terça-feira, maio 04, 2010

As mães

Há dias em que me acho uma insensível mas até nem sou, sou só eu que sou como sou, quem gosta gosta quem não gosta come menos e depois não tenho que ser agradável para toda a gente. Enfim, estou a escrever esta parvoíce porque estava a pensar no dia da mãe.
Falo com a minha mãe todos os dias de há sensivelmente 6 anos para cá. Antes disso (e depois que saí de casa, claro) falava 2 vezes por semana? Sim, por aí. 
Liguei-lhe no domingo como lhe ligo todos os dias e ela sabe que basta dar-me um toque para o telemóvel para que eu lhe telefone. Bom, liguei-lhe e disse-lhe: Hoje é o teu dia... ao que ela me respondeu: O meu dia é todos os dias... Ora toma, nem eu diria melhor. Não há cá coisas entre nós, ela é como eu, ou melhor sou eu que sou como ela, não se fazem as coisas porque tem que ser ou porque é dia mas apenas porque sim, porque queremos. Senti-me tão ridícula por lhe ter dito aquilo que me esbofeteei mentalmente...
Houve um dia, que não foi nada belo, na primeira semana de Dezembro de há 6 anos, em que ela aparece na cozinha, estava o meu pai comigo, e nos diz: Tenho aqui uma coisa; aqui, toquem. Nós tocámos e ficámos com o coração nas mãos porque nestas coisas fica-se sempre assim acho eu. Já sabes o que tens que fazer, disse o meu pai. E começou a roda viva.
Desde esse dia e da ida ao médico no dia seguinte, evidentemente era isso que ela tinha que fazer, passou-se muita coisa: muitas consultas no IPO, muitas idas ao hospital de dia, uma operação, mais idas ao hospital de dia, uma longa estada no hotel do IPO, muitas choraminguices, algumas risadas, até que 1 ano e meio depois isso 'acabou'. E 5 anos depois, ou seja este ano, passámos a tal barreira, nunca podemos dizer que está tudo bem mas, pelo menos, está tudo melhor e é o que interessa.
Pode parecer um grande lugar comum mas a partir daquele dia, mesmo sem pensar nisso na altura, o dia da mãe, para mim, passou a ser todos os dias. Um dia vou ficar sem ela e vai ser uma grande treta mas até lá é minha todos os dias. E do meu irmão também, vá...

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