quinta-feira, novembro 05, 2009

As diferenças

Coisa estranha, pensava eu, umas com a cabeça toda tapada enquanto outras andam com o rabo praticamente à mostra. É isto a liberdade, a tolerância.
Brancos, amarelos manteiga, vermelhos, castanhos, pretos, sempre os vi em todo o lado. É isto a pluralidade. Não penso que têm a pele suja porque não é da mesma cor que a minha, só a inocência de uma criança que vê uma pessoa diferente pela primeira vez justifica tal ideia. Aliás esta ideia saíu mesmo da boca de uma criança...
Na rua havia chadores com fartura, burkas nunca vi, turbantes, crucifixos discretos algures de certeza, ligas de espinhos à volta das coxas debaixo da saia ou das calças improvável mas talvez, nada disto devia incomodar ninguém (será que não?) e está muito bem.
Na escola fiava mais fino. Nada. Nem lenço na cabeça, nem cruz ao pescoço (será?) ou na parede, nem Quipás (talvez no bolso), nem Menorás e também está muito bem. A escola é laica e é assim que deve ser, acho que sim. Daí o espanto do meu irmão no primeiro dia de aulas cá: "Mãe, mãe! Porque é que há um crucifixo por cima do quadro na escola? Ando numa escola de freiras?!"
No entanto, havia ementa sem carne de porco para quem não podia comer. É isto o respeito (será?). Pronto, não havia tapetes virados para Meca. Isso seria o cúmulo (ou não?).
Muitas vezes dá-se um dedo e as pessoas querem o braço todo. Muitos problemas começam assim. Não são os acolhidos que se adaptam; do ponto de vista deles são os acolhedores que se devem transformar à sua medida. Mas isso não é ser acolhido nem lutar por manter a individualidade, é querer fazer nosso o que é dos outros. É deturpar o conceito todo, é não respeitar, é não tolerar, é querer impôr, é tudo ao contrário do que devia ser. Cá também temos alguns assim. Infelizmente.

I.


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