Menti.
Disse que não meteria o nariz na obra e afinal meti. A verdade é que não confio em quase ninguém como em mim mesma, nem espero que os meus critérios sejam iguais aos dos outros, coitados dos outros, viveriam num inferno, não lhes desejo isso. Quer dizer, a alguns talvez deseje.
Abro a porta, que já não roça no chão, ponto a favor, e dou de caras com a nova cor do corredor.
Uau. Ficou melhor do que pensava. Espera lá. Isto sou eu a ser surpreendida pela positiva? Bem... o que virá mais hoje...
O cinza estende-se à parede da sala mas tenho que abrir a persiana para ver melhor.
Assim com luz parece que tem uma ponta de malva, gosto...
O rodapé também já lá está, branco mas não tão alto como pensei, isto de tentar visualizar 10cm sem ter uma régua na mão já se sabia, mesmo assim o efeito que queria é aquele, está óptimo. A lacagem das portas também me parece bem. Pelo menos ao longe. Aproximo-me da parede, no canto onde as cores se tocam, olho para o tecto onde a sanca e a parede mais escura se juntam, faço o mesmo no corredor e já estou de cabeça a abanar. Quase digo a mim própria que eu bem te disse.
Isto não está acabado, só pode. O rebordo inferior da sanca ainda faz parte da sanca, certo? A sanca está da cor do tecto, certo? Então porque é que o rebordo não está da cor do tecto? Não era uma linha recta que costumava unir as faces de um cubo? Então o que são aqueles zigue-zagues de tinta escura e clara?
É isso, isto não está acabado. Afinal ele não disse que isto estava acabado.
É isso, isto não está acabado. Afinal ele não disse que isto estava acabado.
Hoje volto lá. Eu e o Sr. V. temos que trocar umas ideias sobre o conceito de perfeição.