segunda-feira, outubro 12, 2009

E se...

... de repente ficasse desempregada?
Às vezes dá-me para pensar nestas coisas mas confesso que desta vez tive uma ajuda de um programa de televisão. Bem, se isso me acontecer, não fico na mão, tenho o meu fundo de emergência. Os meus pais ensinaram-me umas coisitas e pelos vistos não estavam enganados.
Dizia a financial adviser (financial, não fashion) que, em média, passam 6 a 8 meses até que se volte a encontrar emprego (tanto? bolas…) e que, portanto, deveríamos ser capazes de nos sustentar durante essa temporada. Sustentar não quer dizer viver como até aí mas conseguir aguentar com as despesas fixas e as necessidades básicas. Dizia a senhora que, nesses tempos de vacas magras, o mínimo seria podermos contar com metade do ordenado habitual. As caras dos espectadores eram de morrer…a rir. Foi como se lhes tivessem dito que iam ter que cortar um braço. O conselho era então que se experimentasse viver durante 6 meses com apenas metade dos rendimentos habituais. Fiz umas contas de cabeça, assim por alto, e até é possível mas é impensável sair da linha. Não dá quase nem para um passo em falso, imprevistos então é melhor não… E aguentar 6 meses nisto? O “problema”, dizia ela, é que a maior parte das pessoas vive em função daquilo que ganha. Se são 1000 gastam-se 1000 (ou mais) mas se forem 5000, os 5000 (ou mais) vão à vida. É o terrível hábito chapa-ganha-chapa-gasta de que os meus queridos pais tanto falavam e falam. É verdade que as pessoas têm tendência a ajustar o seu nível de vida aos seus rendimentos actuais, eu também já o fiz (já não dou contas aos meus pais…); o problema é que muito boa gente parece pensar que, ao longo da vida, estes têm sempre tendência a subir. É um must ter uma “vida”, como muitos lhe chamam, o que não falta por aí são (falsos) burgueses a bambolear-se de Q7s e Cayennes (por pagar) para cima e para baixo e que fazem férias (por pagar) nas Maldivas, filhos em colégios xpto com 37 actividades extra-curriculares por semana et j’en passe. E se acontece alguma coisa?! Ah, logo se vê…
Quer-se-me parecer que ainda há dias ouvi vários gestores de escolas privadas a queixarem-se que o número de alunos tem vindo a decrescer (até 30% a menos), que isto assim não pode ser, que são empresas com trabalhadores que poderão ir para o desemprego, que urge criar o “cheque educação” (tipo cheque-dentista…) para que os pais possam manter os seus filhos nestas instituições. Não, não sonhei, ouvi mesmo isto no telejornal. Atenção que não tenho absolutamente nada contra ter um Q7, um Bentley, um condomínio na Quinta Blablabla, não tenho nada contra escolas privadas, viagens, até acho muito bem (a sério). Sei muito bem que, a menos que me saia o Euromilhões ou que viva até aos 113 anos a pão e água debaixo da ponte, muito dificilmente conseguirei pagar uma casa ou coisa que o valha a pronto, viva o crédito para todos! Estou claramente a exagerar com estes exemplos, o problema situar-se-á mais pela classe média que já ninguém sabe qual é.
Cada um vive como quer mas o reverso é que cada um é também responsável pelos seus actos e se irá deitar na cama que fizer. Juro, esta do cheque-educação (mas só para estabelecimentos privados!) foi muito, mas muito, boa. A quem tem vergonha de pedir ajuda (alimentar e outra) é agora garantido anonimato. Estamos falidos, mas se ninguém souber é menos mal. Tenham dó... É isso e comerciantes, ou afins, que ficam sem nada devido a uma catástrofe, não têm seguro e vêm exigir ajuda do estado. Muito bom, vamos todos fazer o mesmo!
Enfim, isto tudo para dizer que para o mês que vem vou experimentar o conceito live on half , vou-me divertir.

I.

2 comentários:

Alexandre disse...

O tempo de espera está correcto... e sim é possível.

eu... disse...

Quando acontece sem estarmos à espera e não temos rede de segurança é um problema...

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