quinta-feira, dezembro 30, 2010

A passagem

Se não ligo ao Natal, muito menos ligo à passagem de ano. É um dia apenas, marca o fim de um calendário e o início de um novo o que, na verdade, só me dificulta a vida pois passo o primeiro mês a escrever sempre a data errada. Uma pessoa deita-se num dia 31 de Dezembro do ano X e acorda no 1 de Janeiro do ano X+1, e pronto, é só. E isto, cada um o faz como quer, não fôssemos nós livres, é verdade: não temos obrigatoriamente que andar eufóricos. Podemos ficar sozinhos, a dormir, ir ao cinema, ir à rua a bater panelas, estar em casa a atirar pratos pela janela como no Cinema Paradiso, dançar com uma data de gente numa festa qualquer, usar cuecas azuis ou amarelas, não interessa. Olhemos para mim: como estou doente, e bem doente diga-se de passagem, não estou a pensar sair de casa amanhã. E está tudo bem.
O princípio das resoluções até podia ser engraçado mas eu sei que nunca as cumpriria  todas a não ser que fossem demasiado fáceis e isso eu não faço a mim própria. Não ponho a fasquia baixa. A por, seria bem alta mas como não me quero sentir frustrada ao fim de um tempo não a ponho; ponto. As decisões acabam por ser tomadas e as mudanças acabam por acontecer. Sejam pensadas no dia 1 ou não. 
Se há algo que eventualmente se safa é o balanço do que passou, mas repito, isso pode-se fazer a qualquer momento. Em 2009, por exemplo. Um belo dia, olhei para trás e pensei. Pensei. Pensei. Voltei a pensar e disse para mim própria que daí em diante ia proceder de outra forma. Tomei uma resolução. Pus a fasquia nos píncaros e caminhei, e a bem dizer caminho ainda, qualquer dia vou cumprir e será a melhor resolução que já tomei na vida. Se tem mais piada porque não foi tomada na São Silvestre de nenhum ano? Quero lá saber. No 31, no 7 ou no 23, o que interessa nestas coisas das resoluções não é propriamente escrevê-las num papel todo giro, num documento que fica guardado no pc ou proclamá-las diante de umas quantas pessoas. Acho que é mais querermos mesmo cumpri-las e mexermos-nos para isso.

quarta-feira, dezembro 29, 2010

O estado

Fazendo de conta que isto é o Facebook quero partilhar aqui que estou doente. Vou-me poupar a pormenores...

segunda-feira, dezembro 27, 2010

A ânsia

Ou a falta dela. 
O que está ao pé da árvore permanece por abrir. Ainda não fui a casa desde que cheguei. Mais logo trato disso. Não sei se antes ou depois de dar uma limpeza geral ao apartamento, que deixei aquilo tudo de pernas para o ar quando de lá saí na passada terça-feira. Que vergonha... Se a minha mãe visse... Mesmo que ela não veja, eu sei o estado em que a casa está. Isso basta para me fazer sentir algo culpada.
Sei o que está nos embrulhos, sei que adoro o que lá está. Não... Não fui eu que os comprei a mim própria. Mas sei que foram comprados para mim. A pensar em mim. E isto, só por si, na minha vida, é praticamente um inédito.
Um par de sapatos. Vermelhos.
Um cavalete.
Um bule e uma panóplia de chás.

sábado, dezembro 25, 2010

Afinal

ainda não acabou, já não posso mais com isto, a palavra Christmas já enjoa, as músicas de Natal já enjoam e até as rabanadas já enjoam. Tenho família, gosto muito deles, eles de mim, e bla bla bla mas por favor, não estou um ano inteiro à espera para os estar com eles num dia específico do calendário.
Quero ir para minha casa e voltar à normalidade. Isto afinal  não é só um dia no ano: é um mês inteiro antes do dia, é a véspera, a noite, o dia e, pelo andar da carruagem, as duas semanas seguintes que já estou mesmo a ver que antes dos Reis não se vê o fim desta história.
Eu imagino, juro que imagino, o vazio que certas pessoas devem sentir depois desta época. Tanto salto, tanta luz, tanta antecipação, tanto tudo para um dia que dura umas horas e que acaba como qualquer outro. Depois de amanhã muitas das prendas estarão postas a um canto e já não haverá por que correr ou ansiar.
E depois? Pensa-se em quê e corre-se atrás de quê?

PS: Tenho que desabafar. Sinto-me uma baleia, apetece-me devorar todos os restos de doces que ainda há práqui, quero a minha psi, quero a minha nutricionista, quero a minha posição de dormir.

Pronto.

Já passou, não custou nada, ou quase, e para o ano há mais. Esperemos que com a boca fechada e melhor atitude ainda.

quarta-feira, dezembro 22, 2010

Os dias

Os fins de semana são só dois dias, começam no final da sexta e acabam na madrugada de segunda. São constituidos pelo sábado e pelo domingo, dias dedicados normalmente a não trabalhar, ou seja, dias em que as pessoas têm que se ocupar por conta própria, a fazer o que bem lhes apetecer independentemente do facto de terem ou não companhia. Os fins de semana não são bichos papões, não existem para atormentar as pessoas nem para tornar mais evidente o quão necessitados somos uns dos outros. São dois dias. Ponto.
Parágrafo.
Custou mas aprendi e, sobretudo, entendi. Tenho que fazer este exercício em relação ao Natal e à Passagem de Ano.

terça-feira, dezembro 21, 2010

As leis

Bolas... Demoro demasiado tempo a desligar a ficha de umas situações para outras... Se é que alguma vez desligo...
Enquanto penso nisto e num eventual boicote ao meu bem-estar, qual teoria da conspiração barata, penso no Newton. Um génio de mau génio, dizia-se. Estes são sempre os mais interessantes, digo eu.
Penso no Newton e penso: aquela primeira lei não se aplica a mim... Esta coisa de não conseguir desligar a ficha é equivalente a ter dificuldade em parar. Simplesmente parar e parece que, em mim, isso se aplica a tudo: pensar, querer fazer, preocupar-me, tentar resolver; bref, este tipo de coisas. Sair do repouso é fácil, não há atrito que me impeça de arrancar. Fácil talvez não seja mas consigo fazê-lo, nem que demore anos como aconteceu da última vez. O contrário é uma treta; inércia: não vales nada...
A segunda, F=ma. Esqueçamos os sinais de vector (menos 2 pontos) e analisemos isto em módulo: a minha m diminuiu mas consegui manter a minha F, pelo menos, constante, na verdade eu acho que aumentou mesmo. Bom, admitindo que a lógica não me falha, se F se mantém constante e m dimimui, a aumentou de certeza.
Lá está. Tudo explicado... É por causa disto que ando cansada como nunca andei; eu bem sabia que o curso um dia me ia servir para qualquer coisa (a única falha aqui é que isto se aprende no secundário e que, para isto ser válido, m teria que se manter constante... mas faz de conta, serve).
Ao pensar na última lei é que volto à teoria da (auto-)conspiração: para toda a força aplicada, existe outra de mesma intensidade e mesma direcção mas de sentido oposto. Acção. Reacção. E se sou eu que faço isto a mim própria? Às vezes acho que sim, parece que faço isto porque quero, só para dificultar um pouco mais a minha vidinha, no fundo igual a tantas outras mas que eu teimo em achar tão diferente e tão especial, pois já que é minha que seja alguma coisa de jeito, não? Isto explicaria também o cansaço, dá trabalho puxar em dois sentidos opostos.
Mais uma vez há aqui uma falha. É que não sou masoquista. Nem idiota. 

segunda-feira, dezembro 20, 2010

Back

from Barcelona. De passagem por Lisboa. A caminho de "casa".
Praí com 2kg a mais.
Feliz Natal a mim...

quarta-feira, dezembro 15, 2010

Macau

Estive naquele pátio, há mais de 10 anos antes de voltarem à pátria-mãe. Lembro-me de pensar que aquilo parecia uma selva a querer furar o cimento do muro da escola. Pui Tou, o nome da escola.
Também estive naquele jardim onde os velhotes estavam a pendurar as gaiolas dos pássaros. E em tantos outros sítios que estão a mostrar...

terça-feira, dezembro 14, 2010

Tivesse eu paredes suficientes...

 
Portrait of a Young Woman, 1896-97 (Gustav Klimt)


Blue Nude, c.1902
(Picasso)


Anthropometrie (ANT 130), 1960 (
Klein)

 
Natura Morta, 1952 (Morandi)

Bom dia.

Adormeci sem dar conta. 
O filme acabou, o portátil foi para o chão e o livro veio para a minha mão. A luz do candeeiro está-me a incomodar mas só gosto de ler virada para este lado, tenho que aguentar, tenho que aguentar só mais um bocadinho; deixa cá fechar os olhos, só uns instantes que já continuo a ler... Voltei a abri-los porque o livro me entalou o polegar; pronto, deixa cá marcar a página e apagar a luz; livro em cima da mesa e não me lembro de mais nada
Acordei, o contrário é que seria de estranhar, tenho o sono demasiado leve. Devo ter dito alguma coisa, perguntado as horas, sei lá; virei-me, posição de dormir, edredon para cima e tudo preto outra vez até que o grilo começou a cantar às 7, irritante como só ele sabe. 
"Sabes, quando cheguei, estavas a ressonar..." Foi o meu bom dia.

segunda-feira, dezembro 13, 2010

O altruísmo

É desejar que, neste Natal, a minha vizinha deixe de ser surda.
Não quero mais nada.
Obrigada.

quinta-feira, dezembro 09, 2010

Please give

Ou como a culpa é a gasolina da vida de tantas pessoas...
Saí de lá a pensar que daqui a 60 anos e 3 meses não quero ser como aquela velhota hilariante irritante... Ou continuar a pensar como aquela mulher daqui a uma dezena de anos, apesar de desejar um dos aparadores que ela tinha na loja.
Em suma, gostei muito do filme. Digam o que disserem, that's life. Pelo menos eu conheço algumas bem parecidas...

terça-feira, dezembro 07, 2010

TPC para 2011

Parar de responder "Eu sei" a quase tudo.
E se possível não substituir por nenhum sinónimo. Manter a matraca fechada, vá...

To do list

- Comprar os módulos de aquecimento.
- Mudar o contador para bi-horário.
- Pintar a sala, o corredor e o quarto (já agora, decidir a cor dava jeito).
- Escolher a porta da casa de banho, esta já irrita.
- Mudar ou compor o rodapé.
- Mudar o estore da sala...
- Comprar o bendito aparador para a sala.
- Comprar a bendita mesa da sala.
- Mandar emoldurar os quadros...
- Fazer desaparecer o camiseiro do quarto.
- Organizar os meus livros que eles merecem. 
- Escolher a próxima cadeira lá de casa, namorá-la durante uns meses e, por fim, chorar o meu dinheiro de felicidade quando carregar na tecla OK de confirmação de pagamento...
- Dar pulinhos quando a cadeira entrar lá em casa.
- Fazer desaparecer a minha vizinha de baixo.

Agora que re-leio a lista dou-me conta que a maior parte dos itens podem ser resolvidos facilmente, é acordar de manhã com vontade disso e já está.
First things first: o aquecimento. Ter frio em casa é que não.

segunda-feira, dezembro 06, 2010

Fazer, dar, ajudar, whatever...

Não há desculpas para quem tem vontade de fazer alguma coisa. O Sr. PT e o Sr. CGD ajudaram e até aderiram; foi só para a foto?, não faz mal, até isso vale. Há para todas as idades, disponibilidades, funções, áreas de actuação e locais.
 

domingo, dezembro 05, 2010

Que irónico...

Pela primeira vez desde que moro sozinha, tenho uma árvore de Natal. Que irónico...
Não morro de amores pela época, é sabido, faz-me confusão a atitude das pessoas nas semanas que antecedem a noite do dia 24. A corrida às prendas, a azáfama das compras de última hora, o nervoso de querer fazer tudo a tempo, porquê isto por causa de um dia? A falta de tempo crónica que temos uns para os outros nunca há-de ser compensada num dia. Meti na cabeça que esta é das alturas mais hipócritas do ano mas não quero ter razão. E talvez não tenha. Talvez eu seja demasiado pessimista...

sábado, dezembro 04, 2010

Procura-se

Método infalível, silencioso, limpo e impossível de rastrear para por a minha vizinha de baixo com dono, que é como quem diz, fazê-la desaparecer, fazer-lhe a folha, o que seja. Ou então alguém que descubra a cura par a surdez.
É só isto que quero para o Natal.
Obrigada.
(não parece mas estou furiosa, só me apetece descer as escadas, bater-lhe à porta, mandar dois gritos e partir-lhe a televisão).

sexta-feira, dezembro 03, 2010

Boa...

Meti a pata na poça e agora não sei como a tirar de lá.

quinta-feira, dezembro 02, 2010

Conclusão

Acho que já percebi. 
Gosto de estar acompanhada mas de sentir tudo à minha volta como se lá estivesse só eu. De sentir que não é forçado, que posso continuar calada e que isso não é estranho. Que posso andar pela livraria à vontade, ver isto, aquilo, e sentar-me no chão se me apetecer folhear um livro com mais atenção. Demorar-me a ler a revista que fui buscar enquanto espero pela minha fruta com iogurte e pelo meu pão com manteiga sem estar sempre a pensar se devia dizer alguma coisa. Apetecer-me, entrar num sítio só porque sim, parar no meio do local e olhar em volta, questão de perceber se algo me chama a atenção por tempo suficiente que me faça deslocar até lá e, se não, dar meia volta e sair, sem perguntas descabidas. Não ter que andar de sorriso na boca se não estiver para aí virada. Ficar a ler uma treta qualquer no sofá com a manta nas pernas, as almofadas nas costas, a chávena de chá no chão. Caminhar em silêncio.
Ao fim e ao cabo, ser e estar sem enviar constantemente um sinal de heartbeet ou de keep alive. Eu estou ali e sei que os outros também.

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