Vem aí o que aí vem, só já se pensa no que toda a gente sabe e isso, a mim, enerva-me e deixa-me mais uma vez às voltas com o que sinto.
Custa-me receber. Soa-me a obrigação, ao tinha que ser, cheira-me demasiadas vezes a frete que se tem que fazer ano após ano nas mesmas alturas. Normalmente, quanto mais cara é a coisa oferecida pior, sinto-me num processo de compra em que sou o alvo; é o que dá ser maltratada durante anos mas disto ninguém tem culpa, só eu. Sei que não é assim com toda a gente mas também sei que é assim com muitas outras, inclusivé comigo, aqui me confesso, eu a pecadora que se sente por vezes compelida a oferecer prendas a certas pessoas em determinados momentos porque, se não o fizesse, pareceria mal. Normalmente esta voz da razão (?) vem de fora que eu, por mim, estou-me bem nas tintas; o problema é que depois de ouvir a vozinha fico a sentir-me mal. E se esta minha percepção é estúpida, e se não é nada assim, e se estou a ver monstros onde não os há?
Gosto de dar pelo prazer de dar mas não porque se espera que eu dê. Quanto mais me parece que a outra pessoa espera algo de mim, mais chato se torna para mim oferecer seja o que for. Não sei explicar isto de outra maneira. Fizeram-me assim.
Se tiro pouco partido do que me oferecem por me passarem estas tretas pela cabeça? Tiro. Lá no fundo, não é que não goste mesmo de receber prendas, até gosto, parece-me sobretudo que depende de quem dá. Porque de pessoas verdadeiras posso até receber uma sms, caixas que fazem o barulho de vacas, folhas de jornal de há 30 anos, 9 meses e 10 dias ou rolos de papel higiénico que me cai de certeza melhor que qualquer jóia.
Gosto de dar pelo prazer de dar mas não porque se espera que eu dê. Quanto mais me parece que a outra pessoa espera algo de mim, mais chato se torna para mim oferecer seja o que for. Não sei explicar isto de outra maneira. Fizeram-me assim.
Se tiro pouco partido do que me oferecem por me passarem estas tretas pela cabeça? Tiro. Lá no fundo, não é que não goste mesmo de receber prendas, até gosto, parece-me sobretudo que depende de quem dá. Porque de pessoas verdadeiras posso até receber uma sms, caixas que fazem o barulho de vacas, folhas de jornal de há 30 anos, 9 meses e 10 dias ou rolos de papel higiénico que me cai de certeza melhor que qualquer jóia.
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