sábado, janeiro 02, 2010

Hoje

A intenção era boa. Mas toda a gente sabe o que é feito das boas intenções, comigo não é excepção, a maior parte delas vai parar ao inferno seja lá onde isso for. Não se desperdiçou tudo, sempre saí de casa, tinha mesmo que ser depois de ter passado o dia de ontem enfiada em casa, já me estava a fazer falta o ar puro da rua. Imagino os olhos de alguns a revirarem-se, que desgraça de rapariga, não liga à passagem de ano nem ao carnaval, passa o primeiro dia do ano entregue à gula e à preguiça (o que equivale a uma grande, mas mesmo grande, asneira) e ainda se gaba disso. Não sou uma desgraça, sou eu, sou assim, ligo ao que acho que devo ligar.
Devo ter mudado de roupa umas 4 vezes antes de sair de casa, a ideia era ir caminhar para o meio do verde, acontece que entretanto começou a chover, lá se foi a tal boa intenção e lá activei o plano B: ir dar uma volta ao sítio do costume e aproveitar para tomar o primeiro café do ano. Se bem o pensei, melhor o fiz, queimei logo a língua e brindei as pessoas à minha volta com uma careta; ainda bem que o tipo giro que estava ao balcão quando cheguei já tinha ido embora, foi menos uma figura triste. A sensação de língua queimada é mesmo má, fica-se com ela na boca durante muito tempo, tira o paladar, parece que se fica com um implante de lixa no sítio. Entrei na Fnac a pensar nisto ao mesmo tempo que ia sendo empurrada mais vezes do que aquelas que gosto, parece que toda a gente engordou, não percebo. É engraçado, ou não, como faço sempre o mesmo percurso naquela livraria; olho para as novidades à entrada, desço a escada rolante, espreito a literatura traduzida à minha direita, dou a volta aos escaparates em frente à escada, passo ao lado da BD, espreito, vou lá ao fundo à estante de Arte, demoro-me o tempo que me apetecer e por fim volto para trás pela arquitectura. Pode ser previsível mas eu gosto assim.
Hoje, não sei porquê, havia imensas crianças vestidas de igual na rua, irmãos está bom de ver, faz-me lembrar de quando era pequena e a minha mãe tinha a infeliz ideia de combinar a minha roupa com a do meu irmão. Na Fnac apanhei dois miúdos assim quando já estava na fase do volta atrás, o mais pequeno devia ter uns 4 anos, não mais do que isso, estava deitado de barriga no chão e tentava explicar ao pai, que estava a folhear um livro, porque é que o Obélix era muito forte e muito gordo, porque caíu dentro da poção quando era pequeno e depois ficou assim muito forte e muito gordo, sabias? Apeteceu-me perguntar-lhe se também tinha sido nessa altura que lhe tinha crescido o bigode mas o pai era capaz de não achar muita piada, isto se ele desse conta que eu estava a falar para o garoto, ri-me para mim e chegou. É engraçado dar a volta aos miúdos mas na quarta houve um, por sinal lindo de morrer, que chegou para mim.
Sou amiga da S., vim ter com ela e fico para jantar a menos que tu te importes. Se não quiseres que eu fique, vou embora (digo eu a sorrir para ele). Posso ficar? (sou muito burra, a resposta era mais que óbvia)
Não...

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