Isto de ficar uma tarde inteira de domingo, ou o próprio do dia inteiro, em casa tem que se lhe diga. Se por um lado me fez bem; porque descansei, porque dormi uma bela sesta, porque finalmente acabei de ler o livro e já posso começar outro sem me sentir culpada, porque uma data de outras coisas de que não me lembro agora; por outra fiquei a conhecer todos os hábitos domingueiros dos meus vizinhos do lado. Hábitos esses bem barulhentos, diga-se, afinal isto já nem me devia admirar, não tivesse eu um par de vizinhos de baixo surdos que nem portas. A diferença entre estes e os primeiros é que ninguém é responsável por ficar surdo.
Ora, os meus vizinhos do lado juntam os filhos e os netos em casa ao domingo. Ora, onde há crianças, já se sabe, há barulho e até eu, mau feitio de primeira, sou capaz de perceber isto. No entanto, tudo tem limites, e estes são campeões a ultrapassá-los. Mais campeões ainda são os pais e os avós que se julgam da mesma idade e os acompanham na gritaria, talvez na tentativa de os calar, ou então não. Ora, lamento informar que comportamento gera comportamento e que a continuar assim têm aí um belo par de selvagens daqui a uns tempos; parabéns. Já me lembro porque gosto tanto de domingos...