domingo, janeiro 24, 2010

Os pés

Eu não sei bem quem tu és
Sei que gosto dos teus pés...

Anda na boca de toda a gente e se não anda, devia andar. A música é linda, se calhar por ser tão simples e soar um pouco a pateta ou a genuína o que, ao fim e ao cabo, vai dar ao mesmo.
Para além de ficar no ouvido, se calhar, nem me teria chamado tanto a atenção não fosse haver uma coisa muito estúpida que me faz sorrir de cada vez que ouço o que está ali escrito em cima, em particular o gosto dos teus pés. Isso e terem-me perguntado há uns dias se não me derreteria se alguém me dissesse isto. A mim parece-me que não só me derretia como me evaporava porque, se fosse dito como tudo deve ser dito, com significado, isso seria a prova que eu ando enganada há muito tempo.
Já olhei tantas vezes para os meus pés para ver se lhes encontro o grande defeito que nunca lhes vi mas que, repetidamente, uma pessoa lhes apontou. Até são bonitinhos, normais, têm os dedos todos, direitos, perfeitos, têm aquela curva que é suposto terem para não serem aborrecidos, um calcanhar redondo, liso; não sei o que lhes falta ou o que têm a mais. Não percebo porque é que mereceram a conotação de feios, porque é que tantas vez ouvi que não gosto dos teus pés. E a pessoa até devia saber bem quem eu era, se calhar era por isso.
Se um dia encontrar o Jorge Palma na rua acho que vou falar com ele, dizer-lhe obrigada. Agradecer-lhe por me fazer ver que ainda há esperança relativamente aos meus pés. Às tantas, até lhe conto esta história ridícula. E se me achar doidinha não faz mal, ele não me conhece de lado nenhum.

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