quarta-feira, abril 27, 2011

Os dias

5 dias foram claramente dias a mais...  
Don't get me wrong; eu gosto da minha família mas preciso de mim, da minha casa, do meu canto, dos meus sítios e da minha maneira de fazer as coisas. Preciso das minhas (outras) pessoas também. Escrevo isto, e penso-o com todas as minhas forças enquanto me sinto a maior das ingratas por o escrever e por pensar assim. Quem raio prefere ter algum tempo para si própria a passá-lo rodeada dos pais, do irmão, da cunhada, dos gatos e da cadela? Se fôr por mais de 3 dias consecutivos; eu.
Eu sei, sou um monstro... Mas um monstro que se recrimina por ser um monstro; isso atenua o grau de monstruosidade, não é? Digam que sim.
(A culpa será menor se disser que os primeiros 2 dias foram bons?) Os primeiros 2 dias foram bons. E o último, o de voltar para casa, também. Pronto, já disse.

terça-feira, abril 26, 2011

O elogio

I., may I interrupt you for one second to say that you look very good?

(Danke schön B.)

segunda-feira, abril 18, 2011

O problema

Ter que tomar decisões inicia em mim um processo estranho: começa invariavelmente a doer-me a barriga.
Corto muito, assim acima dos ombros, ou pouco de modo a que nem se veja? Pinto da minha cor natural - mas que raio de sentido é que isso faz ?- ou experimento de vez o tom ruivo que o meu cabeleireiro me anda a tentar impingir há meses? Ou então aclaro como ele me sugeriu da última vez?
Quanto à parede statement-mas-pouco vamos pelo cinza ou por um café com leite? E nas guarnições das portas e rodapés, vai a cor dominante das paredes ou fazemos a coisa sobressair com o tal cinza ou café com leite? Aceitar a sugestão da R. e espetar ali um carmim bem carregado seria demais, certo?
Quando é que te deixas de merdas e pàras de comer porcarias em vez de te andares a queixar pelos cantos que estás gorda? Ou achas que andar a pagar à nutricionista com a esperança que ela não coma por ti te vai fazer perder esses 5 kg que ainda te andam a parasitar as pernas? É como ele diz? Estou obcecada com isto outra vez?

quarta-feira, abril 13, 2011

A velha

Andar a pé é como ler, pintar ou dormir, tem algo de terapêutico, sobretudo se for sozinha. Não sempre, às vezes, para poder ser devidamente apreciado. 
Não falo com ninguém a não ser comigo e posso ir a cantar por dentro sem parecer tontinha. Normalmente também olho à minha volta, para as pessoas, para o que fazem, como se mexem, para as casas, sobretudo para as janelas sem cortina ou de persianas abertas. Devo ter um quê de voyeur... Já em pequena colava a testa ao vidro da janela do apartamento que habitava no 1º B e olhava para o prédio da frente. Nesse mesmo prédio  da frente vivia um colega meu da escola, não sei exactamente em que andar nem se alguma daquelas janelas era de casa dele mas isso não me impedia de imaginar o que se passava para lá das paredes. Havia um pai e uma mãe como os meus? E um irmão mais novo monopolizador da atenção desses pais, também haveria? Faziam o quê? Porque é que se punham à janela a olhar como eu? Coisas de garota.
Sempre que posso continuo a andar por aí a pensar no que vejo, gosto sobretudo de "fazer" ruas de bairros mais velhos onde há pessoas às portas e às janelas, costuma ser engraçado, trago sempre alguma coisa para contar. Olha a Rua da Rosa por exemplo, é um óptimo corta-mato quando quero descer para casa da R. ou quando o meu destino é o Chiado e não me apetece dar a volta toda pelo miradouro de São Pedro. Um destes dias, deve ter sido no sábado passado à tarde, descia eu a rua tranquilamente pelo meio do empedrado, é aproveitar enquanto não vem carro nenhum, e abre-se uma janela. Giro. Uma velhinha à janela de um último andar, um dos poucos que naquele emaranhado de prédios apanha algum sol. Típico também um fulano sentado na beira do outro passeio a beber a sua cerveja, olha para mim enquanto desço, acho que ele não viu a senhora lá em cima. 
De repente páro.
Fico tão atónita que páro no meio da estrada; assim à primeira o tipo deve ter achado que eu não estava bem, ali de boca meia aberta a olhar para cima mas tenho a certeza que partilhou da minha estupefacção quando ouviu o "ploc" seco que soou a vidro estilhaçado. Um saco de plástico branco atado com um nó acabava de ser atirado da janela para o meio da rua pela minha velhinha simpática do bairro antigo. Nem água vai, nem está alguém em baixo, nem nada. Ao fim de 5 segundos recupero, começo a abanar a cabeça, exclamo um "isto não é normal..." normalíssimo em casos que tais, após o qual o moço da cerveja desata a rir que nem um perdido. 
Continuei a minha descida ao mesmo tempo que me tentava convencer que ele ria da velha, não de mim. Terapêutico...

sábado, abril 09, 2011

Em suma

IRS preenchido e entregue, censos idem idem, aspas aspas. O tipo dos Ena Pá 2000 na TV a dizer que pintar é uma actividade terapêutica e solitária, como o compreendo, tenho pintado pouco por não ter grandes momentos a sós, não que isso seja mau, atenção, é só que não consigo pintar. E os "nunca te vi pintar" não vêm ajudar muito também mas vá. 
Não tive uma semana que se pudesse apelidar de calma mas, ainda assim, consegui sair do trabalho a horas de ver o sol duas vezes. Consegui ir caminhar um pouco pela cidade, jantar com uma amiga, trabalhar uma tarde a partir de casa e fazer uma noitada de portátil nos joelhos para terminar um documento que afinal só entreguei hoje. Não estou particularmente orgulhosa de mim própria, devia ter concluído aquilo mais rapidamente, mas serve. Está na hora de impor sérios limites a esta história, está está, quero sentir que faço mais que trabalhar na vida. Parecendo que não isso é importante para mim, e é isso ou começar a chegar mais frequentemente à psicóloga no estado panela-de-pressão-prestes-a-explodir, coisa que não quero. Sim, que quando vi o que gastei em psicoterapia este ano ia-me dando a solipampa...
Só para terminar (prometo que não me chateio mais), não contente com esta correria de semana, este domingo vou-me meter numa canoa, juntar-me a um bando de tolinhos iguais a mim, remar e aproveitar o rico dia que o weather.com diz que vai estar.
E agora vou dormir que bem preciso. Amanhã tenho a casa para limpar.


terça-feira, abril 05, 2011

A farsa

A Inês Pereira era uma fulana muito à frente para o seu tempo. Ou não, talvez o Gil Vicente fosse muito à frente para o seu tempo. Não sei. Mas foi na boca de uma mulher que ele decidiu pôr estas palavras. E que foi no muro do túnel do Marquês que alguém muito atento às aulas de Língua Portuguesa (é assim que se chama agora?) decidiu tatuar esta frase, prova que nem tudo o que se diz na escola cai em saco roto.
Mas porque é que a escolha tem que ser entre asno e cavalo; não pode ser um jumento?
 

segunda-feira, abril 04, 2011

Eu quero

Ter uma semana calma.

(I. com um daqueles coisos de papel que se abrem e fecham como polegar e o indicador para se escolher uma face, abrir o triângulo de papel e ver o que o destino lhe reserva, tudo imaginário claro.)

(Abre, fecha, abre, fecha, abre, fecha; pára. Abre o triângulo. Franze os olhos, abre um e espreita o papel)

Talvez.

(Ok. Sempre é melhor que 'Não', certo?)

sábado, abril 02, 2011

A honra

É ter sido o meu colo, de todos os lugares possíveis, o escolhido pela minha gata para ter os mini-gatos dela. Para que conste, o processo decorreu e terminou noutro sítio...

sexta-feira, abril 01, 2011

O senhor

Esgotada ou não lá consegui arranjar tempo para receber o senhor arquitecto em casa . O senhor foi lá para me ouvir, para me propôr umas ideias e para tirar todas as medidas que entendesse de modo a poder dar-me um orçamento paras as obras titânicas que pretendo fazer na minha barraca.
Ouviu o que eu tinha a dizer acerca das paredes, rodapés, ferragens, porta da casa de banho, a janela da cozinha que não pode levar persiana, riu-se quando disse que a casa tinha sido maquilhada quando o que lhe fazia falta era um peeling  e, no fim, sentado na minha cadeira de baloiço, pediu licença para falar. Aí percebi que não tinha estado a gastar o meu latim em vão. Converteu em palavras o que eu tinha sido capaz de pensar mas não de dizer, poliu as minhas ideias e propôs-me uma porta invisível, uma porta de quadro eléctrico única e integrada e uma estante de alvenaria debaixo da janela.
Enquanto eu não pensava no que tudo isso me ia custar perguntou-me porque tinha as fotografias de quem gostava viradas para a porta da rua, se usava roxo frequentemente, se admitia inverter a posição do sofá e se, quando pintava, o fazia virada para onde o cavalete se encontra agora. Calhou, sim, eventualmente e não; as minhas respostas. Que os amados e entes queridos não devem ser incitados a sair mas antes virados para o futuro, que fazia todo o sentido, que era óptimo pois as pessoas não devem ser recebidas de costas voltadas e que bem lhe parecia por causa da luz. Ah, e que se podia sugerir uma planta seria uma oliveira para a sala. 
Dá para ver que esta conversa me vai sair cara e que estou extremamente satisfeita por ter saído a horas mais cedo do trabalho? Mesmo que isso me tenha obrigado a ficar de volta de um slide estúpido até bem mais tarde do que queria?

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