segunda-feira, julho 12, 2010

Os imbecis

Um grupo de imbecis que já havia identificado no ano passado é o dos cavalheiros de fato e gravata, ou até sem ela, que não é capaz de ajudar alguém que esteja em necessidade ali mesmo ao pé deles. Nem que essa pessoa seja uma donzela de vestido giro e sapato alto que acaba de se espalhar ao comprido a seguir a uma passadeira em plenas Picoas (sim, a triste fui eu). Sorrio de cada vez que me lembro deste episódio, coisa que acontece frequentemente devo dizer, sobretudo enquanto estou de plantão a segurar a porta a uma data desses meninos em vez de serem eles a segurarem para mim. Sei que a situação não é bem a mesma mas não posso deixar de pensar que, lá no fundo, isto vem tudo do mesmo lado: da falta de uma mãe a sério, daquelas que educa em vez de passar a mão pelo lombo, ou de um pai a sério que dá o exemplo, não dos que trata a esposa por A minha Maria. Mas enfim, como se pode ver, os senhores engenheiros que trabalham comigo são uma espécie de primeira.

Ontem, assim de repente, tive uma epifania e identifiquei outro grupo. Foi assim quase sem pensar, aconteceu, ou melhor, não chegou a acontecer ou não estaria aqui para refilar. Falo dos imbecis que não têm o mínimo respeito pelos peões, que quase os atropelam nas passadeiras e que ainda abusam das buzinas dos seus bólides, quais vuvuzelas, para ver se matam as pessoas pelo menos do coração se não as conseguirem passar a ferro.
Estes senhores, e senhoras que de certeza também as há, deviam andar a pé de vez em quando pela cidade em vez de fazer dela um autódromo. Ou então deviam jogar menos jogos de carácter duvidoso na Playstation. É que não se ganham pontos quando se mata alguém meus amigos; quando muito ganham-se uns anos entre 4 paredes... O estafermo de ontem, foi este o nome que a senhora que ia ao meu lado lhe chamou, marimbou-se para o facto de haver umas riscas pintadas no chão a seguir à curva e entrou a matar (ou quase), como se a estrada fosse toda dele. Quando se apercebeu que estavam duas pessoas a  mais de meio da tal passagem de peões, ainda carregou mais no acelerador e, simultaneamente, carregou no apito (quem disse que os homens não conseguem fazer duas coisas ao mesmo tempo, hein?). Nem em Casablanca, o sítio com condução mais caótica que já vi na vida, tive assim receio de ser atropelada; teve que ser aqui no pardieiro, arre bolas que nem em casa uma pessoa está a salvo.

A este senhor de ontem só me apetece dizer-lhe duas coisas:
- Faço votos sinceros que a criança/pré-adolescente/whatever que ia no seu banco de trás não saia a si e que faça uso da inteligência com que nasceu (em vez de seguir o seu exemplo) quando um dia andar na estrada.
- Fique sabendo que se alguma vez eu me cruzar com o seu automóvel na rua vou fazer tudo por tudo para me divertir às custas dele. Espero que o senhor também ache graça ao orçamento de pintura nova que lhe apresentarem na oficina nos dias seguintes.

E é isto.
A partir de agora, ainda vou andar mais devagar nas passadeiras. Paga o justo pelo pecador, a vida é assim, vou fazer ainda mais pirraça dos condutores que pararem, contrafeitos ou não, para me deixar atravessar a rua.

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