quarta-feira, março 10, 2010

Ser ou não ser. E o que ser.

Somos obrigados a tomar certas decisões cedo demais, que ninguém venha dizer o contrário. Sei lá o que quero da minha vida ou o que me vai dar gozo fazer ao longo do tempinho que hei-de passar neste planeta aos 14 anos? Podemos ter uma vaga ideia, não digo que não, ou mesmo ideias precisas no caso de estarmos a ser chamados por uma vozita qualquer, lembro-me da arte sob qualquer uma das suas formas, mas no geral andamos todos perdidos por essa idade. Eu falo por mim, completamente paumée que eu estava, sabia lá o que é que queria fazer com tanta voz a buzinar-me ao ouvido.
Nha, nha, nha, medicina (tão burra que eu fui na altura...); bla bla bla, uma engenharia normal (desta ainda agora me rio); professora de qualquer coisa (naaa...); etc, etc. Ouvi de tudo menos o que eu me dizia a mim própria. Estudar, estudava uma coisa qualquer, e gostar, gostava de quê? Parece-me que ninguém me perguntou isso directamente. E eu, burra, lá devo ter achado que na vida não se faz (só) o que se gosta mas o que tem que ser feito e que o que tem que ser feito é "ser" alguma coisa para poder depois encaixar em alguma facção, fazer parte do clube dos que fazem isto ou aquilo. Mas nem por isso escolhi um caminho que me definisse claramente a que clã poderia pertencer. Fui do contra, fiz o que me apeteceu e o que me pareceu que me daria a visão mais abrangente da vida, vi isso como uma vantagem na altura, agora nem sei. Bem me perguntaram para que é que isto dava...
Tem a certeza que quer este curso? E só uma opção?
Óbvio, essa chega e sobra para 5 anos. A mania que toda a gente tem de me perguntar se tenho a certeza... Se digo uma coisa está dito (quase sempre), Quero cortar o cabelo pequenino, Tem a certeza?!; Queria entregar a minha candidatura, Tem a certeza que é isto que quer?! Se calhar falo com pouca convicção, tenho que melhorar este ponto.
Ia na história do gostar, não era? Eu gostava de desporto e de desenhar, basicamente era isto (é claro que gosto doutras coisas, dormir, comer, sei lá). Tinha o bichinho da ginástica, de ser treinadora, daquele ambiente. Mas também de ter montes de tralha de desenho à minha volta, de sujar as mãos, a roupa, o chão, o papel, eventualmente a cara e o cabelo com tinta para chegar ao fim e achar que aquilo estava uma grande porcaria (e estava) . Mas isto não é vida para ninguém tinha eu impressão que me diziam. Disto podia fazer hobbies e ter uma profissão "a sério".
Invejo poucas coisas mas uma são as pessoas que não trabalham todos dias; aquelas que fazem o que gostam todos os dias mesmo que isso seja visto como trabalho por outros. Eu, fazer, acho que faço qualquer coisa, desde tartes de maçã, dar explicações de matemática ou doutras coisas mais feias, limpar jardins, I&D, soldar ou apanhar fruta.
E gostar? Ainda estou para descobrir.

3 comentários:

Dorushka disse...

Já somos duas! É que é mesmo isto que eu sinto: fazer, faço muita coisa, mas gostar, ainda estou por descobrir! Parece que me leu o pensamneto...

Pulha Garcia disse...

Eu por mim estou arrependido de ter tirado o curso qu e tirei. Mas a vida é isso mesmo. Reagir às decisões erradas.

eu... disse...

Nem a propósito, ontem o meu cabeleireiro, um rapaz da minha idade, dizia-me que tinha feito 3 anos de Psicologia e que tinha desistido para ser cabeleireiro. Que era aquilo que ele na verdade gostava, que aquilo não era trabalho mas prazer para ele.

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