segunda-feira, maio 17, 2010

Rescaldo

O tempo é relativo, toda a gente sabe, mas estes dias em casa o desgraçado não queria passar. Se fosse com a mão numa placa de fogão de certeza que era mais rápido, a parte dos braços da rapariga gira não se aplica ao meu caso (isto tem uma lógica, mas acho que já me estou a repetir)... Bem tentei enganá-lo e a mim também mas a coisa não foi fácil: arrumei (quase) tudo o que havia para arrumar, dei a volta à papelada, re-li revistas velhas, dormi, comi, arrumei mais coisas, fiz gelatinas, dormi, fiz puré de maçã, comi, vi televisão, dormi, passei roupa a ferro (nem toda), eu sei lá... Só não peguei nos pincéis nem no lápis, não percebo porquê, curioso que até ando com vontade.
A clausura não é para mim, qualquer dúvida que eu pudesse ter acerca disso desapareceu. Lembro-me de pensar nisto há uns tempos: vou para um convento e acabou-se, ao menos não tenho que pensar em nada nem preocupar-me com nada, lá a vida está traçada e pronto, é fácil. Mentira. Redondamente mentira. No sábado percebi isso quando senti aquela necessidade de sair de casa apesar das linhas pretas que tenho a mais a meio da cara. Foi tão bom que repeti a graça ontem e até fui para um sítio movimentado e tudo, às tantas perde-se a vergonha na cara, quase literalmente. Entre olhares e alguns "Oh... teve algum acidente?" as tardes passaram-se muito bem. A senhora simpática (?) da farmácia onde entrei para comprar uns pensos que tapassem isto disse-me que até parecia um piercing (#%&$"#!!!! Mas alguma vez eu fazia um serviço destes à minha cara por vontade própria?! Pior, por achar que ia ficar bem?! )
Hoje é segunda-feira e como todas as segundas-feiras, vim trabalhar, juro que tinha saudades. Já fui presenteada com um sem número de perguntas e exclamações, é sinal que hoje todos lavaram os olhos de manhã, lá vou respondendo enquanto tiver paciência, tenho mais paciência para uns do que para outros isso também é verdade. Digo para mim própria que é só hoje, amanhã já está tudo habituado e já me deixam em paz. É que há sempre os distraídos, aqueles que só perguntam se cortei o cabelo 1 mês depois de o ter feito, cabelo cortado, pontos na beiça (expressão carinhosa do médico), é tudo igual já se sabe.

2 comentários:

Miguel F. Carvalho disse...

a vida é fácil num convento??!!!

loooool

eu... disse...

Não?
Não tens que pensar em nada...

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