quinta-feira, maio 20, 2010

Quando tenho sono

não se deve ligar ao que eu digo. Sobretudo quando já estou naquele limbo entre o verdadeiro mundo cá de fora e o meu mundo de dentro em que nem eu mando.
Falar de olhos fechados, demorar muito tempo a responder e falar muito baixinho, diz que são sinais que vem aí discurso disconexo, fora de contexto, o total disparate. Nesses momentos, os meus ouvidos continuam a captar o que me estão a dizer mas da minha boca, o que vai sair na certa, é o que estou a pensar para mim e isso acho que é incontrolável. Pode por exemplo dar-se o caso de a uma pergunta sobre um filme eu responder acerca de panelas de pressão, ou depois de um comentário sobre um acidente eu começar a falar de cascas de nozes.  Vazias. Isto já aconteceu mesmo, posso dizer que a parte da panela de pressão até percebi de onde veio, as nozes não faço ideia...
Há uns tempos atrás acontecia-me muito, em conversas comuns, em pleno dia e em plena posse de todas as minhas faculdades mentais, acho eu, trocar os termos nas orações; o adjectivo com o sujeito, o complemento com o verbo e acho que era só, como diria a minha mãe: já não era pouco. O pior é que eu não dava logo conta que tinha acabado de dizer asneira e ficava espantada com os silêncios que se seguiam a eu ter falado. O que é que eu disse agora?, revia mentalmente os segundos anteriores, apercebia-me e tinha vontade de bater na testa. Lá corrigia, fazia figura de parva só mais um bocadinho e todos esboçavam um sorriso. Já não me acontece tanto agora, por acaso nem me lembro da última vez, ainda bem.
Mas mau; mau; mesmo péssimo sinal é quando não falo. Quando não respondo, já para não falar nos casos em que não ouço sequer. Desses é que é preciso ter medo. Enquanto continuar como estou sempre nos vamos rindo.

1 comentários:

cai de costas disse...

A "plena posse das faculdades mentais" não é garante algum de sanidade.
Mas também é bem melhor ser-se imperfeito e interessante!

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