quarta-feira, janeiro 26, 2011

O estado

Vamos com a semana a metade e nada de mais calma coisa nenhuma. Estamos como que a 12000 pés de altitude em velocidade de cruzeiro. Daqui a nada, pelas minhas contas, ficamos sem combustível e despenhamos-nos no mar. Ou então só eu. Não costumo reparar se tenho colete debaixo da cadeira, de qualquer maneira não me ia servir de nada, mas de repente pensei nisso... 
Se sobreviver, contento-me perfeitamente com uma ilha deserta, uma tanga à la Robinson e um Sexta-Feira jeitoso que me mexa no cabelo. E um carregamento de leite creme torrado na hora diariamente. Um livro por semana também.
Se faz favor?

sexta-feira, janeiro 21, 2011

A análise

Semanas destas não me lembro de ter há uns bons meses. 
Foi a comunicação à chefia; fazer a digestão da comunicação à chefia; a carga de trabalho imensa; o cansaço acumulado e a dor de garganta em pano de fundo. 
Somemos a isto um mano acidentado a reclamar atenção, uma quase familiar doentíssima em quem se pensa e a quem se telefona mesmo que isso me custe horrores, a tentativa de ter uma vida para além disto tudo com uma ida ao cinema e um jantar em que por acaso me cruzei com amizades. A fatia de paradiso perduto de sobremesa, a companhia e a amiga deram-me uma vida nova, mesmo que só momentaneamente.
Depois disto, sobro eu, estoirada, carregada de olheiras, com vontade de passar o fim de semana sossegada num canto mas que, em vez disso, se vai meter num expresso, fazer 300 e tal km para ir a "casa" e, já agora, aproveitar para cumprir o seu dever de cidadania que é votar. Não me apetece ir votar, nenhum dos candidatos merece esta minha deslocação quanto mais a minha cruz num quadrado, mas lá vou eu. Até porque calha bem, assim vejo os meus pais...
Para a semana vai ser melhor.

quinta-feira, janeiro 20, 2011

As horas

Apetece-me escrever uma data de coisas mas ando tão cansada, fisicamente e psicologicamente cansada, que a essa vontade se sobrepõe sempre a de dormir e de estar em casa sossegada.
As 7 horas de sono parecem-me 7 minutos, as 8 11 de trabalho parecem-me 24 e é nisto que ando. Mesmo cansada. Mesmo a precisar de mudar alguma coisa neste quadro.

segunda-feira, janeiro 17, 2011

Sem título

Experimentei uma saia e senti-me gorda então comprei um colete; vesti-o esta manhã e, agora, estou à espera dos comentários. Aposto no "pareces uma ovelha", não tenho imaginação para mais, nisto eles batem-me aos pontos, saem-se sempre com cada tirada, até já me ocorreu que eles se preparam em casa para estas ocasiões. Sarouel, sapatos vermelhos, verniz roxo ou vestidos, há sempre algo a dizer, já nem vivem sem isto, como vai ser se (quando) me for embora? Vai ser igual então, os insubstituíveis estão todos no céu minha cara, arranja-se outra para chatear.
Acabei por comprar a saia. Ou emagreço ou não me chamo I.

domingo, janeiro 16, 2011

A decisão

Pedi uma consulta a um amigo; ele diz que só faz projectos ao mês mas que abria uma excepção para mim e que podíamos almoçar. Curioso poder ir à praia em Janeiro e estar bom tempo, estranho haver tantas pessoas na água, óptimo ter isto ao meu alcance sempre que o queira, estúpida por não o aproveitar mais. Incrível que eu nunca tenha ido antes à praia de Carcavelos, não se compara a nenhuma praia da Reunião mas para um passeio é agradável. Enfim, adiante.
Segundo esse meu amigo eu já devia ter a minha carta de despedimento num envelope. Tudo o que ele me disse faz sentido mas há algo ali que não encaixa com a minha maneira de ser. Isto para dizer que não falemos mais na entrevista, em circunstâncias normais aceitaria, nestas circunstâncias (acho que) vou declinar. Ganhar o dobro? Trabalhar no centro da cidade? Muito bonito mas não me parece.
No fundo, no fundo, acho que sou uma medricas.

sexta-feira, janeiro 14, 2011

É assim

O meu ódio antigo aos fins de semana foi transferido para o período entre as 2ªs e as 6ªs feiras, entre as 8h e as 20h, com especial incidência nas 2ªs e 5ªs. 
Estou saturada do meu trabalho, tenho que mudar.
A entrevista de ontem correu bem, tenho que pensar até 2ª.
O único problema é que, a aceitar, seria em menos de 30 dias.
Pois...

quinta-feira, janeiro 13, 2011

Hoje,

ao fim da tarde, tenho uma entrevista. Não a procurei, foi ela que veio ter comigo, e mesmo não sendo a primeira vez eu continuo a achar isso estranho. Vou, pois claro, que ninguém no seu perfeito juízo (ai não?) desperdiça uma oportunidade, muito menos eu que todos os dias penso em mudar de ocupação.
Enquanto falava disto ontem, ao serão, ao mesmo tempo que pintava as unhas e pensava secretamente na indumentária de hoje, tinha dois olhos de extraterrestre em cima de mim, ou seria eu a extraterrestre? É mais isso, sim; eu que arranjei emprego antes de concluir o curso, na primeira entrevista a que fui, durante a qual me dei ao luxo de dizer que não gostava do trabalho que me estavam a propor. Tem piada, não tem? Eu acho.
Assim sendo, é de admirar que não me saiba vender? Acho que não tenho jeito para ser prostituta... Perdão, consultora. Sem ofensa a nenhuma das partes é claro.

terça-feira, janeiro 11, 2011

Ontem

19h. 
Eu, a assistir à minha primeira reunião de condomínio. Porta da rua, limpeza do prédio, infiltração, diz que é o costume, e foi. Mas é desta que a minha vizinha de baixo, ausente, me roga uma praga, que cometi a indiscrição de dizer que ouço as telenovelas dela como se a tv estivesse em minha casa. Por esta hora já o vizinho do 3º direito, que é irmão dela, lhe deu uma achega. "Não se preocupe menina I., amanhã eu falo com ela. Sabe é que ela é surda", dizia ele a sorrir enquanto eu procurava um buraco no chão para me enfiar. Que ela é surda sei eu por isso é que eu tenho encarado isto como um facto e não como um problema. Ensinaram-me que os problemas têm solução, a surdez da minha vizinha parece-me que faz parte dela. Gostava de estar enganada.
21h.
Subo a escada, já vou com a chave em riste quando vejo a porta a abrir-se sozinha. Por acaso sabe-me bem, sou antiquada, gosto que me abram as portas. Entro e penso que a minha casa precisa de ser limpa mas o que faço é aquecer a minha sopa e preparar duas taças de gelatina de morango com iogurte. Só uma é para mim, bem entendido, a outra é para quem há uns meses atrás detestava iogurte mas que só não lambe a taça agora porque ela é funda demais e lhe sujaria o nariz.
23h e tal
Enfiada na cama. Há silêncio, o que é estranho e bom ao mesmo tempo. Está quentinho. Até amanhã, até logo; virar; apagar a luz; posição de dormir; fechar os olhos. Nada (nem sonhos malucos nem nada).
Hoje, 7h.
A /&%$ do despertador toca. Ronha, banho, vestir, sair. A cama fica por fazer e já sei que logo à noite, quando voltar a entrar em casa, vou voltar a pensar que tenho que aspirar aquelas divisões.

segunda-feira, janeiro 10, 2011

A desordem

Estava eu a tomar o meu pequeno-almoço à hora do almoço de domingo sossegada, com música agradável, um jornal, umas revistas e uma óptima companhia; quando senão... Entra um espécime pela porta sempre aberta daquele sítio tão simpático, que exclama em voz alta: Reservei uma mesa! Olhei em volta e não percebi, penso que o dono do espaço também não... Não vinha sozinha; entrou, sentou-se, daí até às lenga-lengas sucessivas, repetitivas e extremamente bem audíveis foi um passinho de formiga e daí até dar cabo da paz do meu brunch que até aí corria tão bem, foi um passo ainda menor; de ácaro. Não conseguia deixar de pensar que o sítio mais adequado para aquela criatura se dedicar à arte de falar alto e demasiado bom som seria mesmo o mercado da Ribeira, o que dado o teor da conversa e os recentes eventos que ocorreram nesse espaço, faria, de facto, todo o sentido.
Enquanto pensava nisto e sorria quando via a minha companhia a levantar os olhos da leitura e a franzir o sobrolho em jeito de estupefacção, ocorreu-me uma comparação. Tal como há pessoas que conseguem enfiar 3 impropérios numa frase de 5 palavras e acharem-se os maiores, há aquelas que conseguem encaixar 3 (ou 4) nomes de marcas numa oração do mesmo tamanho e acharem-se o cúmulo de qualquer coisa. Isto continua a espantar-me mais do que a enervar-me. E continua a dar-me a mesma vontade de me levantar, ir ter com a menina ou menino e dar-lhe uma lição sobre aquilo que ela(e) pensa estar a fazer tão bem. Quem sou eu para dar lições a quem quer que seja e muito menos lições de classe, mas que me apetece, apetece. 
Ocorreu-me também que há coisas que nos perseguem na vida. Foi só mais uma partícula. Estava tudo bem, uma partícula a mais apenas, o mesmo volume, algumas trocas de calor e pfffffff, entropia no máximo. Bolas, sempre detestei termodinâmica...

quinta-feira, janeiro 06, 2011

Menos um

Há um ano atrás, ou às tantas já há dois, passeei-me pelo CCB enquanto olhava para os objectos pertencentes a uma exposição. Quadros, esculturas, tudo representativo da cultura africana, entre os quais muitos eram do Malangatana.
Com os artistas é assim. Basta olhar para as peças e sabe-se de quem são; ele não era excepção. Neste caso, basta olhar para os olhos.

quarta-feira, janeiro 05, 2011

O tempo

Quando falo disto não me refiro à chuva não, ao sol ou ao frio. Isso é assunto da eira e do nabal, o pão nosso de cada dia que não controlo e ainda bem. É o tempo. São os dias, as horas, os minutos, essas coisas que me fogem das mãos a todo o momento e que nunca me chegam para nada. São os ciclos que se repetem e aquela sensação que tudo passa por mim sem que eu consiga pensar sequer sobre elas, por vezes não percebo como é que ainda no outro dia festejava o meu aniversário e como é que já o vou festejar outra vez daqui a umas semanas. Ou como é que ainda no outro dia comprava um bilhete de avião e hoje a recordação da viagem já lá vai. O tempo que antes me custava tanto a passar agora corre depressa demais. Ou parece-me. E não consigo decidir se isso é bom ou mau.

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