quarta-feira, março 03, 2010

I can see clearly now

Ontem à noite ouvi muitas vezes a seguinte frase: Só queria estar a gravar esta conversa...
Há pessoas com o dom de nos por as ideias no sítio, ou melhor, de nos traduzir por miúdos o que nós próprios estamos a tentar dizer e não entendemos. Eu sei que ela consegue isso comigo. Mal abri a boca para falar e mencionei 1 ano, ela teve a reacção mais honesta que podia ter tido e a única coisa que lhe disse foi Obrigada. Ela riu-se e disse-me que aquela tinha sido a atitude menos profissional que alguma vez tinha tido. Por isso mesmo lhe agradeci, quero a minha amiga a falar, não a Dra xpto. Deixou-me falar, expor os prós, os contras, as fraquezas, forças, oportunidades e ameaças (aqui ficou impressionada, hein...) e no fim disse-me que não sabia porque estávamos ali a falar uma vez que a minha decisão estava mais que tomada. Que o meu problema não é decidir, que não é isso que me angustia. E eu sou tão idiota, ou tão pouco, que não tinha percebido isso.
Ela fala muito por metáforas, eu é mais bolos mas entendemos-nos bem, uma vez tentei explicar-lhe o paradoxo do gato de Schrödinger (que a bem dizer nem eu nunca entendi como deve ser) e acho que ela percebeu. Se ela percebeu isso, eu também entendo qualquer imagem tontinha que lhe saia da boca, é o mínimo. Então diz que o que eu lhe estava a dizer era o mesmo que isto:
S., não sei o que fazer, se hei-de comprar o livro A (acho que ela disse Lua Nova, disparate nunca compraria tal coisa...) ou o B (Código da Vinci, disparate também, já li). Tenho que comprar um deles, não sei qual, só sei uma coisa: não os vou ler. E sei perfeitamente que me vou chicotear por ter comprado qualquer um deles. Então, qual escolho?
O que quer dizer que qualquer decisão que eu tome está condenada do início e que o meu carrasco sou eu. Nunca vou conseguir fechar a porta atrás de nenhuma. E que é isto que me faz mal. O problema não é a decisão, é o que é que eu mais valorizo nesta história toda. O dinheiro não é e um ano é claramente demais, foi das primeiras coisas que eu disse.
Portanto está decidido: 6 meses máximo ou nada. Ou seja, não vou (a não ser de férias para lá, eventualmente).

Estamos em paz. Eu, o meu tico e o meu teco.

2 comentários:

Ricardo disse...

Muito bom, decisão tomada então? Essa de explicar mecânica quântica à terapeuta é do melhor!

eu... disse...

É terapeuta sim, mas não minha :)
É "só" minha amiga que de vez em quando não resiste à tentação de psicologizar, defeito de profissão. Quântica, nuclear ela ouve de tudo e (faz) que percebe...

Blogger templates