sábado, novembro 13, 2010

Dar

Vem aí o que aí vem, só já se pensa no que toda a gente sabe e isso, a mim, enerva-me e deixa-me mais uma vez às voltas com o que sinto. 
Custa-me receber. Soa-me a obrigação, ao tinha que ser, cheira-me demasiadas vezes a frete que se tem que fazer ano após ano nas mesmas alturas. Normalmente, quanto mais cara é a coisa oferecida pior, sinto-me num processo de compra em que sou o alvo; é o que dá ser maltratada durante anos mas disto ninguém tem culpa, só eu. Sei que não é assim com toda a gente mas também sei que é assim com muitas outras, inclusivé comigo, aqui me confesso, eu a pecadora que se sente por vezes compelida a oferecer prendas a certas pessoas em determinados momentos porque, se não o fizesse, pareceria mal. Normalmente esta voz da razão (?) vem de fora que eu, por mim, estou-me bem nas tintas; o problema é que depois de ouvir a vozinha fico a sentir-me mal. E se esta minha percepção é estúpida, e se não é nada assim, e se estou a ver monstros onde não os há?
Gosto de dar pelo prazer de dar mas não porque se espera que eu dê. Quanto mais me parece que a outra pessoa espera algo de mim, mais chato se torna para mim oferecer seja o que for. Não sei explicar isto de outra maneira. Fizeram-me assim.
Se tiro pouco partido do que me oferecem por me passarem estas tretas pela cabeça? Tiro. Lá no fundo, não é que não goste mesmo de receber prendas, até gosto, parece-me sobretudo que depende de quem dá. Porque de pessoas verdadeiras posso até receber uma sms, caixas que fazem o barulho de vacas,  folhas de jornal de há 30 anos, 9 meses e 10 dias ou rolos de papel higiénico que me cai de certeza melhor que qualquer jóia.

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