quinta-feira, outubro 29, 2009

As fotografias

Gosto de re-fazer as coisas (vou pôr os hífens porque me apetece). Re-ler livros e revistas, re-visitar lugares e sobretudo re-ver fotografias.
Não percebo nada de como tirar uma boa fotografia, gostava de saber mas não me mói a cabeça, se as tiro são para mim, para me lembrar do que fiz, onde estive, com quem (às vezes) e para poder lá voltar quando me apetecer, não para ser a próxima Leibovitz deste mundo, então agora é que não quero mesmo.
Para nos calar, a mim e ao meu irmão, a minha mãe costumava dar-nos umas bolsas cheias de fotografias nossas que víamos e re-víamos (lá está...) à exaustão. Estão gastíssimas mas ainda existem e já me dei ao trabalho de as digitalizar para não se perderem. Também andam por lá fotografias da juventude dos meus pais, dos tempos da tropa no Ultramar, da vida do meu padrinho em África, quando ele caçava chitas e crocodilos, ninguém é perfeito mas tirando isto ele era quase. Têm formatos fora do comum para os dias de hoje, não são aquelas típicas 10x15, algumas são quadradas pequenas, polaróides quadradas, polaróides rectangulares, há um pouco de tudo mas todas têm em comum terem os cantos dobrados e as cores já desmaiadas, nada que o bendito photoshop ou coisa que o valha e muita paciência não resolvam (um dia, ou não...). A propósito, lembro-me de uma valente palmada que levei do meu pai porque gastei, com a ajuda preciosa do meu irmão (a pedra constante no meu sapato), toda a carga de papel da máquina Polaroid com fotos das paredes e das janelas; essa máquina ainda existe mas não sei se funciona, está lá perdida no sótão, há muito tempo que não a vejo nem faço ideia onde é que hoje em dia se pode comprar papel para aquilo, era miúda para procurar um dia. Há uns anos descobri as Lomo, há várias e acho-as o cúmulo da criatividade, mas nunca comprei nenhuma, não sei porquê. Uma amiga minha tem uma e aquilo dá fotos extremamente originais. Eu só tenho uma maquineta comum, digital como toda a gente deve ter por aí, nem muito boa nem muito má, serve para o que quero, vai no bolso, na carteira, na mochila até já a meti num tupperware para não apanhar banhos.
Isto do digital foi uma revolução, permite milhentas coisas mas deitou por terra muita da piada que eu achava à fotografia. Já não se espera pela revelação e até se apagam as que ficam tremidas quando toda a gente sabe que os erros é que são bonitos... Cada vez menos passo os momentos que guardo para o papel, fica tudo no raio do computador, aquela coisa física de agarrar nas fotos está-se a perder e é uma pena. De qualquer maneira só as velhas é que têm piada e estas só o vão ser daqui a muitos anos.

I.

4 comentários:

S. C. R. disse...

E eu que o diga.
Tenho 9000 e tal tiradas com a maquina antiga. E sabes quantas mandei revelar? Zero! nenhuma!
Mas adoro fotos em molduras! Momentos especiais, sorrisos cúmplices espalhados pela sala, ou na mesa de cabeceira!
Mas com esta nova aquisição, vou tentar contrariar esta nova realidade!
Porque sentar a ver fotos, é sempre uma alegria!

Beijo Grande

P.S. quem sabe um dia surja um workshop que nos dê umas dicas porreiras, para captarmos melhores momentos ainda!

eu... disse...

Eu sei onde há workshops :) Se estiveres interessada...

Miguel F. Carvalho disse...

mas poupa-se muito dinheiro!!!

e não apanhas aquela desilusão de tirar a foto naquilo sítio espectacular e que depois vais a ver e ficaste de olhos fechados com a boca de lado... lol

eu... disse...

Lá está, já não há desculpas para não se ser fotogénico. Não gosto.

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