domingo, outubro 31, 2010

À quoi ça sert l'amour?

Ando à procura de uma música que ouvi hoje na Antena 1, uma versão Bossa Nova de uma música da Piaf. Já revolteei o youtube e nada. É o que dá não prestar atenção...

sábado, outubro 30, 2010

Os santos

Isto de uma pessoa ter que viajar nestes fins de semana prolongados e ainda ter uma data de afazeres antes de se pôr a caminho, tem sempre que se lhe diga. (Também tinha piada que o cavalheiro que vai aqui ao lado parasse de olhar para o que estou a escrever)
Lá consegui finalmente que aquela consulta que eu andava a pontapear na minha agenda há demasiado tempo ficasse para hoje e decidi que não valia a pena desmarcá-la só para aproveitar mais meio-dia de um fim de semana que já de si é grande. Até o aproveitar é relativo aqui, tenho a certeza por exemplo que dormi mais cá do que se tivesse ido ontem para cima. Mas adiante.
A caminho da consulta, um tipo louco no metro, daqueles que vomita todos os seus pensamentos pela boca em vez de fazer como a maior parte das pessoas faz e guardá-los para si. Por isso é que fomos dotados de fala e de pensamento em separado, falamos e toda a gente ouve, pensamos e só ouvimos nós; infelizmente há quem não perceba e aquele senhor era um deles. Imagino se eu própria passasse a exclamar tudo o que penso e não é nada de mal (às vezes), quanto mais andar por aí, como ele, a classificar o tamanho dos rabos e das mamas das meninas dentro das carruagens e descrever o que lhes faria... À saída do metro, a vingança do S. Pedro: uma molha(zita) até ao consultório. Durante a consulta, a vingaça dos pastéis de nata: mais umas gramas em cima do lombo. E por final, já na estação do Oriente, o S. Pedro ataca de novo e encharca-me completamecnte enquanto procuro a carruagem de 1ª classe que fui obrigada a frequentar porque todos os outros bilhetes já estavam esgotados. Não queria deixar isto sem dizer que lá na estação a culpa não foi só do S. Pedro. Se o Sr Calatrava se tivesse preocupado em conceber uma estação de comboios, daquelas que as pessoas usam para apanhar comboios que têm que esperar em cais em vez de recriar ali o Dubai cheio de palmeiras faz e conta, eu não estaria neste momento sentada no meu banco pior que um pito todo encharcado. Tadinho do pessoal que vai ali apanhar o que quer que seja, linha de Sintra ou coisa que o valha. Para a próxima, e já que os Santos andam metidos ao barulho, Santa Apolónia me acuda...

sexta-feira, outubro 29, 2010

Hoje

É sábado à noite, estou em casa, de manta nas pernas e penso nas minhas hipóteses que são só duas, nada melhor quando temos que escolher, 50 por cento para cada lado, rouge ou noir faites vos jeux messieurs dâmes.
No vermelho aposto o ficar onde estou. É fácil, é cómodo e já cá estou. Consegui passar o dia de hoje sem apanhar uma única gota de chuva, o que é pródigo, ficar por casa seria o garante de uma noite seca também, em todos os sentidos. Tenho Magnuns after dinner no congelador, um livro aqui ao pé de mim e uma cama fofa lá dentro no quarto. Não me parece mal.
No preto resta-me sair. Ainda ir vestir-me, dar um toque de sombra, máscara e blush, um pshitt de perfume, calçar as galochas e dirigir-me ao centro da festa. Sei que o amigo vai se o S. Pedro assim o permitir, as meninas falaram nisso há uns dias mas ainda não há resposta à sms que enviei e está a ficar tarde.
Logo se vê...

quinta-feira, outubro 28, 2010

Arrumar

Quando o pânico do não-sei ou do não-me-apetece ataca o meu dia a dia, arrumo. 
Ontem, assim que cheguei a casa, comecei a arrumar o meu roupeiro. Hoje, depois de fazer nada, arrumei a minha secretária. Para não começar a rasgar papelada que ainda me pode vir a ser útil achei melhor vir aqui escrever. 
Ando desta maneira porque não tenho grande vontade de nada e não tenho grande vontade de nada porque ainda não pus este traseiro a mexer. Não salto da cama de manhã com vontade de vir trabalhar, não saio do banho a pensar que albarda irei envergar e já ando com este verniz nas unhas há demasiados dias. Não quero tornar-me uma louca das arrumações, mais vale perder uma hora a actualizar o cv...

quarta-feira, outubro 27, 2010

"Cuius rei demonstrationem mirabilem sane detexi."

Se eu tivesse tanta capacidade para fazer coisas inteligentes como tenho de sonhar disparates até podia ser uma pessoa importante nesta vida. Infelizmente, todos os meus esforços mentais (involuntários) parecem concentrar-se na tentativa de, noite após noite, sonhar com os cenários mais estapafúrdios do universo. Podia sonhar com algo útil, sei lá, com a demonstração de um teorema qualquer, mas não, sonhar com idiotices é muito melhor.
Quanto menos durmo mais sonho, o tamanho das minhas olheiras já começa a ser directamente proporcional ao grau de estupidez dos ditos e o tempo que perco de manhã a tentar juntar as peças do puzzle que faço durante a noite já começa a ser demais. Gostava mesmo que alguém um dia me explicasse porque é que isto me acontece, assim em jeito de demonstração, que eu nessas provas acredito porque a notação matemática, essa, não engana.
A partir de hoje, uma nova variável entra na equação: a minha vizinha de baixo foi para a terra. Vamos lá ver o que é que isto muda...
 

segunda-feira, outubro 25, 2010

Why is life worth living?

That's a very good question indeed... And I believe there are some people in Lisbon who also create incredible neurotic problems in order to avoid thinking about more serious things. Like me.


Acho que já chega de horas deitada no divã (por acaso é sentada no cadeirão). Acho que já percebi.

O que é que as casas fazem quando ficam sozinhas?

Imagino algumas vezes o que se passa em minha casa quando eu não estou lá. Nada. Só deve haver silêncio ou, no limite, deve ouvir-se o barulho do pó a cair no chão e das baratas a andar dentro das paredes.
Neste apartamento, parado no tempo durante 70 anos, nada mudou, qual cápsula do tempo fechada à chave em vez de enterrada. Entrar ali deve ser como entrar para dentro de um quadro a três dimensões, olhar para tudo sem mexer em nada e tentar perceber como é que aquilo tudo fazia parte da vida de alguém. Gostava de lá ter entrado.

sexta-feira, outubro 22, 2010

Visita

Não sei quantas vezes já visitei este museu nem quantas vezes já ouvi esta valsa, mas assim nunca. Também me parece que nunca toquei numa tela num museu, tentei mas aquilo apitou imediatamente e, seguramente, nunca tive a lata de dizer (pelo menos em voz alta) que Delacroix fait chier... Mas se calhar já o pensei muitas vezes.
Tem piada e não tem.
 

Ce que dirait Gainsbourg?
Je n'ai fait que passer.

Queixinhas

J'en ai marre de tout ce petit monde.
J'ai mal aux yeux.
J'ai mal au coeur.
Oh, et puis zut...

quinta-feira, outubro 21, 2010

No, I can't

Ter um animal lá em casa (exceptuando a minha pessoa). 
Por muito que queira ter um(a) gatinho(a) não posso. Bem... não é bem não posso, é não devo...
A ideia de ter o bichano em casa o dia inteira faz-me confusão, animais sim, mas com acesso a espaços exteriores para que se possam pelo menos mexer. E se o animal é de companhia estaria a fazer companhia a quem? Ao sofá lá de casa? Depois, com a treta da vida que tenho, acima e abaixo, teria que andar com o animal às costas vezes demais. Já me estou a imaginar a chegar com o gato debaixo do braço ao trabalho à sexta-feira, a pousá-lo ao pé da secretária e a dizer-lhe: Vá, agora ficas aí quietinho e, SOBRETUDO, não mias nem fazes xixi até logo à tarde, sim? É impossível de momento. Talvez um dia. 
Enquanto sim e não tenho a minha Chaneca em casa dos meus pais. A miúda da foto de baixo, que já tem 13 anos, prostra-se à porta do meu quarto de vez em quando como que a perguntar se nunca mais venho, levanta as orelhas quando ouve o meu nome e fica a olhar para todo o lado quando a minha mãe lhe põe o telemóvel ao ouvido para que eu lhe fale. Ou então estou louca e quero-me convencer que ela gosta tanto de mim como eu dela.
Tenho que me resignar a caçar com plantas. E até essas deixo morrer...

quarta-feira, outubro 20, 2010

Queixinhas

Dói-me a cabeça mas sobretudo os olhos, lá atrás das órbitas.
Não sei se tenho fome ou se estou só enjoada.
Já dormia.
Já saía daqui também.

In my dreams

O Ricardo Araújo Pereira é quem me está a emoldurar as ilustrações e os prints na oficina. Explica-me que quanto maior é o ângulo entre o topo do quadro e a base, mais difícil é equilibrá-lo na calha. Não percebo porque raio é que de simples molduras passei a querer expor a papelada em mini-cavaletes, não tenho espaço suficiente para isso mas tudo bem, isto afinal é só um sonho, posso disparatar à vontade. Posso até ter um gato mal-cheiroso a trabalhar para mim. Sonho por sonho podia pelo menos estar mais despido, era ainda mais engraçado. 
Também havia outro gato, daqueles a sério, todo branco, peludo, lindo, sentado no braço do sofá. Sempre que me aproximava dele e estendia a mão para lhe fazer uma festa, o moço abocanhava os meus dedos e transformava-se em cobra, daquelas a sério, branca também, feia, com a base enrolada e a cabeça alçada. Dois passos para trás e tinha gato outra vez, dois passos para a frente e tinha uma mordidela de cobra.
Traduzindo menina  I:
- Mexe esse teu traseiro e vai mandar emoldurar as ilustrações que tens em lista de espera há meses. 
- Decide de vez se queres (podes ter) um gato lá pra casa ou não!

terça-feira, outubro 19, 2010

Como menos

Não me agrada nada fazer visitas ao hospital. Eu sei... é mau eu dizer isto. (Que raio de pessoa és tu I?)
Entrar a medo no quarto, encontrar a pessoa num estado fragilizado, eu constrangida a tentar agir naturalmente, ela a esboçar um sorriso sentido ou não e um obrigada. Não fui obrigada, quer dizer..., mais ou menos, foi a minha consciência que me empurrou um bocadinho para vir; sabes, é aquela sensação de tem que ser.  Não é que não goste das pessoas, gosto; não sei é o que se sente do lado de lá.
Penso tantas vezes que estou a incomodar; que quem me recebe faz um frete tremendo e preferiria ficar sossegada. Logo a seguir passa-me pela ideia que talvez seja agradável constatar que alguém se lembrou de nós. Já não sei. Uma pessoa esquece-se demasiado depressa do que sente nestes casos.
Hoje vou lá. Não entro naquele sítio há uns bons 5 anos e, sinceramente, não me apetece muito ir mas vou. Não gosto? Paciência, faço como diz no título.

segunda-feira, outubro 18, 2010

Ao lanche

Uma colega: Então, disseram-me que fizeste furor no outro dia de manhã.
Eu: Eu?! O que é que te contaram?
Ela: Que puseste a fulana-de-tal no lugar dela. Mas o que é que lhe disseste?
Eu: Ahhh. Então, ela estava-se a fazer de parva, que não entendia porque é que os colegas a tratavam assim. Eu só lhe disse o que era óbvio: És uma pita... Eles desmancharam-se a rir e ela amuou.

{grande suspiro...}

Estou para aqui a pensar na OST que melhor se ajusta ao dia e hoje e não me decido. Help, Beatles ; Save Me, Aimee; Bad Day ou até mesmo Don't miss you at all, Norah Jones. Tiremos-lhes qualquer sentido romântico, pensemos só nos títulos e todas servem. Até uma da Lily Allen que eu invoco de vez em quando mas que não se pode dizer porque é asneira. Sei é que entrei hoje neste sítio ao som do Requiem do miúdo prodígio.
Mas porquê? Porque é que as licenças têm que ser tão curtas para certas pessoas? Acabou a paz, recomeçam as mesquinhices, os cochichos, os corredores acima corredores abaixo, aquela atitude de não sei quê.
Das duas uma: ou fico zen até não poder mais ou, um dia destes, cometo um crime. Diz que compensa às vezes.

domingo, outubro 17, 2010

Cansada mas sabe bem

O tempo que demoro a cá chegar é o único contra, porque que passo cá dias de qualidade, passo. Mesmo que seja a "trabalhar" e que ao fim do dia já esteja na cama às 21:30. Por ter vido perdi um dia de canoagem, pena que não me parece que haja muitos mais dias propícios à prática... Não se pode ter tudo.
Agora, durante a viagem de regresso (que giro, agora já é regresso, já não é ida. Antes regresso era cá em cima), aproveito para pôr isto e a leitura em dia. Enquanto há luz...



sexta-feira, outubro 15, 2010

As notícias II

Foi há um mês certinho que soube que a história se estava a repetir. Hoje, um mês certinho depois, outra etapa ficou para trás: a operação. Podemos riscar este item da lista, esperemos que tenha sido o mais complicado. É o que as pessoas costumam dizer, que o pior já passou.
Só que eu sei que não foi, que o pior ainda não deve ter passado, infelizmente. Cortar, cozer, pôr pensos, drenos e esperar a alta não me parece o mais difícil. Não passei por isso mas sei-o muito bem, infelizmente percebes diz-me a minha mãe. Acho que na altura até tive dores por empatia mas eu sou uma maricas, tenho medo de cobras na televisão... Agora vem a fase de aceitar isto tudo, de mastigar, engolir e digerir. Isto é que custa. Parecendo que não, a carne cura muito mais facilmente que o espírito. É tão estúpido não é?, não vemos os nossos pensamentos, não lhes tocamos, às vezes parece que não existem e que não têm importância nenhuma mas eles comandam-nos. Eu se pudesse dava com cada soco aos meus...
Bom, apesar disto tudo eu sei que ela vai manter a disposição lá em cima, essa minha tia minha homónima com quem eu choco tanto. E também sei que daqui a uns meses ela vai estar tão bem como hoje está a irmã mais velha dela, minha mãe.

Oferece-se e precisa-se

- Braço (recentemente picado para administração de vacina) a quem precise de estrelar ovos.
- Vontade de sentir as músicas da Melua.
- Um café...
- Outras coisas

quinta-feira, outubro 14, 2010

É tudo e nada, não sei

Diz quem me conhece que tenho necessidade de catalogar, de pôr dentro de caixas e etiquetar, uma mania de saber (sobretudo de perceber) que tanta vez me deixa a bater com a cabeça nas paredes por causa dos pequenos obstáculos que vou enfiando no caminho. Empanco, em ninharias dizem, porque não encontro as palavras certas para definir a mim mesma o que sinto e que depois fico ali a moer, a moer, a moer... Lembrei-me que quando era garota lia dicionários, será que vem daí esta mania idiota de arranjar uma definição para tudo?
É à custa desta minha dificuldade que me dói o estômago; de tanto tentar digerir a consulta de ontem, devia ter metido um dia de férias só para isso. Ia por exemplo sentar o traseiro num banco, numa cadeira ou num sofá qualquer e ficava ali só a pensar na extensa conversa de ontem. Ou então ia comer tudo o que me aparecesse à frente estoirar dinheiro para uma loja qualquer para não ter que pensar nisso. Não é nada de realmente crítico; aliás, é tão banal que até chateia, ou melhor, é isso mesmo que me chateia. É esta treta de sentimento de insatisfação em relação a qualquer coisa que não sei definir. Às tantas não é nada e je cherche simplement la p'tite bête. Até parece que não tenho mais nada que fazer... Até parece que ando a arranjar desculpas para continuar a ter consultas...

quarta-feira, outubro 13, 2010

A futilidade

Existe em mim como em qualquer outro ser imperfeito, acho eu. 
Eu tento dar-lhe para trás, não cedo facilmente aos seus apelos mas de quando em quando gosto de me presentear com peças criteriosamente escolhidas, versáteis e intemporais, mas nunca sem me chicotear mentalmente 3782 vezes por estar a queimar o produto do meu trabalho numa simples coisa. Se me chicoteasse realmente talvez não me desse para estas coisas, não era? Não compro por comprar, não penso só nisso, mas culpo-me na mesma por estar a fazê-lo, vá-se lá saber. Chamo-lhe futilidade, não sei se é bem isso mas uso a palavra na mesma, talvez porque podia viver sem.
Já o fiz com uma cadeira, com uma mala, com uma peça de roupa, com momentos, com um pedaço de papel, sei lá... Agora apetecia-me de novo mas não sei com o quê. Ainda...

terça-feira, outubro 12, 2010

A ignorância

Não saber é uma trampa. Precisamente porque me dá margem para pensar, para imaginar e para me ir convencendo do que penso. Suspeito, acho, sinto, tenho quase a certeza, danço conforme isto tudo , o que já de si é mau, mas, na verdade, não sei. Posso estar certa (nesse caso é uma trampa ainda maior) ou errada (e aí seria o cúmulo do alívio). 
Se estiver errada fico com outro problema: o resultado final não rima com as minhas acções e isso baralha-me. Já das outras vezes me baralhou e à custa disso é que ando a asnear mais e mais,  aposto tudo o que quiserem, acho que quero provar a mim mesma que o que faço conscientemente tem repercussões visíveis em mim, parece que gosto de me ver falhar. 
Se estiver certa vai ser uma novidade. Há mais de um ano que estou errada de cada vez que tenho dúvidas. Não sei como vou reagir nesse caso mas das duas uma: ou desencarrilho de vez ou tendo para o equilíbrio de novo. É sábado mas estou tentada a adiar. E adiar quer dizer que vou continuar sem saber...

segunda-feira, outubro 11, 2010

Until something do them part

Marcar cabeleireiro fora do sítio do costume quase deu asneira. O nome era o mesmo, o sítio é que não e eu tinha que me "esquecer" de ver a morada, fiada que estava que tinha que ser num dos shoppings da praça. É claro que não era e que andei às voltas até encontrar a porta da coisa. O resultado foi meia-hora de atraso que acabou por não interferir em nada pois à hora marcada estávamos todos à porta da igreja prontos para casar a rapariga. Ela também já lá estava, formosa e segura, de braço dado com o pai, à espera da madrinha que foi quem se atrasou nesta história toda. O noivo, ou o acessório como alguém lhe chamou, também (des)esperava lá dentro enquanto nós conversávamos animados e sentadinhos nos bancos da igreja.
Se há uns anos atrás me tivessem dito que eu estaria ali para casar aqueles dois, nunca teria acreditado. Acho que nem a noiva teria acreditado... A verdade é que aconteceu, que correu tudo bem (obrigadinha S. Pedro), que chorei que nem uma Madalena ao longo do dia, que me diverti imenso, que adorei rever os meus amigos, brincar com a princesa de uma delas, que até fiz de pirosa a cantar karaoke e que só espero que daqui para a frente tudo seja melhor que antes para eles os dois. Pelo menos até que alguma coisa os separe...


PS: Acabo de recebe a pior notícia do ano... A galinhola está de volta a partir da semana que vem. Acabou o meu sossego...

sexta-feira, outubro 08, 2010

To do

Tenho esta página aberta há horas, uma data de coisas na cabeça entre as quais a indumentária do casamento que tenho amanhã e o que ainda tenho que fazer antes de ir, dois documentos chatos para acabar de escrever e uma versão interessante do I Will Survive em loop nos ouvidos. 
Olhando para o cenário até acho isto tudo muito coerente. Sou um bocadinho eu, esta confusão mais ou menos encarreirada; as quinhentas coisas começadas e nenhuma acabada, as to-do lists com itens por riscar. Sou também o cruzar dos dedos das duas mãos e esperar (esperar de esperança, não de ficar com o traseiro sentado) que no fim a coisa aterre em segurança; porque é isso que acaba por acontecer, por muita turbulência que apanhe pelo caminho. Nem sempre fui assim mas aos poucos fui percebendo que a mania de querer controlar o mundo não me leva a lado nenhum. É uma lição difícil como tudo de encaixar.
Penso muitas vezes como é que as coisas vão andando agora que já não sou eu que quero mandar em tudo.  E como é que era antes porque, afinal, hoje em dia, eu mais que sobrevivo. Não era mesmo preciso tanta coisa, tanto sofrimento antecipado por coisas de nada, tanto tempo passado a bufar, tanta voz levantada, tanta nota mental, tanta treta. É quando penso assim que tenho vontade de me esbofetear por todas as vezes que insisti na mesma tecla e me senti ansiosa e até preocupei os outros por porcarias de nada.
Se calhar tenho uma estrela qualquer em algum lado, quem diz uma estrela diz outra coisa qualquer, que me dá um pontapé no traseiro de quando em quando, me acorda para a vidinha e me diz Mas tu queixas-te de quê pá? Ou então não e tenho coisas palpáveis como a minha bengala, os meus amigos e o quadro lá de casa que me lembra todos os dias que é para keep calm and carry on.
Pronto e agora dois pares de estalos e vou almoçar que tenho uma data de coisas para acabar.

quinta-feira, outubro 07, 2010

No outro dia

Diz que o problema é passar do medo do +1 ao vício do -1. Eu digo que não sou burra e ela responde-me que é um padrão das inteligentes.
Eu acho que o problema é eu estar a pensar nisto agora em vez de estar a trabalhar.

quarta-feira, outubro 06, 2010

Os dias da república

No domingo havia duas hipóteses: ficar em casa e dar uso à manta do sofá ou saltar o pequeno-almoço e sair directamente para um brunch. O céu ameaçava mais que muito mas foi a segunda que ganhou e perto do meio-dia saímos em direcção ao Petit Bistro; eu, quando gosto de um sítio volto lá sempre. O dono é francês e simpático, há quem diga que é impossível mas não é, ouve-se música agradável, há revistas e jornais para folhear à vontade e o pequeno-almoço-almoço é óptimo. Se chegar lá já foi complicado, difícil a sério foi sair, juro que não sei o que é que o S. Pedro tem contra mim mas só não choveu enquanto estive lá dentro. A minha roupa já pingava por todo o lado antes mesmo de chegar ao Camões, o meu guarda-chuva já se tinha virado duas vezes e não iria resistir muito mais. O ar de aflição/impotência do senhor do outro lado da passadeira que levava com a água toda vinda dos beirais ainda me fez rir, ele encolhia os ombros e ria também, chorar é que não valia a pena. Escusado será dizer que chegada a casa foi a manta que acabou por me valer.
Ontem, visto que o tempo prometia algumas tréguas, o destino foi a rua também. Lembro-me exactamente do que fiz no ano anterior jour pour jour: CCB e palácio de Belém, chovia ou estava para isso. Este ano nem CCB nem fila para entrar no palácio, caminhada até à esplanada para almoçar e deambulação por ruas nunca dantes caminhadas com o bónus da descoberta de uma loja que me fez parar. Perguntei se estava aberta num dia feriado. Que sim. Então entrei e nem um minuto depois já havia conversa com a simpatia do dono acerca das fotografias, dos lenços lindíssimos e das peças de prata que havia espalhadas pela sala. Depois saí, com um saco; lá dentro uma écharpe e uns brincos em forma de Physalis ainda com folhas. São a tua cara disseram-me as miúdas no terraço do Noobai. Pois são, eu sei. 
Estar nestes dias com vocês é bem melhor que tudo o que possa ter feito pela mesma altura no ano passado. Viva a República, sim, vá...

domingo, outubro 03, 2010

O fumo

Andar de taxi é sempre uma incógnita; tanto pode ser a pasmaceira, a aventura, o medo, a surpresa ou outra coisa qualquer que se imagine. Ainda hei-de ter alguns anos disto pela frente, não vivi nada ainda mas há viagens que me ficaram na memória não pelos trajectos em si, que são sempre os mesmos, mas pela pessoa que conduzia está claro.
Hoje apanhei um senhor que passou a meninice dele na 24 de Julho, onde aprendeu a sobreviver, cuja mãe era uma santa e que detesta bêbedos, reminiscências de um pai que gostava muito de fazer duas coisas (para além de beber): não trabalhar e bater na mulher. Só um aparte: espanta-me sempre, mas compreendo ao mesmo tempo (tenho sempre que me contradizer), que as pessoas falem das suas vidas com esta aparente facilidade. Falo com mágoa, dizia-me ele; pois acredito que sim ou não estaria a falar disso, penso eu. Eu compreendo-o, ele não me conhece, nunca mais me vai ver, porque não aliviar um pouco o peso do saco? Um pouco de compaixão não faz mal a ninguém. Outra coisa que me espanta é que uma viagem tão curta dê para falar tanto, mas enfim; fiquei pelo menos contente de saber que a mãe do senhor passou mais tarde a ser tratada como uma princesa e que ele reviveria tudo de novo mesmo sem saber o que sabe hoje e sobretudo por isso!, frisou ele.
O senhor de que me lembro mais vezes é aquele cujo maior prazer na vida é fumar. Foi ele que mo disse enquanto fumava dentro do táxi que cheirava, obviamente, tremendamente a tabaco. Disse-me também que o segundo maior prazer da vida dele era ler (nunca teria adivinhado, confesso). Tinha 54 anos e vivia com os tios desde pequeno. Ele andava com o táxi de noite e o tio de dia mas que este trabalho não lhe agradava nada. O que ele gostava mesmo era de se fechar em casa a fumar, a ler e a escrever; sim que ele era licenciado e mestre em Línguas e fazia traduções regularmente para uma entidade qualquer, nessas alturas nada de táxi. Não falei muito nessa viagem, ele deu conta do recado todo com bastante qualidade devo dizer. Quando cheguei a casa não sabia bem o que pensar a não ser que aquela pessoa sabia qual era o maior prazer que tinha na vida e eu não.
Quando penso nele penso invariavelmente noutra pessoa, é um associação um pouco parva porque o que os liga é apenas e só o tabaco (no caso do segundo Gitanes azuis). Diria também o aspecto decadente e um certo nível cultural, vá. A reciprocidade da associação deu-se este sábado enquanto folheva um livro na fnac e pensava se o havia de levar para casa ou não. Acabei por deixá-lo lá.

sexta-feira, outubro 01, 2010

DEL

Não encontro a tecla DEL para mandar o dia de ontem para o caixote do lixo. Passou de relativamente calmo de manhã a mais-ou-menos durante a tarde, à verdadeira treta à noite e ao descalabro total durante a madrugada; e tudo graças a quem? A mim.
Hoje vou accionar o menu de Repair para ver se compenso o disparate que está para trás. E vou começar por fora; limpar a pele da cara, pintar as unhas de fresco e comprar um mimo para mim, ainda não sei bem o quê. Preciso de encher o meu frigorífico, de pôr a minha casa em ordem e de me demorar debaixo do chuveiro com a prateleira ao meu lado cheia de boiões e de frascos de tudo e mais alguma coisa, funções, cheiros e texturas todas confundidas. Depois, já de pijama, é sentar no sofá à chinês com uma revista e com a televisão ligada a falar para o boneco, luz apagada e janela fechada que o verão já lá vai. Vamos ver se me apetece o primeiro chá da estação.
Depois voltamos a anteontem, ou é melhor ir logo para amanhã?, e fica tudo bem.

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