terça-feira, outubro 20, 2009

Lá estás tu…

Neste país (eu vivo neste, quero lá saber dos outros), quer-se-me parecer que uma grande parte da população é daltónica. E analfabeta funcional. Ah, e também profundamente umbiguista (passa a existir esta palavra).
Este daltonismo é especial de corrida, não é aquele que geneticamente só se manifesta nos homens. Este ataca homens e mulheres. As crianças normalmente não nascem assim mas à medida que crescem também são afectadas porque se sobrepõe aos ensinamentos de que são alvo nas escolas. É uma doença muito triste… Parece que só incapacita as pessoas de distinguir o verde e o vermelho o que é um problema na sociedade de hoje em dia. Tudo o que implica o uso destas duas cores fica seriamente comprometido, por exemplo os semáforos, alguns sinais de trânsito, as bandeiras da praia, por aí fora… Uma coisa engraçada é que os pobres coitados que têm o azar de discernir estas cores é que são vistos como totós pelos outros. Senão vejamos o que é que uma pessoa pensa quando vê que um tipo não atravessa a passadeira e que não vem lá carro nenhum? É um palerma. Sou uma pessoa cheia de pressa, eu. Tenho lá que estar a olhar para cores; se fôr atropelado por um carro ou uma bicicleta (como eu...) a culpa não é minha!
Em relação ao analfabetismo funcional não estou a falar de nada de novo. A maior parte é e está tudo dito. Torna, entre outros, as pessoas incapazes de entender o significado de expressões básicas. “Fila única”, “Espere pela sua vez”, “Silêncio”, “Não fumadores”, “Passeio pedonal”, podia estar aqui eternamente. “Fila única” e “Silêncio” então deviam ser considerados case study. É que nem com bonecos a coisa vai lá… É só pensar nas salas de espera transformadas em feiras da ladra. Para quem está (mesmo) doente é do melhor.
O umbiguismo creio que já é mais um produto de (falta de) educação ou da tendência que temos para a imitação de tudo o que não deve ser imitado, não sei. Eu primeiro, em segundo Eu, depois Eu e a seguir logo se vê. Facilitar a vida a alguém? Para quê se eu estou bem? Desvio-me dezenas de vezes por dia do passeio para a estrada porque há chicos-espertos que se esquecem que aquilo é para os peões. O metro é dos melhores sítios para observar este fenómeno. Hora de ponta: tudo para as escadas rolantes. Fico na direita se quero ir na sorna e uso a esquerda se quero ir a andar, lógico para toda a gente? Ainda não… Nunca, mas nunca, peçam licença para passar, é altamente ofensivo para o idiota que está a bloquear o caminho. Eu desculpo se fôr um(a) velhinho(a) de bengala mas já estive em países em que nem esses escapam à convenção. Outro: mal a carruagem pára, as pessoas que querem entrar atropelam os que querem sair. Primeiro eu, primeiro eu, que isto vai embora sem mim! Mais: chega-se a uma estação movimentada, tudo se dirige para as escadas para sair. E os que querem descer para apanhar o transporte? Ou saltam por cima tipo concerto de banda rock ou esperam pelo próximo porque uma corridinha é completamente impossível devido à manada de mamutes que vem a subir. Ou se sobe ou se desce, dois sentidos é gestão a mais para esta gente. Desde que eu saia, os outros que esperem!

Pois, tem que começar por algum lado, que tal por nós próprios? Certas coisas aprendi às minhas custas (nem vou dizer como…).

1 comentários:

Pedro Bom disse...

A sociedade em si está cada vez pior e manifesta-se em maior escala nas grandes cidades!!

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