segunda-feira, julho 04, 2011

Ontem, anteontem e ante-anteontem

Ontem, fez 15 anos que o meu padrinho faleceu; lembro-me desse dia como se fosse hoje. Lembro-me do meu outro padrinho, genro do primeiro, chegar a minha casa e de, só à sua vista, a minha mãe começar a chorar e a dizer que não. Entrou, não disse nada e a minha mãe começou a chorar ainda mais, eu chorava também, sem grande vontade de me ir matricular à tarde mas tinha que ser, afinal ia para o 10º ano e isso era importante. Pensava eu, acho eu. Se fosse vivo teria por volta dos 90 anos, era a pessoa mais bem disposta que conhecia, mais da minha família do que qualquer um dos meus avós, é verdade, e nem sequer somos do mesmo sangue. Mas era como se fôssemos. Por isso tivemos medo e aquele pressentimento quando soubemos que tinha tido outro ataque cardíaco.
Deixava-me tomar banho no tanque de rega do pomar, só tinha que ajudá-lo a limpá-lo. Com ele plantei o carreiro de cima das macieiras novas, ao sol, durante umas das férias de verão. Com ele andei de tractor, aquele que o meu pai guia ainda hoje, e com ele lambuzei-me de gelados às escondidas da minha mãe, quando o via chegar com o saco na mão até os olhos se me riam.
Um ou dois meses mais tarde foram afixadas as turmas e os horários no Liceu e soube que não tinha ficado com as disciplinas opcionais que tinha escolhido naquele dia de loucos; fartei-me de chorar, fiz 2 ou 3 requerimentos para mudar de turma, todos em vão, não me conformava e, sobretudo, não percebia o motivo. Se alguém devia ter o que queria, era eu, achava eu e, por acaso, achava bem, haja quem me desminta ainda hoje. Chorava, irritada, quase irada, para nada ao fim e ao cabo, era assim que ia ser e só tinha que me conformar. O teu padrinho acreditava no destino, não tens que te revoltar dessa maneira, vive só o que aí vem, talvez até seja o melhor para ti, foi qualquer coisa deste género que a minha madrinha disse. Não pude senão calar-me. E até hoje me calo.
A parte importante do post começa agora. 
Ontem, fiquei em casa o dia todo. O mais próximo que estive da rua foi quando fui estender e apanhar roupa ao estendal. De resto, cama, sofá, banheira, sofá, séries, livro. Um domingo muito bom. Não estou a ser irónica.
Anteontem, um pedido estreia numa farmácia, esperemos não repetir. 
Ante-anteontem, na FIA, esqueci-me que estava em contenção de custos, pós-obras em casa oblige, e cedi aos brincos da Inês ali ao lado que, por acaso, já andava a namorar há uns largos meses. Só a muito custo resisti a mais uns da Liliana, também ali ao lado.
Hoje estou em negação. Voltei do almoço, vi que tenho duas respostas a mails importantes e ainda não os abri. Vou adiar o mais que puder. Curioso como há pessoas que até à distância me intimidam.
Mais logo tenho a minha cadeira à espera.

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