quinta-feira, agosto 12, 2010

Ontem

O Surrealismo chegou a Portugal com 20 anos de atraso, aprendi isto ontem, deitada no sofá enquanto lutava para não adormecer. Bem, não devia estar a dar grande luta, a dor que sentia nas pernas estava claramente a ganhar-me. 
Quem me manda abrir o portátil de repente sobre o colo quando não tenho mais que uns calções curtos de pijama vestidos? É claro que, quando o tentei tirar do seu descanso, o computador me entalou com todas as suas forças e me deixou com duas dentadas ensanguentadas, uma em cada perna. O meu serão acabou por se resumir a estar estendida no sofá com dois bocadinhos de algodão ensopados em água oxigenada pousados nas coxas, a ouvir o Cruzeiro Seixas na RTP2. Cá entre nós, não me importava de ter uma serigrafia do senhor.
Sempre achei que o Surrealismo é isso mesmo: surreal, difícil de entender. Por exemplo, como é que um cachimbo não é um cachimbo se é isso mesmo que está escarrapachado na tela? Na verdade sei muito pouco sobre o estilo, só o que li acerca de quadros que encontrei em exposições e o que devoro nas livrarias quando não tenho mais nada que fazer. 
Enquanto o documentário ia decorrendo, a ignorante que sou tentava entender como é que "aquilo" se deita cá para fora, como é que o inconsciente das pessoas se manifesta assim. Como é que aquela gente o consegue representar, seja a desenhar, a pintar ou de outra maneira qualquer. Depois os meus sonhos vieram-me à ideia, aqueles disparates todos que não têm ponta por onde se lhe pegue. Espero que aquilo não seja o meu inconsciente a vir à superfície.
Quero continuar a ser normal.

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