segunda-feira, novembro 29, 2010

O fim de semana

O frio nunca me impediu de nada, estou habituada a ele, no entanto, este ano, sinto-o de maneira diferente. Entrar na cama é tão terrível como tomar um duche com a botija do gás vazia. Corta-me a respiração por breves momentos, petrifica-me naquela posição em que me ponho, joelhos quase no peito, braços à volta das perna, mãos nos pés. Cada centímetro de lençol conquistado enquanto me estico devagarinho é uma vitória. Sinto frio em todo o lado, eu que não era nada assim; mas será que mudei?
Na rua puxo a gola do casaco o mais para cima que consigo, enrolo o cachecol até me tapar o queixo, enfio o cabelo para dentro e ponho as mãos nos bolsos. Luvas ainda não, não exageremos. No sábado caminhei assim um bom bocado, a ver tudo e nada ao mesmo tempo, admirada com a quantidade de gente que andava entre a baixa e o Chiado, os seus ares de É Natal, estamos contentes, não sabemos bem porquê mas diz que é suposto. Se lhes pudesse perguntar porque andam assim, a maior parte não me responderia nada de jeito. Acho que compreendo. Talvez eu procure significado a mais nas coisas, se calhar é assim porque sim, e então? Não se podem fazer coisas só por fazer, porque todos fazem e porque não convém sair fora da norma? Posto assim já não me soa tão bem, não... Se calhar eu até tenho razão. Já não sei. Vamos esquecer isto. As pessoas fazem-me confusão e pronto, ponto final parágrafo.
Compras não fiz, à excepção de um cachecol para mim, cópia fiel do que perdi no ano passado e que já tinha há mais de dez anos, a mesma cor e feitio, exactamente igual, ainda bem que aquele tom voltou à loja. Não viveu tudo o que o outro viveu, não cheira ao que o outro cheirava mas, hoje de manhã, gostei de abrir a gaveta e de o ver lá à minha disposição, fazia-me falta.
Ah, ontem comprei uma árvore de Natal. Sou o cúmulo da coerência, eu sei. Depois pergunto-me porquê...

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