terça-feira, março 30, 2010

CERN recria hoje o Big Bang

Hoje imagino o Dr. C. a reunir jovens caloiros para irem assistir ao que se passa em Genebra no gabinete dele tal como no meu primeiro ano nos reuniu para assistir ao anúncio do prémio Nobel. Acho que o senhor já se reformou, já era velho quando eu entrei, imagine-se agora. Este meu antigo professor era um personagem, como quase todos os que apanhei naquele departamento aliás... Nas aulas dele ninguém tinha muita vontade de ficar nas primeiras filas, havia elevada probabilidade de chover por lá; falava de modo muito particular (um colega meu é que o imita muito bem...) que dava vontade de rir a uma pedra, à primeira vista (e não só) era o típico cientista aluado mais aluado não há. A vida dele era aquele departamento, não era casado nem tinha filhos, parece-me que quem lhe tirasse o gabinete lhe tirava tudo. E conhecia-nos a todos. Ou pelo menos aos que iam às aulas. Ok, se calhar só aos que tinham positiva. Pronto... às meninas todas também...
Tenho uma história muito caricata com este homem, garanto que nunca mais me vou esquecer dele por causa disto e tenho a certeza que é muito devido a este episódio que ele sabe quem eu sou. Tu, menina Palito Cabeludo, que de vez em quando me lês e que hoje estás lá no tal túnel a brincar ao Big Bang, deves-te lembrar bem disto...
Foi meu professor no segundo semestre, de uma cadeira engraçada até. À saída da primeira frequência pergunta-me "Então, menina I. como lhe correu, como lhe correu?" "Mais ou menos professor". Mas "mais ou menos é o quê?", pergunta ele. "Pois, não me correu assim muito bem..." Que logo se via então e lá fui à minha vida.
Dia de cortejo e o senhor vê-nos na rua Larga, dirige-se a mim "Ó menina I. não lhe correu muito bem a frequência pois não?" Mau, queres ver que chumbei? Correu-me mal mas nem tanto. E o raio da pauta que nunca mais era afixada. Até que um dia saíram as notas, todos falavam disso mas curiosamente ninguém sabia a minha... Mau, aqui há gato. Subo as escadas, vou até à porta, olho para o papel e procuro o meu nome.
Menina I.: 3 Só pensei para mim: $#"/!&%$!!!!
Que vergonha... Era por isto que ele me estava sempre a perguntar a mesma coisa então. Decidi que não tinha cara para voltar a pôr os pés naquelas aulas, que só iria a exame final e que não me queria cruzar com o senhor mais vez nenhuma nos corredores, chorei e tudo, como era possível? Os colegas diziam-me para ir ver o teste, o que tinha corrido mal; NUNCA, JAMAIS! Até que a uns dias da 2ª frequência a M. me leva ao gabinete e vais ver a prova e vais mesmo.
Entramos: Vem ver a prova menina I? Não lhe correu muito bem pois não? Foi o que bastou para soltar a Maria Madalena que há em mim... O homem ficou tão atrapalhado que só conseguia dizer "Mas, mas, mas, mas, o que se passa??" Enquanto eu continuava a chorar, a M. lá explicou que eu tinha um 3 na pauta.
"Tlês?! Teve tlês!? Olhe que não..." (Remexe no monte e saca do papel) "Teve tleize, bem me disse que não tinha corrido bem..."
13??! Escusado será dizer que voltei a pensar para mim: $#"/!&%$!!!!
Pediu-me mil desculpas pelo engano, deu-me dois beijinhos (blheuc), ofereceu-me um poster com uns decaimentos de não sei quê (que ainda tenho) e mandou-me para casa estudar para a 2ª frequência (o acaso quis que também tivesse tido 13 nesta).
Há coisas que só a mim. A diferença que um 1 faz...

E lembrei-me desta história por causa disto: CERN recria hoje o Big Bang

0 comentários:

Blogger templates