Algures por esta cidade fora, ou até por esta blogosfera fora, deve haver uma alma a relatar um incidente ocorrido ontem num centro comercial dos subúrbios. Sim, aquela zona perto de onde trabalho já se chama subúrbio. Qualquer semelhança entre esse relato e o meu não é pura coincidência.
Ontem à noite, o que eu queria era jantar em paz em menos de 10 minutos (bela contradição) antes de correr de volta ao escritório para passar o serão. Pedir muito? Não me parece, mas dizem-me tão frequentemente que sou exigente que já não sei. Entre uma colherada de sopa e uma garfada de salada de fruta cometi o erro de olhar para o lado para ver de onde vinha o chinfrim circundante quando encaro com uma mãozita em riste e um dedito demasiado próximo do meu olho. Cheguei-me para trás e fiz ar de surpresa pois sou uma besta insensível e intolerante à mais pequena coisinha, estúpida que fui por não estar preparada para aquilo e não ter feito uma festa naquela chère tête blonde como qualquer pessoa teria feito no meu lugar... Não; pensando mesmo bem aquilo não foi uma reacção normal da minha parte, onde é que está a tua educação, I? Para dizer a verdade, já nem sei exactamente o que mais me surpreendeu, se aquele dedito pequenino de criança que, passando a redundância, é criança e por isso brinca e não mede a que distância põe os dedos, atitude perfeitamente incompreensível até para uma idiota como eu, ou se a exclamação da criatura vis-à-vis da cria: "Ó Filha, não faça isso, então!" Deve ter sido isso que me deixou aparvalhada. Por sua vez, tanta perplexidade espalhada pela minha cara deixou a criatura incomodada ao ponto de ter que exclamar a sua indignação, qual aprendiz de peixeira, por eu estar com cara de surpresa, ou de enjoada como ela lhe quis chamar.
Aí compreendi que tinha enlouquecido de vez e que o meu comportamento tinha sido mesmo inaceitável, eu que nem uma palavra tinha sequer proferido. A criatura afastou-se, acarinhando a sua cria deixando-me em luta comigo própria por ter sido tão inconveniente num sítio público.
Quando finalmente me levantei, olhei em volta, ainda a medo, não houvesse algum olhar reprovador em cima de mim e recebo um sorriso da senhora à minha direita: "Não se preocupe, quem trata a filha por voçê e depois faz uma peixeirada destas..."
Ainda bem que não sou a única besta do mundo...
Ainda bem que não sou a única besta do mundo...
1 comentários:
De facto, a educação de alguns pais deixa muito a desejar. Com peixarada ou não, essa tipa ía ouvir das boas.
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