sexta-feira, setembro 03, 2010

Eu, os lugares, as pessoas e como as férias me fazem pensar nisso

Passei a semana inteira a passos de areais sem que lá tenha passado mais de meia-hora. E tenho saudades da praia. Não é normal...
Passo a vida a dizer que não gosto de praia.
E não. Não gosto daquilo que se vai fazer à praia, de ter que suportar aquilo tudo à minha volta na areia, de ouvir o barulho, de me sentir estúpida no meio de tanta gente, quase obrigada a ser como eles e a seguir um código que todos entendem menos eu, a ter que divertir-me porque assim é suposto, sinto-me a maior das parvas e abomino esse sentimento. Mas ultimamente veio-me à ideia que o problema pode não ser da praia em si, pode não ser o lugar; talvez o problema sejam as pessoas.
As pessoas fazem-me confusão. Nem todas, só algumas. Houve tempos em que acreditei no que a minha mãe me dizia quando me refugiava no meu quarto ou num canto quando havia visitas lá em casa, que era meia bicho do mato. Tenho para mim que a culpa disso, nessa altura, era da adolescência mas ela lá sabe. Também podia ser por ela me ter ensinado bem demais a enterter-me sozinha, não sei.  Mais tarde as coisas não mudaram muito; nunca tive interesse em conversas de circunstância, nunca tive prazer em conhecer pessoas por conhecer, às primeiras palavras decidia se valiam a pena o esforço ou não e raras eram as que abriam a boca e me inspiravam alguma coisa. Devo ter passado ao lado de muita coisa boa, de certeza que sim, mas não me importo muito com isso, o que lá vai lá vai. No facebook da vida, como no outro, não faço questão de coleccionar bibelots.
Pelo relato, parece que não precisava de ninguém e, no entanto, um dos grandes problemas com que me debati nos últimos tempos foi sentir-me sozinha, não saber o que fazer de mim nem do tempo que tinha que passar comigo. Eu sei como cheguei a esse ponto, surpreende-me até a mim própria a maneira como mudei sem me aperceber e como esqueci tão depressa aquilo que tão bem tinha aprendido em pequena. Eu continuava a ter amigos mas sentia-me sozinha. Eu tinha todo o tempo do mundo e recursos para fazer o que bem me apetecia e não sabia o que fazer. Odiava sentir-me assim. Aos poucos e com alguma ajuda fiz as pazes comigo. Até abri um pouco mais as minhas mãos aos outros, em boa hora o fiz, admito. Aprendi que posso dar-me a esse luxo sem trair a pessoa que sou, sejam lá quais forem os adjectivos que me caracterizam.
Uma coisa não mudou nisto tudo: aparentemente continuo sem gostar de praia. Ou ainda não encontrei nenhuma suficientemente vazia de outros e cheia de mim.
Enquanto sim e não, apanho sol no jardim. Pelo menos mais uma semana...

2 comentários:

Pulha Garcia disse...

"As pessoas fazem-me confusão" a mim também. Mas lembra-te que uma pessoa com as tuas manifestas capacidades necessita dos outros para se realizar na sua plenitude. Não me refiro a mim (coitado de mim) mas às pessoas de bem que estão à tua volta e contam contigo.

(Boas férias)

eu... disse...

Sim, isto sozinha não tem piada nenhuma, é verdade... Se por vezes é mais fácil, a maior parte do tempo it sucks e nem é saudável.
(Obrigada)

Blogger templates