segunda-feira, junho 06, 2011

A intratável

Ensinaram-me que votar é um direito e um dever e que, como tal, temos que o aproveitar e que o cumprir, benditas aulas de educação cívica de há 25 anos atrás. Foi o que fiz ontem  mas o tempo que perdi ao ir votar é o máximo que penso dedicar à causa em questão. Adiante.
A tal história do masoquismo persegue-me. Porque raio teimo eu experimentar coisas novas quando tenho aquela sensação de certeza que não vou encontrar melhor do que já tenho ao meu alcance? Gosto de me desiludir e de ficar a matutar na coisa? Gosto de dizer a mim própria eu bem te disse? Ou quê? Deve ser o  ou quê porque não me considero tão estúpida assim para gostar de me sentir idiota.
Até em questões tão simples como escolher o sítio para o almoço de domingo isto se nota; ora se já encontrei o brunch perfeito, boa onda, boa comida, boa música de fundo, serviço como se quer, dono simpático, local despretensioso, tentar outro lugar parece estúpido, ainda mais se o motivo for alguém ter dito que era engraçado. Chegar, sentar, ver, pedir, mesa para dois, até aqui tudo bem. A porca começa a torçer o rabo quando lhe anunciam que dois desconhecidos se vão juntar à mesma mesa; desculpe?; sim, estas duas pessoas vão partilhar a vossa mesa. Mas que diabo, nem me perguntam se me importo, é toma lá, isto é a casa da Joana; viro-me, olho para as pessoas, a madame parece não ter apreciado o facto de eu não ter festejado a sua chegada com foguetes, lá respondi à empregada que estava bem mesmo sem achar que estava e voltei a virar-me para a minha companhia. Fez-me sentido, era com ele que vinha almoçar e que comentava um artigo qualquer quando nos interromperam, voltei à minha vidinha enquanto eles se sentavam. Giro foi quando a porca quase ficou sem rabo quando a madame, pensando certamente que ninguém a entendia, abre a boca para dizer umas coisas menos simpáticas sobre os habitantes do nosso país. A porca não pode deixar de se virar e de olhar espantada para a madame que ficou algo surpresa por alguém a mirar como se estivesse a perceber tudo o que ela estava a dizer. Quando lhe dirigi as primeiras palavras do dia para lhe dizer que não havia problema em partilharmos a mesa, não estava a ser sincera mas paciência, falando perfeitamente a mesma língua que ela, ficou a olhar-me e disparatou que estava tudo explicado, que eu era um deles. A madame parecia não se decidir, e eu ali presa por ter cão e não ter, afinal qual é o meu problema, ser portuguesa ou outra coisa qualquer, já não sei, explique-me por favor pensava eu. Ela preferiu não explicar, procurar outra mesa para partilhar, sentar-se lá e levantar-se passado uns segundos para se dirigir à saída.
Ela não sabe mas o problema aqui não é a nacionalidade, é eu ser eu, só isso. E já não é pouco como sabiamente diz a minha mãe, é que o título refere-se a mim caso alguém esteja a pensar.
Mas moral da história: I., se te apetecer brunch não inventes, vai ao sítio do costume onde és sempre bem tratada e onde o dono que, por ironia do destino é compatriota da madame, diz que prefere viver cá pelas pessoas e pelo sol. Como o compreendo. Deve ser o sol que faz as pessoas como elas são, é por isso que este ano estou decidida a ir à praia.

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