segunda-feira, dezembro 14, 2009

Hoje

Hoje, é um daqueles dias perfeitos. Dormi lindamente, acordei de maneira espontânea, o céu está azul, está sol e frio.

Apetece pegar na bicicleta, calçar as luvas, pôr o gorro e o cachecol e pedalar toda a manhã; mas aqui é difícil, ou então sou eu que acho tudo difícil. Apetece calçar as botas e ir caminhar para um parque qualquer, apanhar folhas, castanhas e caçar girinos com um coador de chá como quando saíamos em passeio com a escola quando era garota; trazia as ditas castanhas toda orgulhosa para casa mas afinal, dizia a minha mãe, não eram castanhas, que desilusão, pelo menos podiam-me ter dito que eram. Os girinos ficavam na escola, para os vermos crescer, para acreditarmos que aquilo se transformava mesmo em sapo, a sorte é que no meu tempo já não se dissecavam; blheuc, que nojo... Bom, pelo menos também não lhes dávamos beijos, o que seria ainda mais nojento, é mais fácil acreditar que aquilo é só um sapo e que nunca há-de ser um príncipe, até para as crianças. As folhas, essas, eram fixadas em cartazes que ficavam nas paredes; é engraçado como nunca perdi essa mania, de apanhar folhas secas do chão em tudo quanto é jardim, colá-las em cadernos e escrever de onde vieram, pedras também apanho e peço que mas tragam de viagens, tenho uma do Japão por exemplo, acho engraçado; pronto, se calhar é um bocado parvo mas não faz mal, dou mais valor a isto do que a uma recordação inútil. Não sei se a garotada ainda faz destas coisas hoje em dia, talvez não, também não foi assim há tanto tempo, pode ser que ainda façam.

Hoje não calçei as botas, nem luvas nem gorro, só enrolei o cachecol ao pescoço e fiz metade do meu caminho a pé. Não pela terra mas pela calçada, que na cidade deve ser mais ou menos equivalente. Não apanhei folhas, pedras, castanhas nem girinos; apanhei o autocarro. Não fui para o parque, vim para o trabalho.

Afinal, hoje é só um daqueles dias quase perfeitos.

I.

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