terça-feira, janeiro 12, 2010

Toma Karl, embrulha

O senhor Kaiser, que há uns aninhos perdeu 200 kilos, diz que ninguém quer ver meninas redondas, ou gordas tout court. Ele (ainda) não deve gostar dele próprio, como o compreendo, mas daí a cuspir em cima dos outros, neste caso, das outras, porque é de mulheres que se trata, não.
Não, não fiquei tolinha da cabeça nem vou dizer que a indústria da moda, as revistas, as modelos e toda a corja em volta delas é que têm culpa pelas ruas da amargura em que anda a auto-estima de grande parte das mulheres e meninas deste mundo. Não sou hipócrita ao ponto de dizer que não gosto de ver mulheres bonitas e bem torneadas nas revistas, gosto. As revistas estão lá para isso, para o sonho, para o regalo dos olhos, de outro modo bastava fotografar cabides. Os desfiles de moda estão lá para isso, para o sonho, para o regalo dos olhos, de outro modo bastava ver a roupa a passar em calhas automáticas tipo as das lavandarias. Não sou tapada ao ponto de acreditar que aquilo que se vê nas fotografias é apenas fruto dos genes abençoados com que aquelas meninas nasceram, viva o photoshop, as dietas de passar fome e as lipoaspirações invasivas ou não e o restante tralala. Isso não me impede de continuar a gostar do que vejo, sei do que se trata, é para me pôr nas nuvens, para me fazer acreditar que se tivesse aquela saia talvez me transformasse na Lara Stone, ou que se comprasse aquele conjunto talvez ficasse como a Heidi; chama-se vender sonhos, aqui o sr. Chanel tem razão.
Mas, se calhar só 5% das mulheres neste mundo são magras como a Daria Werbowy e já estou a contar com as pobres raparigas internadas na "secção" dos distúrbios alimentares e com as que (sobre)vivem na Somália. As restantes são normais ou mais que normais, gordas como ele diz. Não vestem o 30, o 32, nem o 34 e se calhar também nem todas vestem o 36. Se apontarmos o 38 como a média já não estamos mal.
I, tu gostavas de vestir 36? Óbvio! Mas isso pergunta-se?
E 32? Credo, claro que não! Não tenho 11 anos...
Mas assim toda a gente já te queria ver... Quero lá saber, que não olhem.
Uma coisa é o mundo da moda outra coisa é o mundo da comum das mortais, ambos coexistem, é a vida, vamos aceitar a dura e crua realidade? Olhe lá, Sr. Lagerfeld, o que uma bela revista fez para lhe responder: Every body is beautiful. Esta deve ser a norma a partir de agora? Talvez não. E ali não há photoshop? Há pois. Então, em que ficamos afinal? Não sei, se calhar nem tanto ao mar nem tanto à terra. Nestas coisas há a tendência para responder ao 8 com o 80, também não me parece bem. Não vamos dizer que o 48 é que é bonito porque estamos revoltados com as siluetas (?) 30 que são mostradas como exemplo. No meio está a virtude, sempre ouvi dizer.

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