quinta-feira, março 31, 2011

O status

É simples: estou esgotada.
Não percam os próximos episódios.

sexta-feira, março 25, 2011

As voltas

Tenho saudades de andar de bicicleta. Como quando andava no ciclo, no liceu ou como quando estive desterrada naquele outro país. 
Ao fim da primeira semana e a troco de 20€ cadeado incluído, tinha a minha bicicleta na mão, companheira de muitas voltas. Quando voltei, separei-me dela deixando-a estacionada de forma livre no pátio ao lado do hotel. Espero que tenha servido a alguém.
Entretanto era uma destas que me faria um pouco mais feliz:

Les Petits Mouchoirs

Ben voilá, j'ai envie de voir ce film et de rigoler un petit peu, c'est tout. E não é que até me deu vontade de ir à praia? Curioso...

quinta-feira, março 24, 2011

Le roi est mort, vive le roi

Vai recomeçar a dança das cadeiras, até já há quem se auto-proclame como próximo imperador deste pardieiro à beira mar plantado. O senhor que arranje uma esposa que nós cá tratamos de encomendar quem pinte o quadro da coroação, pena que o Jacques-Louis David já não esteja entre nós, quem sabe se a obra não chegava ao Louvre.
Tenho pena de nós. Que os nossos políticos sejam umas nódoas, que o nosso presidente seja um totó, que não haja alternativa ao medíocre e que tenhamos tão pouca coragem. Vamos embarcar em eleições porque estamos no buraco mas tão pouco sabemos o que nos propõem como solução para de lá sair. Como se ela existisse à mão de semear ou como se houvesse aí uma cartola escondida com um coelho pronto a ser de lá sacado. Como se os que aí vêm fossem diferentes dos que lá estão, como se, neste momento, a única coisa que interessa mesmo é mudar sem saber para onde.
Vou votar branco.

segunda-feira, março 21, 2011

O som

Tenho o telemóvel desligado desde sexta e gosto. 
Sobretudo de não ter que me preocupar com ele, de não andar à procura daquilo, de não ter que me lembrar de o ter ao alcance da mão e do ouvido, de não ter que ligar, de não ter que atender; sobretudo de não ter que nada. Gosto da sensação de não andar ao mando daquele som. E da leveza de saber que quando ouço um toque igual ao meu, não é para mim. A ditadura do toque é quase uma constante na minha vida; o do recreio, o de voltar para a sala, o do início da música, o da campaínha de casa, o do ponto, o do telemóvel; quantos instrumentos de controlo mais é que vão inventar...
No fundo, o que não gosto nele é da sensação que me dá de ter que estar permanentemente disponível para quem me quiser ligar e de o meu paradeiro ser potencialmente conhecido de todos os que o quiserem saber. Quero poder não estar às vezes, percebem? Sem sentimento de culpa.

domingo, março 20, 2011

O fim de semana

Nada de maratonas, corridas ou correrias, hoje houve descanso, brunch e a primeira ronha do ano na relva do sítio do costume. Só eu sei o que a falta que o descanso me tem feito, isso e as idas ao divã.

PS: Já agora, a exposição de cartografia patente no CCB está muito boa.

terça-feira, março 15, 2011

O incidente

Algures por esta cidade fora, ou até por esta blogosfera fora, deve haver uma alma a relatar um incidente ocorrido ontem num centro comercial dos subúrbios. Sim, aquela zona perto de onde trabalho já se chama subúrbio. Qualquer semelhança entre esse relato e o meu não é pura coincidência.
Ontem à noite, o que eu queria era jantar em paz em menos de 10 minutos (bela contradição) antes de correr de volta ao escritório para passar o serão. Pedir muito? Não me parece, mas dizem-me tão frequentemente que sou exigente que já não sei. Entre uma colherada de sopa e uma garfada de salada de fruta cometi o erro de olhar para o lado para ver de onde vinha o chinfrim circundante quando encaro com uma mãozita em riste e um dedito demasiado próximo do  meu olho. Cheguei-me para trás e fiz ar de surpresa pois sou uma besta insensível e intolerante à mais pequena coisinha, estúpida que fui por não estar preparada para aquilo e não ter feito uma festa naquela chère tête blonde como qualquer pessoa teria feito no meu lugar... Não; pensando mesmo bem aquilo não foi uma reacção normal da minha parte, onde é que está a tua educação, I? Para dizer a verdade, já nem sei exactamente o que mais me surpreendeu, se aquele dedito pequenino de criança  que, passando a redundância, é criança e por isso brinca e não mede a que distância põe os dedos, atitude perfeitamente incompreensível até para uma idiota como eu, ou se a exclamação da criatura vis-à-vis da cria: "Ó Filha, não faça isso, então!" Deve ter sido isso que me deixou aparvalhada. Por sua vez, tanta perplexidade espalhada pela minha cara deixou  a criatura incomodada ao ponto de ter que exclamar a sua indignação, qual aprendiz de peixeira, por eu estar com cara de surpresa, ou de enjoada como ela lhe quis chamar.
Aí compreendi que tinha enlouquecido de vez e que o meu comportamento tinha sido mesmo inaceitável, eu que nem uma palavra tinha sequer proferido. A criatura afastou-se, acarinhando a sua cria deixando-me em luta comigo própria por ter sido tão inconveniente num sítio público.
Quando finalmente me levantei, olhei em volta, ainda a medo, não houvesse algum olhar reprovador em cima de mim e recebo um sorriso da senhora à minha direita: "Não se preocupe, quem trata a filha por voçê e depois faz uma peixeirada destas..."
Ainda bem que não sou a única besta do mundo...

quarta-feira, março 09, 2011

Esse dia que passou

Ninguém se admira quando digo que não gosto do Carnaval. Não combina comigo, não tem ponta de sentido e, por muito que tente, não me ocorre motivo nenhum para andar aos pulos antes de me submeter a 40 dias sem desfrutar dos prazeres da carne. Mascarei-me em tempos, como todos os miúdos, mas só enquanto não tive uma palavra a dizer acerca do assunto; lembro-me particularmente bem do meu último ano na infantil, fui de capuchinho vermelho, há-de haver um registo fotográfico dessa época traumatizante da minha vida algures lá por casa dos meus pais. Desde então o Carnaval e eu é ódio de morte.
Desde então também que ficava quase sempre doente nessa altura do ano; pelo menos até me ser reconhecida idade suficiente para decidir o que fazer nesses dias. A partir daí foram anos de Mardi Gras  feitos de caminhadas até ao cimo da Serra da Estrela partindo de pontos diferentes todas as vezes. 3 dias de sossego, longe de máscaras, música irritante e pessoas aparentemente contentes sem saber porquê nem porque não. Na verdade, é mesmo isto que eu abomino, pessoas tolas. 
Alturas houve em que a casa dos progenitores era o refúgio, onde a única coisa que fazia lembrar a época eram os crêpes que virávamos à vez ao fogão e que nunca chegavam a formar uma pilha no prato de servir porque só lá ficavam tempo suficiente para serem polvilhadas de açúcar antes de serem engolidas. A receita que usávamos é a única que conheço e que hoje uso, ainda vem do mesmo livro: o meu primeiro Larousse ilustrado, de capa dura, amarela, cheio de fita cola transparente na lombada.
Será por isto que sempre gostei de ler o dicionário?

quarta-feira, março 02, 2011

A fila

Na fila de pagamento dos supermercados penso numa data de coisas. No que fiz nesse dia, no que ainda tenho para fazer, na maneira como o senhor que está à minha frente coloca as compras na passadeira, parece que a mãos pedem licença uma à outra para se mexerem. Será que também vou ficar assim um dia? Despoletar estes pensamentos nas pessoas? Um dia ter desculpa para perguntar se posso passar à frente porque não aguento muito tempo parada em pé ou porque o cesto já me pesa demais? Não me imagino assim; velha, com dificuldade em mexer-me. Tal como nunca me imaginei gorda mesmo quando o era, mesmo agora que já não sou e a cabeça continua a achar que sim.
Perdida assim nestas histórias sou interrompida por um "Desculpe?" um tanto ou quanto tímido. Já me tinha apercebido dos saltinhos impacientes da pessoa que estava atrás de mim mas ainda não me tinha virado para ver. Eu própria sofro de agitação psicomotora involuntária, deve haver outros como eu, nem liguei. Mas o "Desculpe?" fez-me virar. Vi uma moça, bonita com um sorriso meio envergonhado e que me abria o casaco para me mostrar a barriga redonda. "Desculpe, posso passar?". Sorrio em retorno e solto um "Faça favor!", pois se estou numa fila com prioridades atribuídas não faço mais que a minha obrigação.Ela volta a sorrir, ainda mais envergonhada e diz-me mesmo aflita "Muito obrigada. É que eu só quero ir para casa depressa, tenho tanta vontade de melão..." ao mesmo tempo que coloca o dito, maior que a barriga dela, na passadeira. Engraçado. Também não me imagino assim...


Blogger templates