terça-feira, maio 18, 2010

Aquelas coisas

O comportamento ostensivo incomoda-me, por vezes mesmo muito, penso que é porque não sei como me comportar eu própria perante essas manifestações.

Não acho que todos devamos seguir uma vida de Franciscano nem que as pessoas não devam gozar o que possuem por direito, quer seja porque trabalharam para isso ou só porque, quando vieram ao mundo, tiveram notas de 500€, ou cheques de 100 contos vá, por cueiros em vez das tradicionais fraldas de pano a que a maior parte dos que foram bebés ao mesmo tempo que eu tiveram direito. 
Não acho tão pouco que quem se pode dar a luxos, porque falo de luxos, se tenha que sentir mal ou culpado por o poder fazer. Já que mais não seja porque a culpa é um dos mais horrorosos sentimentos que há. Sempre houve diferenças no mundo e sempre as haverá, é pena mas é assim, sempre houve quem vivesse muito bem, bem, mais ou menos, mais para menos, mal e quem não viva de todo segundo alguns. É assim a vida.

Percebo que se goste de "coisas" bonitas, ditas boas, ditas de qualidade, percebo isso tudo; percebo que se possa encontrar satisfação em possuir um objecto, em dormir em lençóis de algodão egípcio de 3600 fios por metro quadrado, em ter uma sanita que nos lave o rabinho depois de a termos usado ao mesmo tempo que nos distrai com música ambiente, em dizer que se anda a 30km/h de todo-o-terreno-topo-de-gama na 2ª circular, exemplos há muitos é só escolher. Não deixo de achar certas coisas um tanto ou quanto ridículas mas percebo; mesmo. Eu própria gosto de certas coisas que muito provavelmente não cabem na cabeça de muita gente. Percebo e respeito, mesmo que fale num tom que não o denota, é que não consigo falar de outra maneira por causa da parte que não entendo e que é a seguinte: que se grite isto tudo aos 4 ventos. Como  geralmente não consigo falar disto de forma neutra, calo-me, não vá ferir a susceptibilidade de alguém.

Ainda um dia gostava que me explicassem qual é o prazer que se tira em mencionar marcas em conversas como se se falasse do tempo, em andar com logótipos atrás, em exibir o que se possui. As coisas ganham valor se se fizer assim ou é a descarga de adrenalina que é maior quando se fala nisso? Fica-se superior a alguém ou a alguma coisa? As pessoas afirmam-se assim, não basta terem, saberem que têm e usufruir? Nada disto conta se não se mostrar? Querem ver que têm orgasmos de cada vez que mencionam uma marca, um objecto que tenham o, que vão ter ou que almejam? É que se é isso, já deviam ter dito. Deixa ver. Jaeger Le-Coultre! (nada...) Cartier! (epá, nada...) Bang & Olufsen! (bolas... nada) Manolo Blahnik! (fogo, também não...). Então não sei.

Classe não é isto. Isto eu chamo pobreza de espírito.

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