quarta-feira, outubro 28, 2009

En vrac, porque tem que sair cá pra fora

Chefinho, se soubesses o quão produtiva tenho sido, despedias-me. Mas não, acabas de me dizer que ficas contente de ver que continuo entusiasmada com tudo aquilo em que me meto, sou muito boa a fingir eu, isso ou andas completamente a leste. Então sacas o coelho de sempre da cartola ou atiras com a lebre mecânica para a frente, como queiras, assim para ver se eu corro como aqueles cães escanzelados, e perguntas-me qual a minha disponibilidade para voltar a ir para fora. Já estou um bocado farta desta conversa, já só me soa a cenoura atada a um fio e eu não sou nenhum cavalo, ou burro. Ando cansada de correr, se calhar é porque estou a perder o gosto, mais um, perdem-se uns, ganham-se outros, a vida é assim, que chavão mais foleiro (quem é que ainda diz foleiro hoje em dia). A culpa é tua também, porque é que não pões as cartas todas na mesa e me perguntas se quero ou não jogar com as tuas regras? Só assim sei com o que conto. é que parece que não mas tenho vida e até nem é muito má, vá, podia ser pior mesmo se há dias em que acho que é uma grande trampa.
Nunca pensei que fosse ser isto que sou, profissionalmente digo, sempre achei que ia fazer outra coisa qualquer, as possibilidades eram (são?) tantas afinal mas parece que bem razão tinham os que me perguntavam para que é que isto dava. Não tinham nada razão, não me posso queixar que isto até dá para muita coisa, eu é que me acomodei a este sítio e a esta área de que não gosto assim tanto e chego agora à conclusão que não vale a pena fazer uma coisa de que só se gosta mais ou menos. No início gostava mais, pelo meio tenho vindo a gostar menos por isso acho que agora só gosto mais ou menos e isso, claramente, já não chega ou então sou eu que sou uma eterna insatisfeita com o que tenho e com o que faço e tenho mas é que relativizar as coisas e ser mais indulgente em relação a mim própria. Quando acho que não estou a ser produtiva se calhar sou tão produtiva quanto os outros, eu é que tenho a mania de dar 430%, sem falsas modéstias, tanto que até chego a sonhar com a treta do trabalho e a resolver alguns problemas durante a noite, por acaso gostava de saber o que o Freud pensa sobre isto, pena não termos sido contemporâneos. Tenho que me deixar disso, aliás tenho-me vindo a deixar disso e por isso acho que não ando a fazer nenhum quando se calhar faço o normal. Faz-me lembrar a M. que passa(va) a vida a dizer que é uma fraude, que não sabe nada, quando hoje está prestes a ir para um centro privilegiado de investigação que não vou dizer qual é mas que é um grande círculo que atravessa a França e a Suíça. Sim, sei que me lês ó miúda, e és tão fraude quanto eu, ou seja, não és nada. É que os verdadeiros medíocres nunca se acham maus.

I.

0 comentários:

Blogger templates