sexta-feira, abril 01, 2011

O senhor

Esgotada ou não lá consegui arranjar tempo para receber o senhor arquitecto em casa . O senhor foi lá para me ouvir, para me propôr umas ideias e para tirar todas as medidas que entendesse de modo a poder dar-me um orçamento paras as obras titânicas que pretendo fazer na minha barraca.
Ouviu o que eu tinha a dizer acerca das paredes, rodapés, ferragens, porta da casa de banho, a janela da cozinha que não pode levar persiana, riu-se quando disse que a casa tinha sido maquilhada quando o que lhe fazia falta era um peeling  e, no fim, sentado na minha cadeira de baloiço, pediu licença para falar. Aí percebi que não tinha estado a gastar o meu latim em vão. Converteu em palavras o que eu tinha sido capaz de pensar mas não de dizer, poliu as minhas ideias e propôs-me uma porta invisível, uma porta de quadro eléctrico única e integrada e uma estante de alvenaria debaixo da janela.
Enquanto eu não pensava no que tudo isso me ia custar perguntou-me porque tinha as fotografias de quem gostava viradas para a porta da rua, se usava roxo frequentemente, se admitia inverter a posição do sofá e se, quando pintava, o fazia virada para onde o cavalete se encontra agora. Calhou, sim, eventualmente e não; as minhas respostas. Que os amados e entes queridos não devem ser incitados a sair mas antes virados para o futuro, que fazia todo o sentido, que era óptimo pois as pessoas não devem ser recebidas de costas voltadas e que bem lhe parecia por causa da luz. Ah, e que se podia sugerir uma planta seria uma oliveira para a sala. 
Dá para ver que esta conversa me vai sair cara e que estou extremamente satisfeita por ter saído a horas mais cedo do trabalho? Mesmo que isso me tenha obrigado a ficar de volta de um slide estúpido até bem mais tarde do que queria?

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