sábado, maio 07, 2011

Os livros

Aos sábados à tarde, depois da escola (don't ask...) metia os livros que tinha que devolver essa semana na mochila da ginástica e punha os pés a caminho da biblioteca municipal. Pelo caminho passava por casa de uma amiga da escola, tocava à campaínha, ela descia e íamos juntas. Primeiro escolhíamos os próximos a levar e só depois íamos com a tralha toda para o balcão central fazer a troca que já na altura se efectuava através de cartão electrónico; era azul e branco. Engraçado como não me consigo lembrar quantos livros é que levava de cada vez, 6? Lembro-me no entanto que ainda pesavam às minhas costas. Tinha quê, 7? 8? 9 anos? Íamos sozinhas e nunca fomos raptadas, o que pelos padrões dos dias que correm é uma admiração para muita gente.
Depois a vida mudou de lugar e com ela mudou também a rotina dos livros que numa aldeia não há  cá biblioteca municipal... Mas há biblioteca itinerante, na altura patrocinada (é esta a palavra adequada?) pela Fundação Calouste Gulbenkian. Já não havia cartão de plástico e fita magnética mas havia cartão de cartão com número e entrada dada num caderno de registos, que basicamente é a mesmíssima coisa, o que interessava era levar os livros para casa. Também já não havia 3 pisos de livros divididos por categorias, idades, temas, capas duras, imagens a cores, BD, enciclopédias, colectâneas de histórias, Condessas de Ségur, Verne ou Hans Christian ilustrados; havia uma carrinha com umas quantas prateleiras a toda a volta e livros sem imagens e muitas palavras. Bom; a transição havia de se dar a algum momento e 10 anos, até prova em contrário, até é uma boa idade para isso. Funcionou comigo. Acho eu... Li muita coisa que não percebi (de certeza que não percebi, hoje sei-o), mas lia porque gostava de ler e, à minha maneira, alguma coisa tirei desses livros todos que não eram propriamente para a minha idade. De Dumas a Eça passando por Camilo engoli quase tudo sem nunca ter uma indigestão. E hoje estou viva. É claro que entretanto já percebi o que na altura, provavelmente, só vi com os olhos.
Quando passei pela carrinha na passada sexta-feira, ali parada na subida do parque, fiquei a olhar e a senhora disse-me  que "pode entrar se quiser".
Os miúdos de hoje já não vão às bibliotecas pedir livros emprestados; ou vão?
 


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