores de vick vaporub misturado em água quente (ninguém diga à minha mãe que eu admiti isto) ajudaram-me durante a noite, agora é mais a caixa de Kleenex que tenho aqui ao alcance da mão direita, o efeito não é o mesmo mas quem não tem cão caça com gato, que remédio.
Enfim, logo passa. (Rápido se faz favor...)

Se me voltava a pôr ao sol e se voltava a repetir o dia de ontem sabendo isto tudo? Sem sombra de dúvida...

sexta-feira, março 12, 2010

It's gonna be a brigth sun shiny day...

O que é que se faz quando se abre a persiana e se vê que está um sol lindo? Sorri-se e começa-se bem o dia.
E se, só por acaso, hoje se tirasse o dia? Não era ainda melhor? Vai ser...

quarta-feira, março 10, 2010

Ser ou não ser. E o que ser.

Somos obrigados a tomar certas decisões cedo demais, que ninguém venha dizer o contrário. Sei lá o que quero da minha vida ou o que me vai dar gozo fazer ao longo do tempinho que hei-de passar neste planeta aos 14 anos? Podemos ter uma vaga ideia, não digo que não, ou mesmo ideias precisas no caso de estarmos a ser chamados por uma vozita qualquer, lembro-me da arte sob qualquer uma das suas formas, mas no geral andamos todos perdidos por essa idade. Eu falo por mim, completamente paumée que eu estava, sabia lá o que é que queria fazer com tanta voz a buzinar-me ao ouvido.
Nha, nha, nha, medicina (tão burra que eu fui na altura...); bla bla bla, uma engenharia normal (desta ainda agora me rio); professora de qualquer coisa (naaa...); etc, etc. Ouvi de tudo menos o que eu me dizia a mim própria. Estudar, estudava uma coisa qualquer, e gostar, gostava de quê? Parece-me que ninguém me perguntou isso directamente. E eu, burra, lá devo ter achado que na vida não se faz (só) o que se gosta mas o que tem que ser feito e que o que tem que ser feito é "ser" alguma coisa para poder depois encaixar em alguma facção, fazer parte do clube dos que fazem isto ou aquilo. Mas nem por isso escolhi um caminho que me definisse claramente a que clã poderia pertencer. Fui do contra, fiz o que me apeteceu e o que me pareceu que me daria a visão mais abrangente da vida, vi isso como uma vantagem na altura, agora nem sei. Bem me perguntaram para que é que isto dava...
Tem a certeza que quer este curso? E só uma opção?
Óbvio, essa chega e sobra para 5 anos. A mania que toda a gente tem de me perguntar se tenho a certeza... Se digo uma coisa está dito (quase sempre), Quero cortar o cabelo pequenino, Tem a certeza?!; Queria entregar a minha candidatura, Tem a certeza que é isto que quer?! Se calhar falo com pouca convicção, tenho que melhorar este ponto.
Ia na história do gostar, não era? Eu gostava de desporto e de desenhar, basicamente era isto (é claro que gosto doutras coisas, dormir, comer, sei lá). Tinha o bichinho da ginástica, de ser treinadora, daquele ambiente. Mas também de ter montes de tralha de desenho à minha volta, de sujar as mãos, a roupa, o chão, o papel, eventualmente a cara e o cabelo com tinta para chegar ao fim e achar que aquilo estava uma grande porcaria (e estava) . Mas isto não é vida para ninguém tinha eu impressão que me diziam. Disto podia fazer hobbies e ter uma profissão "a sério".
Invejo poucas coisas mas uma são as pessoas que não trabalham todos dias; aquelas que fazem o que gostam todos os dias mesmo que isso seja visto como trabalho por outros. Eu, fazer, acho que faço qualquer coisa, desde tartes de maçã, dar explicações de matemática ou doutras coisas mais feias, limpar jardins, I&D, soldar ou apanhar fruta.
E gostar? Ainda estou para descobrir.

terça-feira, março 09, 2010

Hoje acertaste ó S. Pedro

Uma caminhada por dia logo de manhã, com frio na cara e óculos de sol no nariz, nem sabe o bem que lhe fazia.
Se esquecermos os carros que passavam ao lado e nos concentrarmos no sol então é do melhor (eu bem disse que aquilo de ontem passava).
Vê lá se logo à noite também não te esqueças de tomar os comprimidos.

segunda-feira, março 08, 2010

It's complicated

Se calhar é de estar a ouvir a mesma música em loop desde esta manhã, não sei, mas estou com uma neura gigantesca e não consigo entender porquê. Estou para aqui a perguntar a mim própria por que raio é que me levanto de manhã, qual a razão, para quê, e não consigo chegar a conclusão nenhuma.
Se calhar é porque não há. Razão nenhuma. Então mas, mesmo assim, para quê? As outras pessoas sabem ou sou só eu que tenho estas dúvidas parvas? Levanto-me de manhã para tomar banho, vestir-me, vir trabalhar, almoçar, (já estou a cansar não é?), bla bla bla, voltar para casa, jantar, ir dormir, para no dia seguinte de manhã voltar ao mesmo qual ciclo perpétuo, salvo seja, que não fico cá para semente de certeza? Digam-me que não é só isto. É que não tem lógica nenhuma.
Se calhar estou mesmo a complicar; eu que só quero viver de forma simples. Simplificar não é suposto ser simples? A palavra devia falar por si, bastar-se a si própria, mas parece que só quer dizer o contrário. Simplificar é complicado como tudo, isso eu sei porque não consigo fazê-lo quase nunca e tenho pena, mesmo muita pena.
Se calhar, daqui a bocado já me passou. Tenho as minhas dúvidas, eu conheço-me, isto é coisa para ficar a pensar durante um bocado. Eu bem sei como é que (não) resolvia a questão, pelo menos temporariamente, mas não quero e muito menos devo, asneiras já bastam as que me rodeiam todos os dias. Vou ficar aqui quietinha, ocupar a cabeça com leituras tão técnicas quanto abstractas, a ver se consigo fazer de conta que percebo alguma coisa porque, afinal, aqui é só isso que interessa.
Se calhar estou a ser parva.
Só se calhar. De qualquer maneira, o melhor é fazermos de conta que escrevi isto num momento de insanidade mental temporária. Serve de desculpa para tudo.

I told you so

Tenho saudades do meu cabelo. 20 cm demora quanto tempo a crescer?

domingo, março 07, 2010

Planear para quê?

Só não estava mais quieta porque não conseguia parar de rir, ali no meio do largo do Chiado, de chapéu de chuva aberto e telemóvel ao ouvido, a ver passar um riacho de água pelas minhas botas e ouvir cordas a cair. Eu ali especada e as pessoas abrigadas debaixo dos toldos, que tola aquela... Someone has got to give e como o S. Pedro não estava para aí virado, cedi eu ao excesso de ridículo e corri para a entrada da Brasileira; a rapariga que estava ao meu lado, a páginas tantas, também já se ria com as minhas exclamações parvas, Mas o que é isto...
Finalmente chega a R., com um sorriso ainda maior que o meu, dali até ao Fábulas ficámos com água pelo joelho. Falámos, jantámos, falámos mais e, já tarde, cada uma seguiu o seu caminho. Para casa, que ainda de portátil ao ombro e roupa de trabalho não ia sair para lado nenhum. Afinal não desencaminhei as meninas, elas foram sem mim e eu fiquei a receber mensagens de Onde é que estás? no quentinho da minha cama mas decidida a remediar no dia seguinte. O sentimento que há quem queira saber onde estou numa sexta-feira à noite é bom, lembrei-me disso.
Planear muito para quê se na maior parte das vezes os imprevistos dão cabo de tudo? A chave é o see it coming before it blows and adapt, estou cada vez mais convencida disso, estou-me a agilizar aos poucos e gosto (mas isto é conversa da treta... ).
Enquanto planeávamos a noite de ontem, um telefonema mudou tudo e levou-nos à porta das urgências de um movimentado hospital onde, por sinal, ficámos durante horas. Não só à espera mas também a conversar. Não fomos lá fazer nada a não ser prestar apoio moral e trocar sms com quem estava lá dentro. Não as chegámos a ver mas pelo menos não estavam sozinhas, nós estávamos à porta a ver ambulâncias e pessoas chegar e partir.
Só nos faltava o copo na mão para fingir que estávamos no sítio do costume.

sexta-feira, março 05, 2010

M*rd*s que aprendi com o trabalho

Não necessariamente por esta ordem...

- Há gente com uma lata do tamanho do mundo.
- Ninguém é insubstituível.
- O que conta é fazer de conta que se faz.
- Há mais bestas em escritórios do que no zoo.
- Ovelha que berra, bocado que perde.
- Há mesmo dias em que ser mulher é um handicap.
- Keep calm and carry on (este é que não posso esquecer).

Pode parecer o contrário mas estou bem, saíu-me um peso tremendo de cima, venha o próximo.

E para consolidar estes conhecimentos, hoje, nem que caia o Carmo e a Trindade em forma de temporal, nem que tenha que arrancar as miúdas de casa, eu diria até que nem que vá sozinha, vou sair. Maria Caxuxa, prepara-te.

quinta-feira, março 04, 2010

Ontem

Juntei-me ao bando de marias-vai-com-as-outras (coisa que odeio) e reclamei do tempo mais uma vez, desta chuva interminável que enche as casas e as pessoas de mofo. Os trinta mudaram-me mesmo, eu a adepta do frio, da neve e do cocooning, quero sol e tempo ameno para andar de pé quase descalço e de braços à mostra.
Fui para casa depois do trabalho e abri as janelas todas, a da cozinha, da sala e do quarto para deixar entrar o ar. Mudei-me, liguei a música, descalçei-me (coisa que adoro) e peguei no aspirador para explusar o cotão cor de rosa que já morava comigo e me começava a gastar o ar. Tudo a mexer ao mesmo tempo, a roupa na máquina e o jantar, nem custou muito. Ultimamente tenho adiado, adiado e voltado a adiar certas coisas. Não me apetece, não me interessa, não me importa, já não sou tão minha escrava. Tenho os meus limites mas os thresholds alteraram-se de há uns tempos para cá e ainda bem.
No fim deixei desarrumação na mesma, o material de rabiscar. Constatei o que estou farta de saber, que me falta um cavalete, é que pintar sentada à chinês com a tela ou o papel encostado à parede faz doer as costas... A tenda, essa, ficou armada na sala.

Adeus pseudo-perfeição, até nunca. Não quero ter saudades tuas.

quarta-feira, março 03, 2010

I can see clearly now

Ontem à noite ouvi muitas vezes a seguinte frase: Só queria estar a gravar esta conversa...
Há pessoas com o dom de nos por as ideias no sítio, ou melhor, de nos traduzir por miúdos o que nós próprios estamos a tentar dizer e não entendemos. Eu sei que ela consegue isso comigo. Mal abri a boca para falar e mencionei 1 ano, ela teve a reacção mais honesta que podia ter tido e a única coisa que lhe disse foi Obrigada. Ela riu-se e disse-me que aquela tinha sido a atitude menos profissional que alguma vez tinha tido. Por isso mesmo lhe agradeci, quero a minha amiga a falar, não a Dra xpto. Deixou-me falar, expor os prós, os contras, as fraquezas, forças, oportunidades e ameaças (aqui ficou impressionada, hein...) e no fim disse-me que não sabia porque estávamos ali a falar uma vez que a minha decisão estava mais que tomada. Que o meu problema não é decidir, que não é isso que me angustia. E eu sou tão idiota, ou tão pouco, que não tinha percebido isso.
Ela fala muito por metáforas, eu é mais bolos mas entendemos-nos bem, uma vez tentei explicar-lhe o paradoxo do gato de Schrödinger (que a bem dizer nem eu nunca entendi como deve ser) e acho que ela percebeu. Se ela percebeu isso, eu também entendo qualquer imagem tontinha que lhe saia da boca, é o mínimo. Então diz que o que eu lhe estava a dizer era o mesmo que isto:
S., não sei o que fazer, se hei-de comprar o livro A (acho que ela disse Lua Nova, disparate nunca compraria tal coisa...) ou o B (Código da Vinci, disparate também, já li). Tenho que comprar um deles, não sei qual, só sei uma coisa: não os vou ler. E sei perfeitamente que me vou chicotear por ter comprado qualquer um deles. Então, qual escolho?
O que quer dizer que qualquer decisão que eu tome está condenada do início e que o meu carrasco sou eu. Nunca vou conseguir fechar a porta atrás de nenhuma. E que é isto que me faz mal. O problema não é a decisão, é o que é que eu mais valorizo nesta história toda. O dinheiro não é e um ano é claramente demais, foi das primeiras coisas que eu disse.
Portanto está decidido: 6 meses máximo ou nada. Ou seja, não vou (a não ser de férias para lá, eventualmente).

Estamos em paz. Eu, o meu tico e o meu teco.

segunda-feira, março 01, 2010

Uma história.

No sábado depois de almoço, o telefone tocou lá em casa.
Ó mãe, vai lá tu... De certeza que não é para mim!
Costumam confundir a voz da minha mãe com a minha, de modo que se sou eu a atender o telefone as pessoas começam logo uma conversa que não se dirige a mim. Tenho sempre que interromper e dizer que "Olhe desculpe, fala a I, só um momento que já passo a minha mãe".
E lá foi ela atender a chamada. Estava há tanto tempo ao telefone que de vez em quando ia espreitá-la mas não me pareceu que estivesse a fazer um frete, pelo menos não revirou os olhos nenhuma das vezes. Ouvi-a falar em nomes de pessoas que já cá não estão, pessoas que eu conhecia bem também, muito lá de casa sem serem família. Pessoas com histórias de vida muito modernas para a época em que viveram. Se calhar por isso tão interessantes, pelo menos para mim.
Quando desligou o telefone perguntei quem era. Que nem eu imaginava quem era...
No ano passado faleceu uma amiga lá de casa, uma senhora já com os seus setenta e tal anos que eu vi degradar-se nos últimos tempos que cá andou. Tinha uma voz muito característica, daquelas que se reconhecem no meio de milhões. Tinha, e tem ao que sei que ele ainda não morreu, um irmão escritor, pintor, cartoonista, é à vontade do freguês, conhecido da nossa praça de que sempre ouvi falar mas que pouco conheci. Vi-o pela última vez no funeral dela, está velho, que admiração... No entanto, a arrogância ou altivez que sempre o caracterizou continua lá. Mas adiante. Mulher culta, inteligente, bonita mesmo velha, pequenina, viajada, muitíssimo independente e senhora do seu nariz, era assim que ela era e era assim que ela achava que as mulheres deviam ser.
A pessoa que ligou era um amor antigo da senhora, que a minha mãe identificou imediatamente, como é que ele arranjou o número lá de casa é que ainda não entendi. Soube que ela morrera e queria conversar com pessoas que lhe tinham sido próximas.
Estiveram para casar mas acabou mal. Umas línguas fizeram chegar aos ouvidos dela que ele se tinha prometido a outra ao mesmo tempo, ela não fez mais nada a não ser escrever uma carta a acabar com a história. Sem apelo para ninguém pelos vistos. Era mentira, está bom de ver, incrível como nada muda, o diz-que-disse é uma constante dos tempos. Ele diz que ficou consternado e que nunca mais quis saber de ninguém. Ela casou, muitos anos depois numa idade em que já era considerada velha para tal coisa, não sei se para escapar à fama de solteirona, talvez não, não sei. Ironia das ironias, ficou viúva muito cedo.
Certo é que ele não a esqueceu e que quase cinquenta anos depois quis saber o que tinha sido a vida dela. Cinquenta anos. Pelos vistos quem gosta de nós gosta, passe um dia, um ano ou cinquenta.

Ficou de ir lá a casa um dia para tomar um chá e conversar um pouco mais.

Achei bonito.

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