quarta-feira, janeiro 06, 2010

Os sabores

Pensava que o Everest era nos Himalaias lá no Nepal ou no Tibete ou entre os dois, afinal não, é ali numa rua que sobe do largo de S. Domingos para qualquer lado. Pensava que já tinha identificado todos os sabores a evitar, afinal não, há o cardamomo; que presunção a minha achar que já tinha provado tudo o que há no mundo de mais horrível. Há também o salsifi, seguido de perto pelo sauerkraut; todos me causam a mesma sensação que não vou descrever por respeito por quem vier a ler isto. Eu penso demasiado, está visto.
A dita semente, porque é simplesmente disso que se trata, ia disfarçada no molho cor de lava que envolvia o pedaço de frango, dizia o menu que era frango e de facto parecia, não desconfiei de nada. Quando a vi com a língua pareceu-me completamente inofensiva, tal qual um qualquer caroço de laranja ou de limão, aparentemente mole e provavelmente insípida. Insípida, que ingénua... Esqueci-me que estava onde estava, baixei a guarda, e trinquei. Ó maldição. Ó sei lá... As minhas entranhas chegaram ao topo do (meu) mundo. Assim de repente voltei a ter 6 anos, estava de novo sentada à mesa daquela cantina e a auxiliar tinha acabado de me enfiar pela goela uma garfada de chucrute, até o nome sabe mal. Não vou descrever o que aconteceu na altura, é demasiado mau, mas esse dia ficou-me na memória assim como o sabor da dita couve e a nota mental de nunca mais pôr tal coisa na boca. Ontem à noite só não aconteceu o mesmo porque já não tenho 6 anos. Só por isso. Fiz-me de forte e bebi até afogar a naúsea.

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