quinta-feira, novembro 24, 2011

A pele

Após meio ano à porta do quarto, o edredon está finalmente na lavandaria, as botas herdadas da mãe no sapateiro e as calças que comprei há meses a caminho de ter uma baínha à altura do meu metro e meio. Compreendam, estava tudo na minha lista mas ainda não se tinha tornado urgente, isto na vida há que ter prioridades. 
Sabia que tinha a casa inundada de cotão, devia podia ter escolhido não ter ficado mas fiz o oposto. Que se lixe o aspirador, pelo menos só mais um dia pensei eu sabendo que hoje não pensaria assim; paciência, isto na vida há que ter prioridades. Mas escolhes tu o filme, boa? Não, escolhe tu. Não; tu. Está bem, mas depois não te queixes. Pode ser este.
Durante os primeiros 15 minutos ainda olhei para a minha companhia de olhos esbugalhados, como se nunca tivesse visto um filme do Almodóvar, passou-me rápido e no fim já tinha opinião. 
Se é bom? Não sei. Se gostei? Muito. Porquê? Porque sim.

quarta-feira, novembro 23, 2011

Hoje

Ainda não consegui pintar as unhas, tenho o frasco de Paradoxal à minha espera no sofá há 3 dias; em contrapartida as estacas voltaram aos meus pés e já quase me sinto outra. Tenho cá a impressão que se decidir mesmo largar algum cabelo no chão do cabeleireiro no sábado é que me vou mesmo sentir outra...


segunda-feira, novembro 21, 2011

Bom dia

Estive a pensar.
Diz que setenta e cinco por cento da coisa está na atitude e que os outros vinte e cinco é que estão no que pomos em cima. Le style. Tendo em conta os últimos meses e voltando atrás no tempo, aí um ano e tal, talvez seja mesmo isso. 
Refilo mais por tudo e por tudo, peso-me demais, mimo-me de menos, esqueço-me de pintar as unhas,  não estico tanto o cabelo, calço menos saltos e acho que nunca estou bem o suficiente. A roupa é a mesma, eu sou a mesma mas o efeito não e a cabeça também não. A culpa é do peso-me demais, ou melhor, do acho-que-estou-com-peso-a-mais-constante que não me deixa ver nem ser como sou, ou seja, como devia.
Atitude; volta, estás perdoada.

sexta-feira, novembro 18, 2011

A viagem

É estranho; já fiz tantas viagens como esta mas nenhuma igual. O autocarro inteiro vai no perfeito silêncio; de vozes humanas é claro. Não há ninguém a falar ao telefone, o míúdo loiro que se estava a rebolar no chão em Sete Rios deve ter adormecido, rádio desligada (ou é desligado?), não ouço conversas; é mesmo estranho; há dias em que a viagem parece um passeio pela feira da Ladra. Há os pneus na estrada molhada; o rame-rame do motor; o som dos carros que me aproximam, passam por nós e se afastam; o vento na fresta da janela do condutor e o tic-tic-tic irritante do pisca de cada vez que mudamos de faixa. Ouço-me a bufar também, queria chegar mais depressa, ou melhor ainda, piscar os olhos e já estar em casa. Festa na gata, no gato, beijos aos pais, pijama, livro, botija e cama. Só isto. Nada de muito difícil e no entanto impossível.
Não é justo.

quarta-feira, novembro 16, 2011

segunda-feira, novembro 14, 2011

Ontem, anteontem e ante-anteontem

Mas primeiro, hoje. 
O meu chefe está impossível e eu sem grande paciência. Perdeu a noção do razoável e do impossível, passou a pensar para dentro e acha que adquiriu poderes telepáticos de transmissão de ideias, prioritizar está difícil e esqueceu o significado da palavra delegar. Em suma; está em modo headless chicken. Está com vida de mulher mas continua a pensar como um homem e por isso está a dar as últimas; assim não se safa mas não sou eu quem lho vai dizer.
Quanto ao resto.
Três dias seguidos de jantares, viagens de carro, lanches, matança de saudades,  descoberta de novidades, mais jantares, abraços e despedidas no aeroporto às cinco de manhã; acho que descobri o meu limite. O do corpo, claro; não tenho limite para mais nada, nem isso nem medo, nem dúvidas e nunca me engano. Quando falo de limites falo do tamanho das carnes que meto dentro dos jeans. Os bons velhos testers já se queixam, de modo que até é bom que a época festiva já tenha terminado, vamos voltar aos bons velhos tempos da contenção gastronómica para ver se estes 4 kilos vão à vida deles que eu tenho a minha para viver.

terça-feira, novembro 08, 2011

Os planos

Vamos sempre ali sem reservar, ou pelo menos gosto de pensar que sim. Até ao dia em que ficarmos sem almoço ou sem jantar e depois logo se verá.
Não gosto de planear tudo, talvez por não gostar de sentir que a vida acontece segundo as linhas de uma agenda. Gosto de pensar que a pior coisa que me pode acontecer se aparecer em casa de um amigo sem avisar é bater com o nariz na porta. Acho que vale a pena; sobretudo quando o melhor pode ser receber um sorriso e ganhar um chá.

sexta-feira, novembro 04, 2011

A atenção

Ainda me lembro do desinteresse que consciente ou inconscientemente cheguei a nutrir por determinados assuntos; as notícias, os jornais, as conversas dos grandes, o dinheiro, os trapos, eu própria, o meu peso, os outros... Fosse pela inocência da idade ou por puro desprezo, não importa agora, houve tempos em que nada disto me fazia pestanejar. Hoje em dia admira-me a atenção que dou a estas mesmas ninharias mas mais do que isso a importância que lhes dou, sendo que algumas chegaram a governar os meus dias. Esses erros de pensamento vêm de mim, claro; é o bom da auto-análise forçada guiada, o mau é saber que a correcção também virá eventualmente de mim e que isso é coisa para me dar trabalho por muitos e bons anos.
Mas hoje em dia também dou atenção a outros pormenores. Coisas pequenas mas importantes ou que me dão prazer e que porventura não têm interesse; tretas provavelmente, mas tretas a que faço questão de estar atenta tentando não cair em fundamentalismos. Por exemplo, a proveniência dos alimentos que como e das roupas que visto assim como os materiais de que estas são fabricadas. Produtos frescos fora de época e fora das nossas quatro linhas, materiais sintéticos, made fora da UE; sempre que possível não. E esta última é tão difícil.

terça-feira, novembro 01, 2011

A eficiência

Até sábado nunca tinha reflectido sobre qualquer utilidade a dar ao que aprendi em Termodinâmica. Para dizer a verdade, foi uma das, senão mesmo a, disciplinas que menos me entusiasmou. Demasiado macro talvez, boring certamente.
Mas este sábado, enquanto debatíamos um dos nossos assuntos preferidos, o objectivo da perfeição e a frustração associada a cada passo em falso que dou na sua direcção, enquanto ela me dizia que nem as máquinas têm rendimentos máximos, dei por mim a sorrir ao pensar em calor, trabalho, sistemas e coisas que tal. Sob pena de parecer tolinha, explico o motivo do sorriso. Recebo um sorriso do outro lado e fico muito mais descansada porque já percebi: troco demasiado calor com o meu sistema vizinho.
Agora falta entender o resto; o problema é que acho que não há ramo da Física que explique essa parte...

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