segunda-feira, maio 21, 2012

Ontem

Lixei e envernizei finalmente o meu aparador velho; após mais de um ano de ar, sol e chuva na varanda, a sua única prateleira tinha ganho aquele ar de ou me tiras daqui ou apodreço só para te chatear. Não tive coragem de a colocar no lugar sem oferecer o mesmo tratamento ao resto do interior da coisa que, já na sala, até agora acolhia toda a tralha sem-abrigo lá de casa. Material de pintura, facturas, telas pintadas e por pintar, papelada de scrapbooking, os cinco anos de IRS que me disseram que tinha que guardar, recibos diversos, a caixa de costura, ... Por este andar, daqui a seis meses coloco finalmente o estore e penduro os quadros qui se trimbalent pela sala, encostados um dia a uma parede e outro dia a outra, ao sabor da vontade dos dias de limpeza.
Finalmente também fui espreitar o soi-disant marché aux puces da fábrica de Lisboa. O meu único comentário é que estou desiludida. Com a qualidade do mercado e com a senhora que pensava que Made in P.R.C era sinónimo de Made in France e que para coroar o tudo ainda me tentou convencer disso. Só sossegou quando lhe traduzi o P.R.C, diz quem viu que a sua expressão facial foi impagável.
O meu consolo é que não fui lá de propósito mas en passant à vinda do World Press Photo. Esse sim não me desilude, mesmo que outros o possam achar mau. Como aquela senhora, que, empurrando um carrinho de bebé, comentava alto e bom som para alguém, suponho que o marido, "Que deprimente, esta gente só tira fotografias de guerras e de mortos. Não podiam tirar umas de cenas alegres?" Apeteceu-me perguntar-lhe se vive num mundo diferente do meu.

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