sábado, dezembro 31, 2011

O ano

Tiro férias, uma semana em "casa" que sabia ser tempo a mais longe de "casa", levo trabalho claro, sempre me distrai e contribui para uma primeira semana mais leve, se levo o do trabalho para quê levar o meu pequeno?, um chega e sobra. Isto pensava eu há uma semana.
Acertei na parte da semana demasiado longa e expasperante, tinha-me esquecido da parte do cheia de comida e de gente a comer e a insistir para que os outros comam também, falhei na parte da distracção: ao segundo dia dei cabo do portátil. Quem manda forçar um shut-down enquanto ele faz o shut down sozinho? O resultado? Simples. Uma semana de reclusão e de total alheamento destas lides informáticas; sem ver mails, sem escrever aqui, sem ler os pasquins (termo querido com que trato os blogues que sigo) do costume, sem nada. O mais curioso, e divertido até, é que sobrevivi; mesmo a tempo de passar de um ano a outro.
Uma passagem rápida por "casa" antes de rumar àquela onde agora me encontro dá-me uma péssima notícia: a minha vizinha surda e insómniaca acaba de pôr meo, zon ou lá o que é, em casa, o que me faz antever um 2012 bastante difícil. Isto o medo de ficar sem tv é complicado, digo eu que, praí a 15 dias de ficar sem serviço, ainda nem me dignei a ver de um descodificador nem estou propriamente preocupada com isso.
E pronto (a minha exclamação preferida), agora é esperar por logo à noite, passar de ano e verificar que fica tudo na mesma, como a lesma e como sempre, que vêm aí mais 366 dias para gastar e aproveitar pelo menos tão bem como os que passaram. O que me chateia verdadeiramente neste momento é que o cão acaba de tentar comer a pen da net, isso sim seria grave...

sexta-feira, dezembro 23, 2011

O Natal II

À parte o consumismo louco, as prendas inúteis que se dão e o monte de gente de cara feliz por fora e contrariada por dentro que por aí anda, o Natal, para mim, é uma coisa muito simples. É ir jantar a casa num dia específico do ano, com ementa pré-definida e, pelo menos, com nós todos à mesa, mais um, mais 4 ou mais 20, quando somos menos é porque alguém morreu. É só.
Posto isto, que seja tão bom para vós como é para mim. É preciso mais?

quarta-feira, dezembro 21, 2011

O Natal

Que hoje tinham vindo todas com a mesma conversa, que andava a ouvir o mesmo discurso desde a primeira consulta e que já sabia que eu não ia ser diferente. Pois claro que não, já devia saber que eu sou um disco riscado e que estamos na época bicho-papão, a conjugação perfeita para uma hora de drama, com direito a lágrimas e tudo. No final, a promessa de fazer tudo direitinho, um abraço de despedida e um Feliz Natal, o que quer que isso queira dizer hoje em  dia.
Agora, falta pôr-me a caminho na sexta de manhã, passar pelo fim de semana sem asneirar e aguentar os dias seguintes aproveitando o melhor que puder. Isto dito assim pode parecer mau mas não, é assim; nada a fazer.

domingo, dezembro 18, 2011

O absurdo

"... já teve alguns empregos precários, como trabalhador-estudante (?), e agora que terminou o mestrado (??) em engenharia florestal (?!), espera encontrar um emprego estável ..."
A reportagem continua por aí adiante e estou pasmada e não percebo esta gente e podia continuar a escrever mas pensando melhor não vale a pena, e... , e... , e... . Se calhar sou burra. Ou então, como diz um amigo meu, para que é que tu ainda vês notícias?

quinta-feira, dezembro 15, 2011

A voz

A minha foi-se, assim, de repente. Foi-se e deixou uma dor pela garganta abaixo que me indica que as minhas amigdalas me abandonaram. Há anos que andam a ameaçar fazê-lo e nem mesmo quando estiveram para ir à vidinha, há uns vinte anos atrás, pararam de fazer das delas. O protagonismo é agora todo da laringe ou da faringe ou lá o que é isto.
Contentes da vida andam os meus colegas, a I. está em voz, dia santo na loja. Infelizmente para eles, há mails e ainda posso sussurar. Vou-me rir é amanhã nas reuniões; quero ver como é que faço o meu report...

terça-feira, dezembro 13, 2011

O desavergonhado

Liga-me às seis da tarde e pergunta o que é o jantar. Respondo que não sei, que há sopa e que se pode improvisar qualquer coisa, eu já a pensar na lista de compras das tretas que o hão-de manter entertido enquanto a coisa se faz. Diz-me que consegue sair do trabalho pelas sete e meia e que às oito está lá em casa. Combinado então. Aviso que temos convidado, acertamos as nossas agulhas e de volta ao trabalho.
Às oito manda-me mensagem a dizer que só agora está a sair, pede desculpa pelo atraso e, suponho eu, põe-se a caminho. Por uma vez fico contente que alguém chegue atrasado, a tapenade ainda está ongoing, o chèvre vai-se juntar-se ao salmão e as tostas estão a postos, mistura de alfaces na saladeira, o resto faz-se quando já cá estiver. Mais cinco minutos e podes chegar.
Há quê? Uns três meses que não o vemos? 

sábado, dezembro 10, 2011

A delícia

Observar a gata a dormir ali ao pé da lareira.
A orelha treme de vez em quando e o monte de pêlo da barriga acompanha os movimentos da respiração. De vez em quando espreguiça-se, muda de posição e vai encadeando as expressões mais lindas naquele foçinho que já conheço há tantos anos.
Na TV, a queda da Tatcher. Era escusado.

 

terça-feira, dezembro 06, 2011

Ora bem

Árvore done. Estava a pôr a estrela e a pensar no dia em que a comprei.
Na verdade era noite, primeira do Wiener Christkindlmarkt ali em frente à Rathaus, lá estava eu, debruçada sobre a bancada a abarrotar de enfeites da época, a levar com pingos grossos de água em cima, chamem-lhe neve derretida se quiserem, tento sobreviver ao cheiro agoniante a glühwein que anda no ar pois incomoda-me muito mais que o frio. O que raio estou aqui a fazer?
Acredito que tenha pensado nisso; é recorrente em mim nas mais diversas situações. Não me lembro da resposta que dei a mim própria, nem hoje faria sentido concerteza mas qualquer que tenha sido, hoje gosto de ver a estrela ali. É completamente desproporcionada relativamente à árvore e não faz mal.

 

sexta-feira, dezembro 02, 2011

Mais qu'est ce que tu racontes?

Acho que nunca acreditei no Pai Natal. Nunca senti a tal desilusão de perceber que não havia nenhum senhor que ia a casa de toda a gente na mesma noite para dar prendas, que afinal tinha sido enganada; precisamente porque nunca fui.
Não me lembro de ouvir os meus pais mencionar o Pai Natal como uma entitade real nem de fomentarem a loucura da época, o se-te-portares-bem ou a tal magia das prendas. Deve ser por isso que sou como sou e que detesto o circo do mês de Dezembro. Não é por mal: não percebo, só isso. Todos os Natais é a mesma coisa, incomoda-me ver as pessoas eufóricas sem saberem porquê, incomoda-me a sensação de obrigação que existe no ar, incomoda-me eu sentir-me assim, deslocada, e incomoda-me talvez estar errada acerca disto tudo.
Posto isto, ainda não montei a árvore e falta-me comprar uma prenda. Continuo coerente comigo mesma.

quinta-feira, novembro 24, 2011

A pele

Após meio ano à porta do quarto, o edredon está finalmente na lavandaria, as botas herdadas da mãe no sapateiro e as calças que comprei há meses a caminho de ter uma baínha à altura do meu metro e meio. Compreendam, estava tudo na minha lista mas ainda não se tinha tornado urgente, isto na vida há que ter prioridades. 
Sabia que tinha a casa inundada de cotão, devia podia ter escolhido não ter ficado mas fiz o oposto. Que se lixe o aspirador, pelo menos só mais um dia pensei eu sabendo que hoje não pensaria assim; paciência, isto na vida há que ter prioridades. Mas escolhes tu o filme, boa? Não, escolhe tu. Não; tu. Está bem, mas depois não te queixes. Pode ser este.
Durante os primeiros 15 minutos ainda olhei para a minha companhia de olhos esbugalhados, como se nunca tivesse visto um filme do Almodóvar, passou-me rápido e no fim já tinha opinião. 
Se é bom? Não sei. Se gostei? Muito. Porquê? Porque sim.

quarta-feira, novembro 23, 2011

Hoje

Ainda não consegui pintar as unhas, tenho o frasco de Paradoxal à minha espera no sofá há 3 dias; em contrapartida as estacas voltaram aos meus pés e já quase me sinto outra. Tenho cá a impressão que se decidir mesmo largar algum cabelo no chão do cabeleireiro no sábado é que me vou mesmo sentir outra...


segunda-feira, novembro 21, 2011

Bom dia

Estive a pensar.
Diz que setenta e cinco por cento da coisa está na atitude e que os outros vinte e cinco é que estão no que pomos em cima. Le style. Tendo em conta os últimos meses e voltando atrás no tempo, aí um ano e tal, talvez seja mesmo isso. 
Refilo mais por tudo e por tudo, peso-me demais, mimo-me de menos, esqueço-me de pintar as unhas,  não estico tanto o cabelo, calço menos saltos e acho que nunca estou bem o suficiente. A roupa é a mesma, eu sou a mesma mas o efeito não e a cabeça também não. A culpa é do peso-me demais, ou melhor, do acho-que-estou-com-peso-a-mais-constante que não me deixa ver nem ser como sou, ou seja, como devia.
Atitude; volta, estás perdoada.

sexta-feira, novembro 18, 2011

A viagem

É estranho; já fiz tantas viagens como esta mas nenhuma igual. O autocarro inteiro vai no perfeito silêncio; de vozes humanas é claro. Não há ninguém a falar ao telefone, o míúdo loiro que se estava a rebolar no chão em Sete Rios deve ter adormecido, rádio desligada (ou é desligado?), não ouço conversas; é mesmo estranho; há dias em que a viagem parece um passeio pela feira da Ladra. Há os pneus na estrada molhada; o rame-rame do motor; o som dos carros que me aproximam, passam por nós e se afastam; o vento na fresta da janela do condutor e o tic-tic-tic irritante do pisca de cada vez que mudamos de faixa. Ouço-me a bufar também, queria chegar mais depressa, ou melhor ainda, piscar os olhos e já estar em casa. Festa na gata, no gato, beijos aos pais, pijama, livro, botija e cama. Só isto. Nada de muito difícil e no entanto impossível.
Não é justo.

quarta-feira, novembro 16, 2011

segunda-feira, novembro 14, 2011

Ontem, anteontem e ante-anteontem

Mas primeiro, hoje. 
O meu chefe está impossível e eu sem grande paciência. Perdeu a noção do razoável e do impossível, passou a pensar para dentro e acha que adquiriu poderes telepáticos de transmissão de ideias, prioritizar está difícil e esqueceu o significado da palavra delegar. Em suma; está em modo headless chicken. Está com vida de mulher mas continua a pensar como um homem e por isso está a dar as últimas; assim não se safa mas não sou eu quem lho vai dizer.
Quanto ao resto.
Três dias seguidos de jantares, viagens de carro, lanches, matança de saudades,  descoberta de novidades, mais jantares, abraços e despedidas no aeroporto às cinco de manhã; acho que descobri o meu limite. O do corpo, claro; não tenho limite para mais nada, nem isso nem medo, nem dúvidas e nunca me engano. Quando falo de limites falo do tamanho das carnes que meto dentro dos jeans. Os bons velhos testers já se queixam, de modo que até é bom que a época festiva já tenha terminado, vamos voltar aos bons velhos tempos da contenção gastronómica para ver se estes 4 kilos vão à vida deles que eu tenho a minha para viver.

terça-feira, novembro 08, 2011

Os planos

Vamos sempre ali sem reservar, ou pelo menos gosto de pensar que sim. Até ao dia em que ficarmos sem almoço ou sem jantar e depois logo se verá.
Não gosto de planear tudo, talvez por não gostar de sentir que a vida acontece segundo as linhas de uma agenda. Gosto de pensar que a pior coisa que me pode acontecer se aparecer em casa de um amigo sem avisar é bater com o nariz na porta. Acho que vale a pena; sobretudo quando o melhor pode ser receber um sorriso e ganhar um chá.

sexta-feira, novembro 04, 2011

A atenção

Ainda me lembro do desinteresse que consciente ou inconscientemente cheguei a nutrir por determinados assuntos; as notícias, os jornais, as conversas dos grandes, o dinheiro, os trapos, eu própria, o meu peso, os outros... Fosse pela inocência da idade ou por puro desprezo, não importa agora, houve tempos em que nada disto me fazia pestanejar. Hoje em dia admira-me a atenção que dou a estas mesmas ninharias mas mais do que isso a importância que lhes dou, sendo que algumas chegaram a governar os meus dias. Esses erros de pensamento vêm de mim, claro; é o bom da auto-análise forçada guiada, o mau é saber que a correcção também virá eventualmente de mim e que isso é coisa para me dar trabalho por muitos e bons anos.
Mas hoje em dia também dou atenção a outros pormenores. Coisas pequenas mas importantes ou que me dão prazer e que porventura não têm interesse; tretas provavelmente, mas tretas a que faço questão de estar atenta tentando não cair em fundamentalismos. Por exemplo, a proveniência dos alimentos que como e das roupas que visto assim como os materiais de que estas são fabricadas. Produtos frescos fora de época e fora das nossas quatro linhas, materiais sintéticos, made fora da UE; sempre que possível não. E esta última é tão difícil.

terça-feira, novembro 01, 2011

A eficiência

Até sábado nunca tinha reflectido sobre qualquer utilidade a dar ao que aprendi em Termodinâmica. Para dizer a verdade, foi uma das, senão mesmo a, disciplinas que menos me entusiasmou. Demasiado macro talvez, boring certamente.
Mas este sábado, enquanto debatíamos um dos nossos assuntos preferidos, o objectivo da perfeição e a frustração associada a cada passo em falso que dou na sua direcção, enquanto ela me dizia que nem as máquinas têm rendimentos máximos, dei por mim a sorrir ao pensar em calor, trabalho, sistemas e coisas que tal. Sob pena de parecer tolinha, explico o motivo do sorriso. Recebo um sorriso do outro lado e fico muito mais descansada porque já percebi: troco demasiado calor com o meu sistema vizinho.
Agora falta entender o resto; o problema é que acho que não há ramo da Física que explique essa parte...

sexta-feira, outubro 28, 2011

A vontade

Este inverno não preciso de nada. Ou talvez me queira convencer disso, apelos à contenção e à poupança obligent por muito que se queiram ignorar, não sou mais que ninguém. Racionalmente, de facto, talvez nem precise, sei que é este pensamento que me vai manter os pés no chão na hora de tomar decisões mas emocionalmente, a coisa é diferente. Apetece-me. E se me apetece, porque não?
Estou a pensar.

quinta-feira, outubro 20, 2011

A consulta

Consulta às 9, chega às 9:30 e tem a lata de me dizer Olhe desculpe, fui tomar o pequeno-almoço... (Ai meu grande filho da ma.....) saí do turno da noite, passei por casa para tomar banho e vim praqui. Ok, já quase tenho pena dele, adiante, vamos mas é ao que interessa.
Se estava tudo bem, que sim, então que passasse à sala que já lá ia ter. Saia off, bata in, you do what you have to do e pronto, já passou. Vamos para a outra sala, blusa off, gel in, vemos as imagens juntos, ele explica  e pronto, também já passou.
Não lhe encontro nada, (e isso não é bom?), como está a mãe, que está bem e que agora também aconteceu a uma tia, silêncio, não gosto de silêncios destes. Que devíamos fazer um teste genético. Devia, eu quer ele dizer, e eu pergunto porquê mas sobretudo para quê?
Vou pensar.

domingo, outubro 09, 2011

O insignificante

Os Madeirenses merecem o presidente de governo regional que têm; aliás, o próprio PSD merece o Alberto João Jardim. Mensagem a ambos: continuem assim que estão no bom caminho.
Aparte feito, passemos ao importante.
A capacidade que certas pessoas têm de tornar este mundo mais interessante e até mais bonito nunca vai deixar de me surpreender. Linhas de coser, terra, pó, lixo, diamantes, acúcar, chocolate, caviar, brinquedos, papel, entre outros. De onde saem aquelas ideias, como se passa da ideia à forma, onde se vai buscar a força para se fazer disto uma vida e a inveja ao olhar para cada objecto, foi isto que me passou pela cabeça do início ao fim da exposição. Isso e que o espaço que lhe dedicaram era demasiado pequeno para aquilo tudo; um erro de logística lamentável por parte do CCB.
Apressemos-nos a ver isto tudo enquanto ainda é de graça...

quarta-feira, outubro 05, 2011

The come-back

Isto; a vida; tem sido trabalhar, dormir, trabalhar, comer, dar beijos na boca, trabalhar nas férias, comer, trabalhar, dormir, poder vir a trabalhar aos fins de semana, dormir, vira o disco e toca o mesmo. Tirando os beijos, uma seca e uma canseira. 
Cansam-me particularmente os abutres e as hienas que tentam saltar em cima deste novo projecto para que me chamaram. Curioso, de morrer a rir até, a rapidez com que as pessoas mudam de ideias. Há uns meses ninguém estava propriamente entusiasmado com estas tarefas, agora é vê-los, já não lhes chega o trabalho que têm, todos querem opinar sobre o que não sabem, todos estão disponíveis e todos querem ajudar, nem se coíbem de pisar quem já lá está, o que interessa é ficar por cima e mostrar que se está ali. Vale tudo nesta passerelle. A-bu-tres. Não sou mesmo talhada para estes ambientes de me*da.
E tirando isso?
Há mais de uma semana que não tomo o que devo tomar, quer-se-me parecer que mais uns dias e temos a Cruella de Vil feat O-Ren-Ishii back in the house a tomar conta dos meus dias e a infernizar os dos outros. A visita à farmácia impõe-se. Amanhã.
Tenho uma zona da placa de indução em curto circuito, o estore da sala por colocar e furos por fazer nas paredes, os quadros que estão no chão já devem estar enjoados. A chamada ao Sr. Mário impõe-se. Depois de amanhã.
Welcome back I., toca a mexer esse rabo.

PS aos senhores do elo mais fraco: diferença de potencial e voltagem são sinónimos seus ignorantes. Adeus.

segunda-feira, setembro 26, 2011

Bom dia segunda-feira

Continua a ser a melhor maneira de pensar para conseguir sair da cama quando não apetece nadinha mas tem que ser. Metade de nós fica por lá, que vai mais tarde, a pedinchar que só mais um bocadinho, que ainda é cedo. Parvinha que sou, vou na conversa e, quando vejo, perdi o autocarro... Ah, também deixei a carteira em casa. 
Não há-de ser nada; é segunda-feira, doem-me os calcanhares e mais logo tenho dentista.

quarta-feira, setembro 21, 2011

O regresso

Tenho tido tanto tempo livre desde que regressei ao trabalho que tenho este post em banho-maria desde segunda-feira. Ai filha, tanta gente desempregada e tu sempre cheia de trabalho, devias estar contente; juro que ouvi a minha mãe a dizer isto agora mesmo, como se me tivesse ouvido a desabafar...
Desde segunda-feira o tema do post mudou umas quatro vezes; primeiro sobre as minhas reminiscências de estudante durante a rentrée, quando os pais ainda nos levavam ao átrio da escola e ficavam a conversar uns com os outros enquanto nós seguíamos em fila atrás da professora "nova". E sobre aquela história que a minha mãe ainda hoje faz questão de contar, de como me deixou a chorar no colo do Jean no meu primeiro dia na crèche, de como me encontrou nos mesmos propósitos no final do dia e de quão surpreendida ficou na manhã seguinte quando eu, piolha de dois anos, lhe disse que tinha gostado da escola e que queria voltar. O segundo sobre como afinal todos os anos começamos algo de novo e como, para mim, Setembro faz sempre muito mais sentido do que Janeiro para o início do que quer que seja. O terceiro já não sei, uma parvoíce qualquer com certeza. O quarto é este. Sobre nada de especial.
A vida corre, os dias passam e eu estou prestes a aceitar mais um presente laboral envenenado que me vai dar algumas dores de cabeça. Se calhar gosto mesmo de sofrer...

domingo, setembro 18, 2011

O fim

.
Adeus férias. Até ao Natal.

segunda-feira, setembro 12, 2011

O interregno

Fiz uma pausa no descanso e voltei a Lisboa para honrar compromissos e tratar de deveres.
O compromisso tinha que ser e os deveres tinham mesmo que ser feitos sob pena de ser multada na estrada e de um dia ficar mesmo enrrascada à conta das trocas e baldrocas que tenho andado a engendrar com as minhas contas. Banco, nada a dizer; loja do cidadão, idem; quase custa a acreditar.
A uma hora do compromisso, telefone.
Peço imensa desculpa mas o senhor doutor vai sair agora para uma consulta, seria possível adiarmos para amanhã ás 15?, ai o caneco, então mas venho a Lisboa principalmente por causa desta consulta e agora isto? Que não, porque não vou estar em Lisboa, se podemos marcar para a semana? Então, talvez lhe consiga uma hora esta sexta-feira? Peço desculpa, talvez não tenha percebido, esta semana é-me impossível, não estarei em Lisboa, agradecia imenso se pudesse remarcar para a semana (bolas, acho que nunca pedinchei tanto para pagar 90€ por 15 minutos de consulta). Pois (adoro esta palavra, serve para tudo), sendo assim tenho que ver na agenda do senhor doutor, ligo-lhe para a semana para remarcarmos, sim? Óptimo, que muito obrigada (pois lá terá que ser...). Podia facilmente começar a ladaínha do não há respeito pelas pessoas, este médicos põem e dispõem, e as pessoas que trabalham?, mas não, verdade que não, muito provavelmente teve uma urgência no hospital e teve que fugir, ele salva vidas, tenho que respeitar.
Livre de compromissos? Fúria consumista em acção. Ao fim de 3 anos, estoirei finalmente as minhas sabrinas? Preciso de umas novas. Uma voltinha, duas experimentadelas obviamente o mercado estava mais que sondado, I. feliz e contente com sapatos no saco. Devia ter findado as voltas por ali mas deu-me para atravessar a estrada; é claro que bastaram 5 minutos para que me fizessem notar que o mercado estava mal sondado... Para a próxima, não há compromissos? vou para casa.

domingo, setembro 11, 2011

I know what you did ten years ago

Há dez anos, acabada de regressar de férias, largo as malas no quarto e estranho a ausência de vida nos quartos das minhas vizinhas. Vivia numa residência universitária, havia sempre barulho, havia sempre alguém por perto. Rumo então à cozinha, empurro a porta, pesada como o raio, e vejo-as todas a olhar para cima, o namorado de uma delas de faca numa mão e de batata na outra, de boca meia aberta. "O que é que foi?"
"Vê..."
E vi. O que já tinha acontecido e ainda o segundo avião a enfiar-se na segunda torre. De facto eu olhava, não era um filme, mas não me apercebi da dimensão da coisa. Acho que só muito mais tarde é que a estalada me atingiu e pensei de facto sobre o que tinha acontecido. Lembro-me de a minha mãe dizer que por menos tinha havido uma guerra mundial. Já contei que quando era miúda pensava que as guerras eram cíclicas? Que por ter havido a 1ª e a 2ª, em breve haveria a 3ª só não se sabia ainda quando, que eu morria de medo que isso acontecesse e que ia tendo um colapso quando começou a guerra do Iraque? Pela ideia em si mas também porque as actualizações das notícias cortavam a cada pé de passo os desenhos animados...
Este ano, por esta altura, tinha planeado estar lá. Por diversas razões, entre as quais a celebração dos dez anos do acontecimento, o plano foi adiado para o ano que vem. Quem esperou estes anos todos, espera mais um, não é por aí. A expectativa é enorme e a certeza que não vou sair de lá desiludida ainda maior, não que tenha qualquer fascínio pelo American way of life, mas a cidade em si tem qualquer coisa... Quando perceber o que é, eu explico.

terça-feira, setembro 06, 2011

Days 2 and 3

Isto da contagens dos dias pára aqui, estou de férias, não há paciência e não tem interesse nenhum, é só mais lixo na blogosfera. Continua tudo bom: o tempo, o descanso, as sestas, as leituras e as bolas de gelado à sobremesa (das quais me vou arrepender amargamente nas próximas semanas). Único senão: ainda não tive coragem de ir à água.
O sossego deste sítio, espelhado na foto de má qualidade patente ci-dessous, só é perturbado quando, já farto de empurrões e tentativas de lambidelas, alguém exclama Ó cão, fora daqui! A namorada é minha, vai procurar noutro sítio.


sábado, setembro 03, 2011

Day 1

Nunca estive tão feliz por estar de férias, deve ser do cansaço. A minha mãe já me disse que logo me farto. Acho que desta vez ela se engana...
Balanço de hoje; tanto o passeio como o sofá me souberam lindamente, acabo de ver uma anoréctica a ser despachada de um concurso de culinária, irónico mais irónico não há, e preparo-me para ver um filme que já devia ter visto há muito tempo.
So far, so good.

quinta-feira, setembro 01, 2011

Quase

Só mais um dia para entrar de férias mas muito para fazer antes de conseguir ir descansada... 
O grosso da fatia vai para deixar o trabalho de todos orientado e as minhas tarefas "com dono" enquanto estou ausente. A visita à estética é amanhã; malas e afins ficam para segundo plano uma vez que não vou para longe. Casa arrumada já nem penso muito nisso, se der deu, se não der paciência.
Bom, e como já estou desde manhã a tentar escrever esta miséria, vou publicar e pronto.

sexta-feira, agosto 26, 2011

Oh God... II

Estou no ponto em que agarro a cabeça com as duas mãos, me rio sozinha em frente ao monitor e penso cada vez mais naquele e-mail dos frozen yogurt que o namorado enviou depois de almoço.
Não sei se diga Oh God, se diga God help me...

Oh God...

Ainda falta mais uma semana para as minhas férias...

quarta-feira, agosto 24, 2011

Haja Esperança

Ontem, na mesa do lado, uma pergunta retórica lançada assim.
Sabes porque é que gosto de vir aqui? 
Primeiro, gosto das pizzas. Segundo, é fácil de estacionar e, por fim, há cá sempre gajas boas.

terça-feira, agosto 23, 2011

Declutter, os armários e a cabeça

Fazer simples é complicado. Perceber o que e quanto me chega disto e daquilo, o que preciso realmente e a diferença entre isso e o que quero porque quero ou simplesmente o que me apetece porque sim,  é mais que complicado, é um desafio. 
Há coisas das quais não sinto falta nenhuma, em que nem sequer penso. Vivo sem carro, o que só por si faz impressão a muita gente. Só tenho 4 canais de televisão o que, curiosamente, ainda faz mais impressão a alguns, bastando, para os deixar loucos, que lhes diga que pondero até desfazer-me do aparelho quando entrarmos de vez no digital. Tento ter o mínimo de tralha em casa, móveis, papéis, dou a volta às gavetas periodicamente e gostava de ser capaz de o fazer mais vezes ao armário. Por muito amante de trapos que seja, penso muitas vezes se de facto ter aquele a mais vale a pena, prefiro ter em qualidade. Esta história é apenas uma tentativa de não complicar tanto a minha vida no dia a dia. Não serve para toda a gente ou sequer tem que servir, é uma opção.
Como nem tudo são rosas, nem eu sou santa nem tão pouco fiz nenhum voto de espartanismo, lá me vou descaindo de vez em quando e só quando olho para a quantidade de tal ou tal coisa é que levanto o sinal de stop. Aconteceu no outro dia com vernizes; enough. O importante aqui, parece-me, é conseguir levar esta atitude avante de forma tranquila, não ser rígida demais nem a partir daqui arranjar mais chatices a mim própria. To-do lists e to-be behaviors por cumprir já tenho que bastem, obrigada.
O que tenho notado nesta never ending story é que é bem mais fácil desbastar a porcaria das operações do dia a dia e lá de casa do que a da cabeça. Pôr de lado certos pensamentos, deixar de me preocupar com o que não consigo controlar e ser mais assertiva, para já só em sonhos.
Bom, mas suponho que é preciso começar por algum lado...

segunda-feira, agosto 22, 2011

Vou desistir

Isto é castigo. Após anos a dizer que não gosto de praia, que não vou à praia e que não me apanham na praia nem atada; este verão decido-me a tentar mudar esta visão redutora que tenho da coisa e o S. Pedro boicota-me.
Está bem. Fiquei em casa a pintar que também é bom...

terça-feira, agosto 16, 2011

A guerra

Gostava de ter um gatinho. 
Acontece que há quem me queira dar um. 
E assim se junta a fome com a vontade de comer. 
Persa, bebé, que eu posso acompanhar toda a vida como acompanhei  parte da da minha gata que com muita pena tive que deixar em casa dos meus pais. Teria sido uma crueldade levar um animal habituado à largueza e à liberdade para um apartamento; sujeitá-lo a viagens periódicas em caixas, mudar-lhe a vida toda por um capricho meu. Não faria isso a quem quer que seja, quanto mais a ela. Mas agora é diferente, é a oportunidade de começar uma relação do zero, cartas na mesa e responsabilidade total (se bem que não consigo evitar de pensar que me preparo para colocar um newcomer no lugar da minha Chaneca e se isso não será alta traição). Por outro lado é também a oportunidade de avaliar o meu estilo de vida e ver se há espaço para um animal na minha vida; uma coisa é querer, outra é poder.
Acontece que a minha mãe é contra. Pois...
Acontece também que a minha mãe se esqueceu que tenho 31 anos. E que tenho casa própria, ou do banco, whatever, e uma cabeça que costumo usar para mais coisas que pôr ganchos, a versão menos chique das barretes, e elásticos. Como pensar, por exemplo. Ou decidir a minha vida; sei lá.
Temos guerra aberta.
Falta-me declará-la.

sexta-feira, agosto 12, 2011

Conversas

Desconfio que há pessoas que só têm obra exposta pelo nome que carregam no bilhete de identidade...
Como assim?
Tu sabes... Se qualquer uma destas coisas fosse feita por outra pessoa qualquer, achas que estava aqui exposto?
Queres dizer que se o Fulano de Tal tivesse cuspido para uma tela e posto uma moldura em volta provavelmente estava numa destas paredes, é isso?
Nem eu encontrava palavras melhores para explicar o que acho...

(E atenção que eu nem concordo com este approach)

terça-feira, agosto 09, 2011

Os animais

Ao descer uma das ruas da Trindade, duas janelonas.
Numa delas, de uma livraria, um gato deitado numa cadeira. Todo preto à excepção do tufo branco debaixo do queixo. Baixei-me para o ver melhor, ele acordou, olhou para mim e continou na dele enquanto eu puxava do telemóvel para lhe tirar uma foto. De má qualidade por sinal.
Mais à frente, na outra janelona, de uma galeria de arte, um cão. Todo branco, bem tosquiado e bem desperto. Baixei-me para o ver melhor, ele recuou, olhou para mim, ladrou e fugiu enquanto eu puxava do telemóvel para lhe tirar uma foto. Até podia ser boa se a conseguisse ter tirado.
Se dúvidas havia, são para esquecer. Sou uma cat person.
Ok, abro uma excepção para o Scottex... Afinal, é o único que se baba aos meus pés.

quinta-feira, agosto 04, 2011

Peach daiquiri

Sem álcool e com framboesas em vez de pêssegos, este Raspberry Peach Lemonade Smoothie até pode ser uma boa alternativa. Para mim é...
Nas unhas prefiro the real thing, da Essie. Obrigada a quem mo trouxe lá das Áfricas.

Les petits mouchoirs

Quase sem dar conta já chorava de tanto rir; acontece que quando achei que estava a parar de rir comecei a chorar a sério. Lágrimas gordas, barriga a querer soluçar, nariz tapado. Nem quero tentar perceber porquê. Por causa disto.

segunda-feira, agosto 01, 2011

A praia

Voltei para casa. Obras finalizadas, limpezas mais ou menos acabadas, tralhas cada dia mais arrumadas. Engraçado como alterei o lugar de uma data de coisas, libertei espaço das gavetas, arrumei finalmente os sapatos e até organizei o armário dos contadores. O frigorífico ganhou vida; finalmente. Foi um dia inteiro de reclusão, sem café, ou seja com dor de cabeça, mas valeu a pena. 
A vingança foi uma ida à praia no dia seguinte à custa da desculpa da dose de cafeína diária. Não tenho máquina em casa precisamente para poder ter essa desculpa, um pouco como se tivesse que me justificar para por o nariz fora de casa. Vá-se lá entender. 
Levei o chapéu, a toalha, o livro, o lápis e o papel. Só os três primeiros saíram do saco; não dormi mas quase, à sombra, sem a chatice da areia ou a vergonha do biquini. 
Perto do perfeito.

segunda-feira, julho 25, 2011

rip

Vais continuar no meu Ipod.

Os últimos dias

Olhar para a televisão estes dias, pensar que andei por aquelas ruas de Olso há tão pouco tempo e saber que a minha amiga vive naquele país, é estranho. É ainda mais estranho porque cá dentro sei que é horrível mas não me sinto imediatamente chocada, é como se ouvir aquelas notícias fosse equivalente a ouvir o boletim meteorológico enquanto como qualquer coisa. Penso que é horrível, sim, ponto. Só mais tarde é que reflicto sobre a coisa e caio em mim. Talvez por isso só tenha pegado no telemóvel no sábado para lhe ligar e confirmar que estava tudo na ordem; e está. Já no 11 de Setembro do ano que não é preciso dizer foi igual; vi, falei sobre isso, mas só encaixei dias depois.
Bom, hoje é o estômago que está a dar cabo de mim. A cabeça também, desde ontem. Estou a ver que tenho que ir ali ao posto médico medir a temperatura. Isto está mau, está.

segunda-feira, julho 18, 2011

Ontem e hoje

Trouxe metade da horta comigo este fim de semana, tenho muito legume para cortar, pré-cozer, meter em saquinhos, por etiquetas com nome e data, congelar, descolar, voltar a acondicionar e, finalmente, guardar até ao dia de usar. Courgettes, feijão-verde verde e feijão-verde amarelo cortados de varias maneiras. As alfaces, os repolhos e mais feijão verde já foram distribuídos e os pastéis de massa-tenra já serviram de jantar gulodice; falta-me guardar os alhos, os doces, o azeite; enfim, a mimalhada toda com que a mãe fez questão de me encher e eu agradeço. Se me deixasse trazer o gato até esse eu trazia. E a gata, a cadela e até um dos cachorrinhos da vizinha...
Um tapete, directo do tear pelas mãos da mãe da minha madrinha há mais de 50 anos, está dobrado à espera de encontrar o lugar dele na sala. Nunca serviu, parece que estava à minha espera. É para estrear agora, depois das obras. O cesto de verga, mais velho ainda, descansa em cima do móvel dispenseiro da cozinha, à espera do dia em que o leve a passear até ao jardim mais próximo. Antes de ser meu, já há muito tempo, costumava ir para a ceifa e para a apanha da batata. Não sei se se pode considerar que subiu na vida; talvez, vai carregado na mesma, vai ao calor na mesma, vai dar ao mesmo.
Bom, vou para casa. Muita tralha para arrumar e lixo pós obras para limpar.

sexta-feira, julho 15, 2011

Ontem

Todos compareceram au rendez-vous, só faltou mesmo o Verão. Se fosse ele tinha vergonha, em Julho, obrigar as pessoas a pedir mantas polares para se aguentarem numa esplanada tão simpática. Já no sábado passado, à noite, no clube ferroviário, foi a mesma coisa. Isto não se faz...

quinta-feira, julho 14, 2011

Allons enfants de la Patrie

CE1, teste de história, pergunta: Em que dia se deu a tomada da Bastilha?
Ai ai ai, não sei..., não percebi a pergunta, sei lá eu em que dia é que isso foi... (carequinha de saber que dia era mas com uma branca descomunal provocada pelos nervos infantis de quem compete com os restantes colegas de turma em cada contrôle). As coisas de que nos lembramos passados estes anos todos... E o tempo que perdemos a pensar nisto, tanto agora que já nada interessa, como na altura em que ainda ninguém nos tinha explicado que andar assim a competir para ser a melhor em qualquer coisa também não era assim tão importante? Mal empregado tempo. 
Bem empregado seria a aproveitar o feriado, numa praia qualquer, num jardim qualquer, numa esplanada qualquer, com as amigas, com o amigo que tem uma coisinha para me dar (yuppie , yuppie, viva a futilidade!)  e com o namorado. Não é feriado cá? E então, um pouco de solidariedade, nom de Dieu
Le jour de gloire est arrivé, lá diz a música.

quinta-feira, julho 07, 2011

A ingrata

Eu. 
Fui aumentada, não fiquei contente mas quando a minha chefia me fez essa mesma pergunta, sorri e disse que sim. Preciso de uma sessão de chicotadas auto-infligidas; não pela mentira em si mas pelo desrespeito por mim própria.

quarta-feira, julho 06, 2011

Se ando triste

Eu? Não...Bem; talvez.
Quer dizer, só um bocadinho; sim. 
Porquê? Sei lá, não faço a mínima ideia. 
Ainda estou a pensar que, ontem à noite, não fiz nada relativamente àquele gatinho todo encolhido no túnel do Marquês. Preguei um susto ao condutor da viatura em que seguia com o grito que dei que, afinal, não serviu para nada. O gatinho ficou lá e a lembrança da minha gata continua na minha cabeça oca. Odeio ver pessoas a passar mal enquanto eu continuo com a minha vidinha. Odeio ter gasto aquela quantidade de dinheiro nas obras lá de casa porque, ao fim e ao cabo, é tudo uma futilidade. Odeio o estúpido do espelho. Odeio os meus joelhos, as minhas pernas e assim. Odeio comida. Odeio a palavra odeio.
O quer vale é que daqui a nada já passou e volto a ser eu. Quem nunca se sentiu assim que me atire pedras.

segunda-feira, julho 04, 2011

Ontem, anteontem e ante-anteontem

Ontem, fez 15 anos que o meu padrinho faleceu; lembro-me desse dia como se fosse hoje. Lembro-me do meu outro padrinho, genro do primeiro, chegar a minha casa e de, só à sua vista, a minha mãe começar a chorar e a dizer que não. Entrou, não disse nada e a minha mãe começou a chorar ainda mais, eu chorava também, sem grande vontade de me ir matricular à tarde mas tinha que ser, afinal ia para o 10º ano e isso era importante. Pensava eu, acho eu. Se fosse vivo teria por volta dos 90 anos, era a pessoa mais bem disposta que conhecia, mais da minha família do que qualquer um dos meus avós, é verdade, e nem sequer somos do mesmo sangue. Mas era como se fôssemos. Por isso tivemos medo e aquele pressentimento quando soubemos que tinha tido outro ataque cardíaco.
Deixava-me tomar banho no tanque de rega do pomar, só tinha que ajudá-lo a limpá-lo. Com ele plantei o carreiro de cima das macieiras novas, ao sol, durante umas das férias de verão. Com ele andei de tractor, aquele que o meu pai guia ainda hoje, e com ele lambuzei-me de gelados às escondidas da minha mãe, quando o via chegar com o saco na mão até os olhos se me riam.
Um ou dois meses mais tarde foram afixadas as turmas e os horários no Liceu e soube que não tinha ficado com as disciplinas opcionais que tinha escolhido naquele dia de loucos; fartei-me de chorar, fiz 2 ou 3 requerimentos para mudar de turma, todos em vão, não me conformava e, sobretudo, não percebia o motivo. Se alguém devia ter o que queria, era eu, achava eu e, por acaso, achava bem, haja quem me desminta ainda hoje. Chorava, irritada, quase irada, para nada ao fim e ao cabo, era assim que ia ser e só tinha que me conformar. O teu padrinho acreditava no destino, não tens que te revoltar dessa maneira, vive só o que aí vem, talvez até seja o melhor para ti, foi qualquer coisa deste género que a minha madrinha disse. Não pude senão calar-me. E até hoje me calo.
A parte importante do post começa agora. 
Ontem, fiquei em casa o dia todo. O mais próximo que estive da rua foi quando fui estender e apanhar roupa ao estendal. De resto, cama, sofá, banheira, sofá, séries, livro. Um domingo muito bom. Não estou a ser irónica.
Anteontem, um pedido estreia numa farmácia, esperemos não repetir. 
Ante-anteontem, na FIA, esqueci-me que estava em contenção de custos, pós-obras em casa oblige, e cedi aos brincos da Inês ali ao lado que, por acaso, já andava a namorar há uns largos meses. Só a muito custo resisti a mais uns da Liliana, também ali ao lado.
Hoje estou em negação. Voltei do almoço, vi que tenho duas respostas a mails importantes e ainda não os abri. Vou adiar o mais que puder. Curioso como há pessoas que até à distância me intimidam.
Mais logo tenho a minha cadeira à espera.

sexta-feira, julho 01, 2011

Eu me lembro desse tempo...

Parece que estou a ouvir as minhas tias...

terça-feira, junho 28, 2011

Os pormenores

Menti. 
Disse que não meteria o nariz na obra e afinal  meti. A verdade é que não confio em quase ninguém como em mim mesma, nem espero que os meus critérios sejam iguais aos dos outros, coitados dos outros, viveriam num inferno, não lhes desejo isso. Quer dizer, a alguns talvez deseje. 
Abro a porta, que já não roça no chão, ponto a favor, e dou de caras com a nova cor do corredor.  
Uau. Ficou melhor do que pensava. Espera lá. Isto sou eu a ser surpreendida pela positiva? Bem... o que virá mais hoje... 
 O cinza estende-se à parede da sala mas tenho que abrir a persiana para ver melhor. 
Assim com luz parece que tem uma ponta de malva, gosto... 
O rodapé também já lá está, branco mas não tão alto como pensei, isto de tentar visualizar 10cm sem ter uma régua na mão já se sabia, mesmo assim o efeito que queria é aquele, está óptimo. A lacagem das portas também me parece bem. Pelo menos ao longe. Aproximo-me da parede, no canto onde as cores se tocam, olho para o tecto onde a sanca e a parede mais escura se juntam, faço o mesmo no corredor e já estou de cabeça a abanar. Quase digo a mim própria que eu bem te disse.
Isto não está acabado, só pode. O rebordo inferior da sanca  ainda faz parte da sanca, certo? A sanca está da cor do tecto, certo? Então porque é que o rebordo não está da cor do tecto? Não era uma linha recta que costumava unir as faces de um cubo? Então o que são aqueles zigue-zagues de tinta escura e clara?
É isso, isto não está acabado. Afinal ele não disse que isto estava acabado.
Hoje volto lá. Eu e o Sr. V. temos que trocar umas ideias sobre o conceito de perfeição.

quarta-feira, junho 22, 2011

Sem título

Se um dia eu conseguir achar que fazer as coisas de modo simples é tarefa acessível, internem-me. Por favor procedam do mesmo modo se algum dia eu disser que me consigo mostrar voluntariamente e serenamente indiferente a uma situação que me afecta. 
Eu tento, juro, é daquelas coisas que eu tento todos os dias, já que mais não seja para ser um pouco menos má pessoa, mas acho que nunca lá vou chegar. Pelo menos não sem que isso me corroa muito mais por dentro do que me transforme numa pessoa melhor. É quando penso nisto que pergunto a mim mesma o que será melhor: estar toda queimada por dentro, tipo panela de pressão sem água, mas de sorriso nos lábios, ou vá, com uma expressão normal. Ou em paz com as minhas entranhas, com a fúria já em fase de calmaria desenhada na cara mas com meio mundo a achar que sou uma psicopata?
No fundo não sei porque perco tempo com isto, vai tudo dar ao mesmo:  a ala psiquiátrica.

terça-feira, junho 21, 2011

E?

O Sr. Nobre não foi eleito, what else is new. 
Não percebo como é que este fulano se foi meter onde se meteu, como disse as coisas que disse, como mostra não ser o que tentou vender, como tanto diz como desdiz 5 minutos depois. Lá nisso está a aprender com a classe em que se quer inserir, é um bom princípio.
Vamos lá esperar então.

segunda-feira, junho 20, 2011

O sono

Quando mais durmo mais quero dormir. O mesmo se aplica à comida o que é literalmente uma merda mas ninguém é perfeito não é verdade, portanto que se lixe. 
Depois de uma manhã na cama, de um almoço ensonado e de uma grande sesta no sofá, fui capaz de ir dormir antes da meia-noite, de ter a lata de exclamar estou cansada depois do duche matinal e de ter fechado os olhos no percurso para o trabalho É uma treta e eu não percebo. Tenho que cortar no sono. E na comida também, o que, para além de treta, é uma verdadeira merda. Mas é isso ou o stress outra vez e, mal por mal, prefiro cortar.
Bom; fui ver o andamento das obras no sábado. A minha casa não parece a minha casa, parece um estaleiro de obras, o que até faz sentido visto o que se lá passa dentro. Cheira a tinta, há pó por todo o lado, desconfio que nunca hei-de conseguir aspirar aquilo tudo em vida mas a cor corresponde à expectativa e o resto parece-me adiantado o que é óptimo.
É como tudo na vida, esperar.

terça-feira, junho 14, 2011

Norwegian woods

Demasiada ordenação, demasiada obediência e demasiada passividade; foi isto que me ficou. Não digo demasiado verde nem demasiada água porque, por definição, na minha cabeça, não admito que isso exista, mas bem o diria se vivesse lá. A cultura, do pouco que me foi dado a observar, não encaixa com a minha personalidade, eu não nasci assim, não fui educada assim, não viveria assim, não comeria assim, não me comportaria assim.
Demasiado diferente de mim, no fim de contas é o que melhor exprime a minha opinião. À excepção de todos estes 'mas', gostei de visitar, de passar os serões na conversa com os amigos, de subir ao  (e descer do) Prekeistolen e de degustar aquela famosa sobremesa Norueguesa que é o gelado de baunilha com cobertura de m&ms.
Recomendo vivamente.

domingo, junho 12, 2011

quarta-feira, junho 08, 2011

terça-feira, junho 07, 2011

Fogo

Quantas asneiras é possível cometer durante um dia de trabalho? E qual é a possibilidade de este número aumentar se estivermos sob algum stress para entregar dois documentos até amanhã? De quanto acresce  o  meu sentimento de estupidez barra frustração ao ter a perfeita noção que todo este trabalho já estará desactualizado quando regressar deste fim de semana prolongado?
Já sei. Vou mandar o meu chefe falar com a minha psicóloga e com a minha nutricionista.

A obra

Hoje decido a quem entrego as obras lá de casa; aliás, já decidi, falta ligar ao infeliz contemplado e dizer-lhe que vai levar comigo e com as minhas exigências durante as próximas 3 semanas. 
Tenciono entregar-lhe uma chave lá de casa, deixá-lo trabalhar, meter o bedelho apenas no dia das cores  e da porta (porque ele pediu) e só lá voltar no último dia; é a técnica do cada macaco no seu galho de que eu tanto gosto. Como ele percebe de obras e eu só sei o que gosto e não gosto, parece-me justo que cada um contribua com a sua parte, fora isto não tenciono andar em cima do homem a todo o minuto. Isto pode sair mal, pois pode, mas em vez de pensar assim prefiro acreditar que ainda se pode partir do princípio que se pode confiar nas pessoas. Pois não, não sou tão reles quanto pareço.
Daqui a 4 semanas falamos.

segunda-feira, junho 06, 2011

A intratável

Ensinaram-me que votar é um direito e um dever e que, como tal, temos que o aproveitar e que o cumprir, benditas aulas de educação cívica de há 25 anos atrás. Foi o que fiz ontem  mas o tempo que perdi ao ir votar é o máximo que penso dedicar à causa em questão. Adiante.
A tal história do masoquismo persegue-me. Porque raio teimo eu experimentar coisas novas quando tenho aquela sensação de certeza que não vou encontrar melhor do que já tenho ao meu alcance? Gosto de me desiludir e de ficar a matutar na coisa? Gosto de dizer a mim própria eu bem te disse? Ou quê? Deve ser o  ou quê porque não me considero tão estúpida assim para gostar de me sentir idiota.
Até em questões tão simples como escolher o sítio para o almoço de domingo isto se nota; ora se já encontrei o brunch perfeito, boa onda, boa comida, boa música de fundo, serviço como se quer, dono simpático, local despretensioso, tentar outro lugar parece estúpido, ainda mais se o motivo for alguém ter dito que era engraçado. Chegar, sentar, ver, pedir, mesa para dois, até aqui tudo bem. A porca começa a torçer o rabo quando lhe anunciam que dois desconhecidos se vão juntar à mesma mesa; desculpe?; sim, estas duas pessoas vão partilhar a vossa mesa. Mas que diabo, nem me perguntam se me importo, é toma lá, isto é a casa da Joana; viro-me, olho para as pessoas, a madame parece não ter apreciado o facto de eu não ter festejado a sua chegada com foguetes, lá respondi à empregada que estava bem mesmo sem achar que estava e voltei a virar-me para a minha companhia. Fez-me sentido, era com ele que vinha almoçar e que comentava um artigo qualquer quando nos interromperam, voltei à minha vidinha enquanto eles se sentavam. Giro foi quando a porca quase ficou sem rabo quando a madame, pensando certamente que ninguém a entendia, abre a boca para dizer umas coisas menos simpáticas sobre os habitantes do nosso país. A porca não pode deixar de se virar e de olhar espantada para a madame que ficou algo surpresa por alguém a mirar como se estivesse a perceber tudo o que ela estava a dizer. Quando lhe dirigi as primeiras palavras do dia para lhe dizer que não havia problema em partilharmos a mesa, não estava a ser sincera mas paciência, falando perfeitamente a mesma língua que ela, ficou a olhar-me e disparatou que estava tudo explicado, que eu era um deles. A madame parecia não se decidir, e eu ali presa por ter cão e não ter, afinal qual é o meu problema, ser portuguesa ou outra coisa qualquer, já não sei, explique-me por favor pensava eu. Ela preferiu não explicar, procurar outra mesa para partilhar, sentar-se lá e levantar-se passado uns segundos para se dirigir à saída.
Ela não sabe mas o problema aqui não é a nacionalidade, é eu ser eu, só isso. E já não é pouco como sabiamente diz a minha mãe, é que o título refere-se a mim caso alguém esteja a pensar.
Mas moral da história: I., se te apetecer brunch não inventes, vai ao sítio do costume onde és sempre bem tratada e onde o dono que, por ironia do destino é compatriota da madame, diz que prefere viver cá pelas pessoas e pelo sol. Como o compreendo. Deve ser o sol que faz as pessoas como elas são, é por isso que este ano estou decidida a ir à praia.

quinta-feira, junho 02, 2011

Na terça

Se sou masoquista. É claro que não... 
Então porque diabo se põe a ver esse programa que mais parece tortura medieval quando não tem absolutamente nada a ver consigo, embora eu saiba que isso passa pela sua cabeça? Está proibida, não se compare com nada. Proibida, conhece o significado?
Ok, estou proibida. Agora já há pessoas a proibirem-me coisas, para variar já não sou só eu; é giro. 
Podiam-me também ter proibido de cortar o cabelo há uns tempos atrás por exemplo. Assim talvez andasse mais contente... É que isto agora não cresce, por muito que puxe.

segunda-feira, maio 30, 2011

Os mas

É perfeitamente normal que no fim de semana em que decido encetar a arrumação do vestuário de inverno e dar entrada do de verão no armário, venha esta descarga de água do céu como se tivessem partido  irremediavelmente o autoclismo lá em cima. Também de estranhar, ou não e talvez ainda bem, que o meu jardim tenha sido invadido por aquela quantidade absurda de gente barulhenta e bonita, se bem que uns mais que outros, precisamente no primeiro fim de semana em que me apetece estender lá uma manta e ficar a preguiçar boa parte da tarde. Nem espaço na relva havia nem os pássaros se ouviam se bem que também me esqueci da manta, do lanche e do livro e portanto continuo even com o destino.
Espero que nada disto seja um aviso dos céus no sentido de me desabituar do que é bom; sobretudo agora que aprendi a gostar do verão ao mesmo tempo que mantenho a má vontade relativamente a dias na praia com pessoas a 15cm de mim...

terça-feira, maio 24, 2011

A saga - parte n+1

Eis que o meu dia a dia vai voltar a andar em sobressalto; a galinhola está farta da vida dela e recomeçou a interessar-se pela minha.
É a prova provada que uma criança não preenche totalmente os pensamentos de uma mãe, pelo menos não quando a mãe é aquela e retira prazer do acto de infernizar outrem; eu neste caso. Cheguei a pensar que o nascimento daquela criança a ia mudar, que iria perceber que há coisas mais importantes na vida que a maledicência e o acto de criar conflitos. Já que mais não fosse esperava que passasse a ter menos tempo para isto agora que tem alguém a cargo dela. Enganei-me.
O meu problema nesta história é saber o que fazer. Ignoro, reajo, isolo-me, despeço-me? Como reagir a este ambiente tóxico sem sair daqui todos os dias completamente afectada. Como manter a minha cabeça minimamente sã sabendo que tenho que me cruzar todos os dias com aquele personagem grotesco. Como não explodir de cada vez que entro num espaço onde ela também se encontra e à minha vista todos se calam. Porque é que um ser daqueles s'en prend a alguém como eu era um mistério que gostava de perceber sem ter que dar um par de bofetadas a ninguém.

segunda-feira, maio 23, 2011

A viagem

De vez em quando dizem-me que sou uma menina, graças a Deus..., que me comporto como uma. Choro às vezes mas cada vez menos, não gosto de andar de costas no metro nem no autocarro, enjoo a ler no expresso mas - atenção - não no comboio, refilo q.b., digo que sim demasiadas vezes e, é claro, uso saias e vestidos. Até aqui...
Mas desde ontem que há uma coisa diferente. Já não enjoo a ler em viagem. Quatro horas de livro na mão para confirmar que não há pessoas certas nesta vida, e digo eu que ainda bem, espantada de novo por estar a gostar de um autor destes.
Só me falta aprender a dizer não. Já percebi que é tudo uma questão de prática.

sexta-feira, maio 20, 2011

Os fiordes

Basta esperar até dia 9 e seguir viagem: avião até lá e de volta para cá, hotel, comboios de A para B, voos internos, está tudo organizado. Como sempre. 
No menu há de tudo, betão e verde, passeio na cidade e longas caminhadas no meio de quase nada. Caminhar, fotografar tudo com os olhos e guardar na memória para depois recordar é um dos meus passatempos preferidos quando saio deste pardieiro. Considerando o destino, não fosse ter lá uma grande amiga nunca me teria ocorrido visitar a Noruega, é a perspectiva de encher os olhos com aquelas paisagens que me faz ansiar pela viagem. Pena já não ser época de auroras boreais... Parece-me que é desta que vou investir numas botas de caminhada; nada de muito high-tech, o suficiente para não morrer dos pés ou acabar com os meus já sacrificados tornozelos.
Contas feitas apercebo-me que vou de férias para me cansar.


segunda-feira, maio 16, 2011

O update

A casa continua desarrumada, o último orçamento vai ser pedido amanhã à tarde e parece-me que o meu rim direito está de trombas comigo outra vez. Está tudo uma maravilha. 
As minhas unhas continuam por pintar, a roupa mais fresca ainda está guardada, a roupa corrente ainda está por passar e ainda não calcei um salto alto desde que o tempo melhorou. Tudo óptimo. 
O peso parou de escalar a montanha, vamos ver se recomeçamos a descida em breve. Para isso é preciso largar os sacos de areia que me andam a atrasar a vida, quero e não quero, faz parte do processo de boicote que gosto de engendrar a mim própria para justificar a nulidade que sou em certas coisas. É mais fácil assim, a culpa não é minha, sou eu que sou fraca, não faço de propósito.
De resto, como já disse, tudo bem. O brunch do costume continua uma delícia, as sestas a seguir ao pequeno almoço continuam o melhor da minha semana e as tardes de cinema em casa a dormitar no sofá a melhor prenda dos meus fins de semana.


terça-feira, maio 10, 2011

O estado de espírito

Estou triste... Estas figuras que fazemos de livre vontade a ver se convencemos alguém que somos os maiores. A musiquinha, o vídeo, os nosso políticos e o que ainda vem aí. Eu sei, eu sei; o mal é meu que não tenho sentido de humor...
Por vezes penso se não teria sido melhor ficar com dupla nacionalidade.

Lá estás tu de novo

Sensações realistas em sonhos é engraçado, desta vez foi o pânico; não no sentido de medo mas de E agora o que é que faço e, sobretudo, o que é que digo? Aliás, como é que o digo? É quase sempre este o problema, o de como dizer algo, porque o que dizer eu sei muito bem, só não sei fazer com que saia da boca para fora sem atropelar as pessoas. Diz que se aprende; eu tento.
Eu numa joalharia é tipo um pinguim numa sauna, tem absolutamente tudo a ver, se um dia eu desaparecer procurem-me numa. Sentada em frente ao balcão como em frente a um banco de réus, a ouvir o senhor da loja e a minha companhia a discursar sobre a beleza das peças que teimavam querer impingir-me, a minha temperatura a subir e as pernas já em agitação, não consigo dizer nada, não sai um som. Também não devo ter grande expressão na cara, será que não percebem que aquilo é horroroso? Ou melhor, que não tem nada a ver comigo, que nunca usaria tal coisa, que não serve para nada? Olho para ambos e nada, sorriem-me, mas será que me julgam satisfeita? não pode ser, mas porque é que não consigo dizer nada, estou parva ou quê?
Quando ouço vir do meu lado que levamos as duas peças, uma delas já enfiada no meu dedo, saio-me por fim com um  Não! Não, por favor. Prefiro uma cadeira...
Pelo menos foi sincero.

segunda-feira, maio 09, 2011

A novidade

Vou ser tia. De verdade.

sábado, maio 07, 2011

Os livros

Aos sábados à tarde, depois da escola (don't ask...) metia os livros que tinha que devolver essa semana na mochila da ginástica e punha os pés a caminho da biblioteca municipal. Pelo caminho passava por casa de uma amiga da escola, tocava à campaínha, ela descia e íamos juntas. Primeiro escolhíamos os próximos a levar e só depois íamos com a tralha toda para o balcão central fazer a troca que já na altura se efectuava através de cartão electrónico; era azul e branco. Engraçado como não me consigo lembrar quantos livros é que levava de cada vez, 6? Lembro-me no entanto que ainda pesavam às minhas costas. Tinha quê, 7? 8? 9 anos? Íamos sozinhas e nunca fomos raptadas, o que pelos padrões dos dias que correm é uma admiração para muita gente.
Depois a vida mudou de lugar e com ela mudou também a rotina dos livros que numa aldeia não há  cá biblioteca municipal... Mas há biblioteca itinerante, na altura patrocinada (é esta a palavra adequada?) pela Fundação Calouste Gulbenkian. Já não havia cartão de plástico e fita magnética mas havia cartão de cartão com número e entrada dada num caderno de registos, que basicamente é a mesmíssima coisa, o que interessava era levar os livros para casa. Também já não havia 3 pisos de livros divididos por categorias, idades, temas, capas duras, imagens a cores, BD, enciclopédias, colectâneas de histórias, Condessas de Ségur, Verne ou Hans Christian ilustrados; havia uma carrinha com umas quantas prateleiras a toda a volta e livros sem imagens e muitas palavras. Bom; a transição havia de se dar a algum momento e 10 anos, até prova em contrário, até é uma boa idade para isso. Funcionou comigo. Acho eu... Li muita coisa que não percebi (de certeza que não percebi, hoje sei-o), mas lia porque gostava de ler e, à minha maneira, alguma coisa tirei desses livros todos que não eram propriamente para a minha idade. De Dumas a Eça passando por Camilo engoli quase tudo sem nunca ter uma indigestão. E hoje estou viva. É claro que entretanto já percebi o que na altura, provavelmente, só vi com os olhos.
Quando passei pela carrinha na passada sexta-feira, ali parada na subida do parque, fiquei a olhar e a senhora disse-me  que "pode entrar se quiser".
Os miúdos de hoje já não vão às bibliotecas pedir livros emprestados; ou vão?
 


quarta-feira, maio 04, 2011

Os bancos

Ontem, de lixa na mão, banco deitado no chão da varanda e de traseiro em cima dos pés do banco, comecei mais uma das tarefas que tenho vindo a adiar para quando tiver tempo. Como nunca tenho tempo pareceu-me que aquele momento, acabadinha de chegar a casa e de tralhas pousadas, era mesmo o adequado para dar uma vida nova aos bancos da cozinha que herdei dos anteriores proprietários da minha casa. A lixa, essa, tinha-a comprado no dia anterior, na pequena drogaria-ou-lá-o-que-é-aquilo da rua da frente, completamente armada em connaisseuse quanto à grossura do grão do papel de marceneiro. É óbvio que não se tinha perdido nada se tivesse pedido uma lixa mais grossa mas isso agora também já não interessa nada, é fazer com o que há e pronto.
Hoje, tenho meio banco lixado, uma varanda cheia de pó da madeira, um vaso com hortelã cheio de pó de madeira, um vaso com salsa cheio de pó de madeira e um vaso com alfazema cheio de pó de madeira. Se a alfazema morrer de novo, já sei do que é. As minhas mãos não vamos sequer falar nelas, está bem?

segunda-feira, maio 02, 2011

Sem título

Tenho esta janela aberta em lista de espera desde esta manhã. Já estive a olhar para ela, já regressei às minhas papeladas, já cá tive umas balelas escritas e já as apaguei, fechei a janela e voltei a abri-la para a deixar de novo em stand-by. Este deve ser o post que mais tempo me levou a escrever e, ao mesmo tempo, aquele que menos conteúdo tem, assumindo que algum dos restantes tem algum conteúdo que se aproveite. Mas adiante.
Ando afogada em orçamentos para as obras da casa, são muitos e são asfixiantes, tantos e tão caros que estou a considerar abandonar a minha profissão para me tornar pintora de paredes interiores. Isso ou adjudicar a obra sem as pinturas e fazê-las eu própria. 
Entretanto as cores estão decididas e a estante Sapiens já repousa ao lado do aparador velho e usado dos anos 50 que tanto procurei por essa internet fora. O antigo estore colorido já desapareceu da janela, falta arrancar os rodapés, a porta da sala, colocar a da casa de banho, mandar fazer as obras e pronto. Já faltou mais...

quarta-feira, abril 27, 2011

Os dias

5 dias foram claramente dias a mais...  
Don't get me wrong; eu gosto da minha família mas preciso de mim, da minha casa, do meu canto, dos meus sítios e da minha maneira de fazer as coisas. Preciso das minhas (outras) pessoas também. Escrevo isto, e penso-o com todas as minhas forças enquanto me sinto a maior das ingratas por o escrever e por pensar assim. Quem raio prefere ter algum tempo para si própria a passá-lo rodeada dos pais, do irmão, da cunhada, dos gatos e da cadela? Se fôr por mais de 3 dias consecutivos; eu.
Eu sei, sou um monstro... Mas um monstro que se recrimina por ser um monstro; isso atenua o grau de monstruosidade, não é? Digam que sim.
(A culpa será menor se disser que os primeiros 2 dias foram bons?) Os primeiros 2 dias foram bons. E o último, o de voltar para casa, também. Pronto, já disse.

terça-feira, abril 26, 2011

O elogio

I., may I interrupt you for one second to say that you look very good?

(Danke schön B.)

segunda-feira, abril 18, 2011

O problema

Ter que tomar decisões inicia em mim um processo estranho: começa invariavelmente a doer-me a barriga.
Corto muito, assim acima dos ombros, ou pouco de modo a que nem se veja? Pinto da minha cor natural - mas que raio de sentido é que isso faz ?- ou experimento de vez o tom ruivo que o meu cabeleireiro me anda a tentar impingir há meses? Ou então aclaro como ele me sugeriu da última vez?
Quanto à parede statement-mas-pouco vamos pelo cinza ou por um café com leite? E nas guarnições das portas e rodapés, vai a cor dominante das paredes ou fazemos a coisa sobressair com o tal cinza ou café com leite? Aceitar a sugestão da R. e espetar ali um carmim bem carregado seria demais, certo?
Quando é que te deixas de merdas e pàras de comer porcarias em vez de te andares a queixar pelos cantos que estás gorda? Ou achas que andar a pagar à nutricionista com a esperança que ela não coma por ti te vai fazer perder esses 5 kg que ainda te andam a parasitar as pernas? É como ele diz? Estou obcecada com isto outra vez?

quarta-feira, abril 13, 2011

A velha

Andar a pé é como ler, pintar ou dormir, tem algo de terapêutico, sobretudo se for sozinha. Não sempre, às vezes, para poder ser devidamente apreciado. 
Não falo com ninguém a não ser comigo e posso ir a cantar por dentro sem parecer tontinha. Normalmente também olho à minha volta, para as pessoas, para o que fazem, como se mexem, para as casas, sobretudo para as janelas sem cortina ou de persianas abertas. Devo ter um quê de voyeur... Já em pequena colava a testa ao vidro da janela do apartamento que habitava no 1º B e olhava para o prédio da frente. Nesse mesmo prédio  da frente vivia um colega meu da escola, não sei exactamente em que andar nem se alguma daquelas janelas era de casa dele mas isso não me impedia de imaginar o que se passava para lá das paredes. Havia um pai e uma mãe como os meus? E um irmão mais novo monopolizador da atenção desses pais, também haveria? Faziam o quê? Porque é que se punham à janela a olhar como eu? Coisas de garota.
Sempre que posso continuo a andar por aí a pensar no que vejo, gosto sobretudo de "fazer" ruas de bairros mais velhos onde há pessoas às portas e às janelas, costuma ser engraçado, trago sempre alguma coisa para contar. Olha a Rua da Rosa por exemplo, é um óptimo corta-mato quando quero descer para casa da R. ou quando o meu destino é o Chiado e não me apetece dar a volta toda pelo miradouro de São Pedro. Um destes dias, deve ter sido no sábado passado à tarde, descia eu a rua tranquilamente pelo meio do empedrado, é aproveitar enquanto não vem carro nenhum, e abre-se uma janela. Giro. Uma velhinha à janela de um último andar, um dos poucos que naquele emaranhado de prédios apanha algum sol. Típico também um fulano sentado na beira do outro passeio a beber a sua cerveja, olha para mim enquanto desço, acho que ele não viu a senhora lá em cima. 
De repente páro.
Fico tão atónita que páro no meio da estrada; assim à primeira o tipo deve ter achado que eu não estava bem, ali de boca meia aberta a olhar para cima mas tenho a certeza que partilhou da minha estupefacção quando ouviu o "ploc" seco que soou a vidro estilhaçado. Um saco de plástico branco atado com um nó acabava de ser atirado da janela para o meio da rua pela minha velhinha simpática do bairro antigo. Nem água vai, nem está alguém em baixo, nem nada. Ao fim de 5 segundos recupero, começo a abanar a cabeça, exclamo um "isto não é normal..." normalíssimo em casos que tais, após o qual o moço da cerveja desata a rir que nem um perdido. 
Continuei a minha descida ao mesmo tempo que me tentava convencer que ele ria da velha, não de mim. Terapêutico...

sábado, abril 09, 2011

Em suma

IRS preenchido e entregue, censos idem idem, aspas aspas. O tipo dos Ena Pá 2000 na TV a dizer que pintar é uma actividade terapêutica e solitária, como o compreendo, tenho pintado pouco por não ter grandes momentos a sós, não que isso seja mau, atenção, é só que não consigo pintar. E os "nunca te vi pintar" não vêm ajudar muito também mas vá. 
Não tive uma semana que se pudesse apelidar de calma mas, ainda assim, consegui sair do trabalho a horas de ver o sol duas vezes. Consegui ir caminhar um pouco pela cidade, jantar com uma amiga, trabalhar uma tarde a partir de casa e fazer uma noitada de portátil nos joelhos para terminar um documento que afinal só entreguei hoje. Não estou particularmente orgulhosa de mim própria, devia ter concluído aquilo mais rapidamente, mas serve. Está na hora de impor sérios limites a esta história, está está, quero sentir que faço mais que trabalhar na vida. Parecendo que não isso é importante para mim, e é isso ou começar a chegar mais frequentemente à psicóloga no estado panela-de-pressão-prestes-a-explodir, coisa que não quero. Sim, que quando vi o que gastei em psicoterapia este ano ia-me dando a solipampa...
Só para terminar (prometo que não me chateio mais), não contente com esta correria de semana, este domingo vou-me meter numa canoa, juntar-me a um bando de tolinhos iguais a mim, remar e aproveitar o rico dia que o weather.com diz que vai estar.
E agora vou dormir que bem preciso. Amanhã tenho a casa para limpar.


terça-feira, abril 05, 2011

A farsa

A Inês Pereira era uma fulana muito à frente para o seu tempo. Ou não, talvez o Gil Vicente fosse muito à frente para o seu tempo. Não sei. Mas foi na boca de uma mulher que ele decidiu pôr estas palavras. E que foi no muro do túnel do Marquês que alguém muito atento às aulas de Língua Portuguesa (é assim que se chama agora?) decidiu tatuar esta frase, prova que nem tudo o que se diz na escola cai em saco roto.
Mas porque é que a escolha tem que ser entre asno e cavalo; não pode ser um jumento?
 

segunda-feira, abril 04, 2011

Eu quero

Ter uma semana calma.

(I. com um daqueles coisos de papel que se abrem e fecham como polegar e o indicador para se escolher uma face, abrir o triângulo de papel e ver o que o destino lhe reserva, tudo imaginário claro.)

(Abre, fecha, abre, fecha, abre, fecha; pára. Abre o triângulo. Franze os olhos, abre um e espreita o papel)

Talvez.

(Ok. Sempre é melhor que 'Não', certo?)

sábado, abril 02, 2011

A honra

É ter sido o meu colo, de todos os lugares possíveis, o escolhido pela minha gata para ter os mini-gatos dela. Para que conste, o processo decorreu e terminou noutro sítio...

sexta-feira, abril 01, 2011

O senhor

Esgotada ou não lá consegui arranjar tempo para receber o senhor arquitecto em casa . O senhor foi lá para me ouvir, para me propôr umas ideias e para tirar todas as medidas que entendesse de modo a poder dar-me um orçamento paras as obras titânicas que pretendo fazer na minha barraca.
Ouviu o que eu tinha a dizer acerca das paredes, rodapés, ferragens, porta da casa de banho, a janela da cozinha que não pode levar persiana, riu-se quando disse que a casa tinha sido maquilhada quando o que lhe fazia falta era um peeling  e, no fim, sentado na minha cadeira de baloiço, pediu licença para falar. Aí percebi que não tinha estado a gastar o meu latim em vão. Converteu em palavras o que eu tinha sido capaz de pensar mas não de dizer, poliu as minhas ideias e propôs-me uma porta invisível, uma porta de quadro eléctrico única e integrada e uma estante de alvenaria debaixo da janela.
Enquanto eu não pensava no que tudo isso me ia custar perguntou-me porque tinha as fotografias de quem gostava viradas para a porta da rua, se usava roxo frequentemente, se admitia inverter a posição do sofá e se, quando pintava, o fazia virada para onde o cavalete se encontra agora. Calhou, sim, eventualmente e não; as minhas respostas. Que os amados e entes queridos não devem ser incitados a sair mas antes virados para o futuro, que fazia todo o sentido, que era óptimo pois as pessoas não devem ser recebidas de costas voltadas e que bem lhe parecia por causa da luz. Ah, e que se podia sugerir uma planta seria uma oliveira para a sala. 
Dá para ver que esta conversa me vai sair cara e que estou extremamente satisfeita por ter saído a horas mais cedo do trabalho? Mesmo que isso me tenha obrigado a ficar de volta de um slide estúpido até bem mais tarde do que queria?

quinta-feira, março 31, 2011

O status

É simples: estou esgotada.
Não percam os próximos episódios.

sexta-feira, março 25, 2011

As voltas

Tenho saudades de andar de bicicleta. Como quando andava no ciclo, no liceu ou como quando estive desterrada naquele outro país. 
Ao fim da primeira semana e a troco de 20€ cadeado incluído, tinha a minha bicicleta na mão, companheira de muitas voltas. Quando voltei, separei-me dela deixando-a estacionada de forma livre no pátio ao lado do hotel. Espero que tenha servido a alguém.
Entretanto era uma destas que me faria um pouco mais feliz:

Les Petits Mouchoirs

Ben voilá, j'ai envie de voir ce film et de rigoler un petit peu, c'est tout. E não é que até me deu vontade de ir à praia? Curioso...

quinta-feira, março 24, 2011

Le roi est mort, vive le roi

Vai recomeçar a dança das cadeiras, até já há quem se auto-proclame como próximo imperador deste pardieiro à beira mar plantado. O senhor que arranje uma esposa que nós cá tratamos de encomendar quem pinte o quadro da coroação, pena que o Jacques-Louis David já não esteja entre nós, quem sabe se a obra não chegava ao Louvre.
Tenho pena de nós. Que os nossos políticos sejam umas nódoas, que o nosso presidente seja um totó, que não haja alternativa ao medíocre e que tenhamos tão pouca coragem. Vamos embarcar em eleições porque estamos no buraco mas tão pouco sabemos o que nos propõem como solução para de lá sair. Como se ela existisse à mão de semear ou como se houvesse aí uma cartola escondida com um coelho pronto a ser de lá sacado. Como se os que aí vêm fossem diferentes dos que lá estão, como se, neste momento, a única coisa que interessa mesmo é mudar sem saber para onde.
Vou votar branco.

segunda-feira, março 21, 2011

O som

Tenho o telemóvel desligado desde sexta e gosto. 
Sobretudo de não ter que me preocupar com ele, de não andar à procura daquilo, de não ter que me lembrar de o ter ao alcance da mão e do ouvido, de não ter que ligar, de não ter que atender; sobretudo de não ter que nada. Gosto da sensação de não andar ao mando daquele som. E da leveza de saber que quando ouço um toque igual ao meu, não é para mim. A ditadura do toque é quase uma constante na minha vida; o do recreio, o de voltar para a sala, o do início da música, o da campaínha de casa, o do ponto, o do telemóvel; quantos instrumentos de controlo mais é que vão inventar...
No fundo, o que não gosto nele é da sensação que me dá de ter que estar permanentemente disponível para quem me quiser ligar e de o meu paradeiro ser potencialmente conhecido de todos os que o quiserem saber. Quero poder não estar às vezes, percebem? Sem sentimento de culpa.

domingo, março 20, 2011

O fim de semana

Nada de maratonas, corridas ou correrias, hoje houve descanso, brunch e a primeira ronha do ano na relva do sítio do costume. Só eu sei o que a falta que o descanso me tem feito, isso e as idas ao divã.

PS: Já agora, a exposição de cartografia patente no CCB está muito boa.

terça-feira, março 15, 2011

O incidente

Algures por esta cidade fora, ou até por esta blogosfera fora, deve haver uma alma a relatar um incidente ocorrido ontem num centro comercial dos subúrbios. Sim, aquela zona perto de onde trabalho já se chama subúrbio. Qualquer semelhança entre esse relato e o meu não é pura coincidência.
Ontem à noite, o que eu queria era jantar em paz em menos de 10 minutos (bela contradição) antes de correr de volta ao escritório para passar o serão. Pedir muito? Não me parece, mas dizem-me tão frequentemente que sou exigente que já não sei. Entre uma colherada de sopa e uma garfada de salada de fruta cometi o erro de olhar para o lado para ver de onde vinha o chinfrim circundante quando encaro com uma mãozita em riste e um dedito demasiado próximo do  meu olho. Cheguei-me para trás e fiz ar de surpresa pois sou uma besta insensível e intolerante à mais pequena coisinha, estúpida que fui por não estar preparada para aquilo e não ter feito uma festa naquela chère tête blonde como qualquer pessoa teria feito no meu lugar... Não; pensando mesmo bem aquilo não foi uma reacção normal da minha parte, onde é que está a tua educação, I? Para dizer a verdade, já nem sei exactamente o que mais me surpreendeu, se aquele dedito pequenino de criança  que, passando a redundância, é criança e por isso brinca e não mede a que distância põe os dedos, atitude perfeitamente incompreensível até para uma idiota como eu, ou se a exclamação da criatura vis-à-vis da cria: "Ó Filha, não faça isso, então!" Deve ter sido isso que me deixou aparvalhada. Por sua vez, tanta perplexidade espalhada pela minha cara deixou  a criatura incomodada ao ponto de ter que exclamar a sua indignação, qual aprendiz de peixeira, por eu estar com cara de surpresa, ou de enjoada como ela lhe quis chamar.
Aí compreendi que tinha enlouquecido de vez e que o meu comportamento tinha sido mesmo inaceitável, eu que nem uma palavra tinha sequer proferido. A criatura afastou-se, acarinhando a sua cria deixando-me em luta comigo própria por ter sido tão inconveniente num sítio público.
Quando finalmente me levantei, olhei em volta, ainda a medo, não houvesse algum olhar reprovador em cima de mim e recebo um sorriso da senhora à minha direita: "Não se preocupe, quem trata a filha por voçê e depois faz uma peixeirada destas..."
Ainda bem que não sou a única besta do mundo...

Blogger templates